Conquistada pelo dinamismo da TI
Uma dúvida entre seguir a carreira de Economia ou Tecnologia, por influência do pai que cursou as duas faculdades, levou Samantha, Diretora de Tecnologia do Aché, um dos maiores laboratórios farmacêuticos do País, a começar fazendo os dois cursos e por fim optar pela Tecnologia por conta do dinamismo, como ela mesma diz. Samantha conta que se apaixonou por tecnologia desde o começo, principalmente pela parte de resolução de problemas. “Adorei e isso me fascina até hoje.”
Começou trabalhando em uma consultoria na área de automação industrial, a Medusa, com experiências na Souza Cruz, Brahma, White Martins e Natura, entre outras. “Conhecer o negócio por dentro e ter um problema para resolver sempre me instigou a encontrar o melhor caminho. Com isso, desde muito cedo me conectei ao negócio por meio da tecnologia.” Samantha conta que sempre foi muito mais para o lado que tinha conexão com as pessoas, seus problemas e o desafio de encontrar soluções. Na DBA, que começava a se especializar em SAP, foi uma das primeiras consultoras do ERP SAP e teve a oportunidade de fazer o curso na sede da SAP, na Alemanha, implementou o software dentro da própria consultoria e ajudou a formar o time que iria trabalhar com o sistema na empresa.
Em 2000 mudou-se do Rio para São Paulo a convite de sua ex-diretora na Medusa para trabalhar na EletroPaulo, que acabava de ser privatizada passando a chamar-se AES. “Tive a oportunidade de sentar do outro lado da mesa, como cliente, e o departamento que quando cheguei tinha 150 pessoas foi reduzido a oito. Todas as áreas centralizadas foram descontinuadas e terceirizadas e tive a oportunidade conversar com parceiros, discutir contratos, SLA… e aprender a fazer a gestão ao invés da execução”, conta Samantha. Veio a princípio para ficar dois anos e acabou ficando, somente na empresa, um total de sete e continua na capital paulista até hoje.
“Foi uma oportunidade de ouro porque eu estava em início de carreira e ali fui promovida e assumi meu primeiro cargo de liderança na área de soluções comerciais.” Ela destaca como seu principal projeto na empresa a montagem dos canais de atendimento. E conta que, na época, a Eletropaulo tinha vários pontos de contato com o cliente, como agências e call center, mas ainda não possuía site nem nada muito automatizado e o índice de satisfação dos clientes da companhia era muito baixo. Fizeram a opção pelo SAP para billing e para CRM.
O projeto global de SAP na AES acabou sendo capitaneado pelo Brasil e a Ucrânia e voltado a 30 países diferentes. “Assumi a coordenação da área de TI e o projeto parecia uma ONU, tinha pessoas do mundo inteiro falando línguas as mais diferentes com dezenas de tradutores participando das reuniões.” Ela conta que foi um desafio enorme, lembrando que é uma área elétrica é muito regulamentada, mas afirma que foi também uma super experiência de carreira. “E eu entreguei junto com o nascimento do meu primeiro filho. Foram dois “go lives” juntos.” Na volta da licença maternidade, recebeu o convite para ir para a Ambev para gerenciar a área de backoffice onde, segundo Samantha, o maior desafio na época era a área de finanças, em meio a um projeto de Orçamento Base Zero.
Depois de liderar projetos de TMS e WMS, Samantha foi promovida para a área de Soluções Comerciais, Marketing e Inovação. “E foi aqui que acredito que deixei o meu maior legado para a companhia que foi a troca dos equipamentos da plataforma usada pela força de vendas em campo. Segundo Samantha, o aparelho usado além de muito grande não tinha GPS, o que não permitia saber se os vendedores de fato visitavam os pontos de venda e muitos simplesmente repetiam o pedido anterior por facilidade, o que acabava gerando devoluções. “Houve muita resistência no início mas conseguimos trocar o equipamento por celular e eles acabaram gostando e passaram a ter as informações na palma da mão. “E o resultado em termos de aumento de venda foi muito grande e o case inclusive foi apresentado em outros países de atuação da Ambev. Foi um marco”, comemora.
Em 2013, após o nascimento de sua segunda filha, Samantha foi convidada a assumir pela primeira vez o cargo de diretora, agora no Iguatemi. Ela conta que a cultura das duas empresas era muito diferente, a Ambev muito focada em resultado e o Iguatemi, apesar de já ter suas ações na Bolsa ainda mantinha uma cultura familiar e uma área de TI pequena, muito operacional, reativa, com foco em custos e desconectada do negócio. “Meu principal objetivo foi justamente criar uma área de TI que fosse mais estratégica, próxima do negócio, proativa e colaborativa e que trouxesse inovações, provocando o negócio a fazer mudanças.”
Ela destaca dois projetos desta fase, o primeiro foi o a implantação do CRM da Salesforce e diz que o principal parceiro do Iguatemi é o lojista “mas não tínhamos informação estruturada sobre ele.” E conta que sentar numa negociação era difícil porque dados como os de rentabilidade, fluxo e o crescimento dentro do grupo eram levantados manualmente. “O CRM trouxe essa possibilidade de buscar informações e obter uma visão 360º do lojista e mostrar que o objetivo era oferecer algo que seria melhor para ele.”
O segundo projeto mencionado por Samantha é o Iguatemi One, de fidelidade, voltado ao cliente final, para entender a necessidade e vontade dos clientes de cada shopping. “Antes, no final do dia as informações ficavam com os lojistas e a administração do shopping não tinha acesso.” E conta que foi um investimento grande para conhecer melhor o cliente e seus interesses, o que beneficiou também os lojistas.
“Depois de nove anos na Iguatemi , Samantha entra no Aché. “Encontrei uma área muito grande, 160 pessoas sendo metade interna e o restante terceiros dedicados ao Aché, mas era uma equipe em grande parte distante do negócio.” Ela lembra do comentário de um diretor que disse que ia para a TI com um problema e voltava com cinco. “Havia um distanciamento muito grande em relação ao negócio.” Nos primeiros meses trabalhou junto com a Ernst & Young no mapeamento dos problemas e no segundo semestre foram tomadas iniciativas como a troca dos principais parceiros. “Isso já me deu um grande ganho em termos de qualidade de serviço e de SLA com parcerias mais robustas.” Samantha fez também mudanças na liderança e na equipe. “Procurei oxigenar o time com diversidade e perfis complementares, em uma jornada para transformar a equipe de TI em um time de alta performance”, explica.
Para este ano, seus maiores desafios compreendem o roadmap de segurança da informação; infraestrutura e operações e investimentos em dados com iniciativas em IA para trabalhar com produtos em ruptura, que é a falta nas prateleiras. Samantha explica que as informações chegam de toda a rede de farmácias do País e cada produto está em uma fase diferente do processo: produção, separação, distribuidor, transporte…. E diz que o trabalho que precisava ser feito de olhar para o estoque e entender onde estava a falha era todo manual. “Agora estamos testando IA para coletar as informações de forma mais rápida para poder fazer a devolutiva e otimizar esta entrega.”
Outro foco é em CRM tanto para este olhar com relação ao lojista como para o paciente. O programa “Cuidados pela Vida” permite que os pacientes se cadastrem para acompanhar seu tratamento e também obtenham descontos para medicamentos de uso contínuo. “Desta forma, passamos a entender melhor estes pacientes e suas necessidades, inclusive no que tange à apresentação dos remédios para que seja no melhor formato. Essa interação com o paciente permite que isso aconteça. Em processo também a digitalização de toda a parte de pesquisa e desenvolvimento do laboratório, que é bastante expressiva e reconhecida”, adianta.
Este ano o Aché também está fazendo a migração do SAP ECC para o SAP S/4 HANA. É um projeto de dois anos e que impacta a maioria dos processos da empresa como produção, laboratório, qualidade, logística, transporte e todo o backoffice. Samantha explica que a nova versão é totalmente gerenciada pela SAP e a tecnologia é muito diferente e já tem IA embarcada. Com isso, ela adianta que todos os processos serão repensados com foco em melhores práticas.
Para isso, Samantha conta que foi estruturado uma equipe de projeto que conta com pessoas que já eram das áreas de negócio e de TI e outros contratados especialmente para este programa. “Além disso, a equipe conta com especialistas de PMO e com GMO. Estão todos muito energizados e motivados para criar o novo e isso é fundamental porque eles serão os grande propulsores e facilitadores desta mudança dentro da empresa, mostrando o benefício de fazer diferente”, destaca.