Desafio aceito
De um curso de datilografia onde havia um microcomputador, que era uma espécie de “corpo estranho” nos idos dos anos 1990, nasceu o interesse de Luiz Cruz, Superintendente de TI da Unimed – BH, pela área de tecnologia. “Fiz amizade com o dono do curso e ficava perguntando como aquele equipamento diferente funcionava.” Este foi o primeiro passo rumo ao curso técnico de processamento de dados, onde tudo de fato começou.
Com pouco mais de 20 anos, Luiz passou em um processo seletivo da Telemig, a então operadora de telefonia celular de Minas Gerais mais tarde absorvida pela Vivo, onde entrou como Analista de TI cuidando da operação de conferência de backup e acompanhamento de alertas dos servidores para acionar os responsáveis para resolverem os problemas. Ele conta que aquele ambiente o fez tomar gosto pela área e naquela ocasião recebeu um convite de um grande grupo, Ferroeste.
Na Ferroeste, fundado na década de 1960 e com atuação na produção de aço, ferro-gusa, álcool, gases do ar e cimento, além de pecuária e imobiliária, Luiz permaneceu pelos seis anos seguintes e foi responsável pela estruturação da área de TI, até então praticamente inexistente. Coordenou a montagem do então Centro de Processamento de Dados da organização e assumiu a gerência da área o que, segundo ele, o fez conhecer um pouco de cada segmento de TI: infraestrutura, banco de dados e segurança foram os primeiros. “Na época a governança de TI ainda não era difundida.”
A experiência em infraestrutura o levou ao cargo de especialista na Construtora Santa Bárbara e depois ao Laboratório Hermes Pardini, grupo muito conhecido em Minas Gerais que em 2023 foi incorporado pelo Laboratório Fleury. Luiz conta que no Hermes Pardini foi chamado pelo seu então chefe que lhe propôs um desafio: um projeto de migração do datacenter para o qual, pelo risco envolvido em termos de continuidade do negócio, estava tendo dificuldade em encontrar um profissional que aceitasse a tarefa. “E mesmo ciente do risco, eu aceitei”, conta.
A migração envolvia em torno de 700 servidores e um laboratório cujas atividades simplesmente não poderiam parar. O projeto de oito meses, iniciado em 2011, foi desenvolvido para o go live acontecer entre a sexta-feira pré-carnaval e a quarta-feira de cinzas do ano seguinte, período de menor movimento de exames. “Fiquei 36 horas sem dormir”, lembra Luiz, mas acrescenta, triunfante: “na segunda-feira, dois dias antes do prazo previsto, a migração estava concluída sem qualquer prejuízo para o funcionamento do laboratório.” Como resultado, Luiz virou o coordenador de infraestrutura do grupo.
Anos mais tarde, em 2015, o próprio diretor de TI do Hermes Pardini, aquele do desafio da migração, o convidou a ir trabalhar com ele na Oncoclínicas, grupo especializado na área de oncologia, onde entrou como Gerente de TI e logo após ocupou por 1 ano a diretoria interinamente com a saída do seu Diretor Executivo. Depois de anos na área médica, Luiz pensou em novos setores e assumiu a direção de TI e Inovação da Patrus Transportes, transportadora com atuação no business-to-business e no business-to-consumer.
Ele diz que o cenário era promissor, o ambiente da empresa já estava 100% na nuvem mas a direção se queixava dos custos envolvidos nesta operação. “Fizemos uma análise de processos e uso das máquinas e por meio de uma grande otimização conseguimos reduzir em mais de 35% os valores gastos.” Sob a batuta de Luiz, a TI desenvolveu um super app que, segundo ele, veio facilitar, e muito, a vida dos motoristas desde o cadastramento para o transporte da carga até a conclusão do trabalho de entrega.
Em 2022, um novo convite o faz retornar não só à área da Saúde mas ao próprio Laboratório Hermes Pardini, desta vez como Gerente Executivo de TI, Digital e Inovação. Cerca de um ano depois, com a compra do laboratório pelo Grupo Fleury e a mudança da direção da empresa para São Paulo, o que não estava em seus planos, Luiz aceita a proposta da Unimed-BH com o desafio de fazer da TI uma área mais estratégica, inovadora, mais próxima do negócio e com maior visibilidade dentro da própria empresa, além de trabalhar para uma maior estabilização dos sistemas. “A queixa era de uma instabilidade sistêmica e de projetos de TI longos e distantes da estratégia do negócio”, diz.
A Unimed-BH é uma cooperativa formada por 5,1 mil médicos, mais de 5 mil colaboradores e além dos quatro hospitais próprios (o quinto está em construção em Contagem e o sexto será implantado em Nova Lima, ambos na região metropolitana de Belo Horizonte) tem parcerias com dezenas de instituições de Saúde entre hospitais, laboratórios e consultórios para atender mais de 1,5 milhão de clientes. Para gerenciar este complexo, a TI da Unimed – BH possui 250 funcionários próprios e outros 200 terceirizados.
Luiz conta que quando chegou, há pouco menos de dois anos, fez uma grande análise de processos até chegar à conclusão que faltava uma reestruturação no organograma da área e algumas mudanças no processo de governança, e este foi um dos pontos de partida. “Não existia um processo bem definido e claro na gestão de mudanças de sistemas”, lembra. Foram então estabelecidas regras que instituíam testes, homologações e alçadas de aprovações obrigatórias para qualquer novo sistema ou qualquer tipo de mudança na área. Também foram criadas as gerências de Segurança, Arquitetura e Governança e Digital. “Criamos um processo de entrada das demandas para TI e hoje a área de Governança avalia cada solicitação considerando a pertinência dentro da estratégia do negócio”, explica.
Segundo Luiz, todo este processo gerou uma aproximação com as demais áreas e a TI passou a participar de todas as reuniões estratégicas. “Isso mudou muito”, diz e acrescenta que as áreas de negócio passaram a ajudar, também, na priorização de projetos. Hoje, o principal objetivo da TI é trazer tranquilidade para o médico e uma jornada mais fácil para o cliente. Atualmente, a área trabalha em dez projetos estratégicos, entre os quais o Consultório 2030, cujos detalhes ficarão para uma próxima “Bastidores das TI”.
Luiz destaca que a área de TI da Unimed – BH é hoje referência para as Unimeds em todo o Brasil. “A inovação faz parte do DNA da Unimed-BH e a cooperativa investe em tecnologia porque sabe que isso faz a diferença para nossos públicos, sejam médicos, colaboradores, clientes ou parceiros”, conclui.