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Entrevista com Fabio de Freitas, CIO Seguradora Líder

Entrevista com Fabio de Freitas, CIO Seguradora Líder

Quem da área de TI, na época informática, já atingiu os chamados “enta” há algum tempo com certeza lembra-se do TRS-80, um computador portátil, dos primeiros a surgir no Brasil, fabricado pela empresa local Microdigital. Pois este foi o gatilho do interesse de Fabio de Freitas, CIO da Seguradora Líder, pela área. A Líder foi responsável pelo processamento de todo o seguro obrigatório até 2020 e hoje ainda administra o legado adequando sua estrutura à nova realidade e adotando tecnologias como IA em processos de negócio de ponta a ponta a partir de uma experiência em curso na própria área de TI. Conheça a história de Fabio de Freitas e seus projetos hoje à frente da TI da Líder Seguradora. Boa leitura!

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Lembra-se do TRS-80?

 

A influência de um primo engenheiro e no ensino médio de um amigo que já cursava Ciência da Computação foram definitivas para Fabio Freitas, CIO da Líder Seguradora que a partir daí resolveu fazer um curso de Basic. O primeiro contato com computador foi com o TRS-80, aquele pequeno equipamento fabricado por uma empresa brasileira, a Microdigital, e que funcionava acoplado a um gravador de fita cassete, isso mesmo, e nas fitas estavam os programas. E foi o que Fabio conta que selou sua paixão pela então informática. “Quando você vê aquela tela preta com fósforo verde e começa a escrever, começa e interação. Isso lá pelo final da década de 80, início dos 90.”

 

Nascido em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, Fabio começou sua trajetória profissional na empresa fabricante de bebidas que leva o nome da cidade, na época (1996) uma espécie de start up, como ele define. O grupo fabrica as cervejas Itaipava, Crystal, Petra, Black Princess, Cacildis, Cabaré, Lokal e Weltenburger; as vodkas Blue Spirit Ice e Nordka; os energéticos TNT Energy Drink e Magneto; o suplemento alimentar líquido TNT Sports Drink; a água mineral Petra; a tônica Petra; e o refrigerante It!.

 

Durante os dez anos nesta primeira fase no grupo Petrópolis, Fabio foi responsável por diversos projetos envolvendo o sistema de gestão, na época o Protheus, da Totvs. Em 2006 deixa o grupo e passa a atuar em uma consultoria, período em que foi criado na Petrópolis um Centro de Serviço Compartilhado para atender as duas fábricas existentes na época, em Petrópolis e Boituva, interior de São Paulo, que funcionavam como unidades completamente independentes, e a área de distribuição de bebidas que até então era terceirizada.

 

Em 2009, retorna ao grupo Petrópolis assumindo a liderança de TI e entre seus desafios estava a reinternalização da área para atender o crescimento vivido pela empresa no período, quando chegou à segunda posição no mercado. Ele destaca que em sua trajetória nunca enxergou a TI como uma área separada do negócio. “TI é negócio, negócio é TI. E essa maneira de pensar me deu uma base muito grande para assumir a liderança da área”, completa.

 

Entre os primeiros passos neste novo momento, Fabio lembra que se reuniu com as lideranças das diversas áreas de negócio para discutir os rumos do grupo, considerando o ritmo acelerado de crescimento que a empresa vivia. A decisão recaiu sobre a migração para o SAP, o que ele considera como tendo sido o maior desafio de sua carreira. “O projeto envolveu mais de 200 pessoas e cerca de 200 personalizações.” E destaca que a esta altura o número de fábricas já havia aumentado para sete. Neste momento acontece também a inclusão das distribuidoras/revendedoras, área que antes era gerenciada por uma empresa parceira e que foi internalizada pelo grupo, elevando o total de unidades a ser atendido para mais de 170.

 

Das lições advindas deste projeto, Fabio destaca que o escopo geral e técnico era muito grande o que tornou todo o processo bastante complicado. Além das unidades fabris, incluiu toda a parte de distribuição e ainda uma indústria de plástico que produzia mesas, cadeiras e filme para embalagem de latas e garrafas, num total de 20 mil funcionários em atividades bastante diversas, envolvendo as áreas de planejamento estratégico, logística, BI, datawarehouse, RH …. entre outras. “Acho que não faria novamente um projeto deste porte em uma única vez”, reflete.

 

No segmento de bebidas, seu próximo passo foi como responsável pela área de projetos de infraestrutura de TI da Brasil Kirin, fruto da aquisição da brasileira Schincariol pela japonesa Kirin. Desta época, ele destaca a reorganização da malha de distribuidores da empresa que possuía 12 fábricas e cerca de 170 distribuidores/revendas. E lembra que a queda de rentabilidade vivida então requeria uma redução de custos que deveria ser obtida via logística e por meio de uma grande reforma dos armazéns de distribuição. Neste momento, Fabio destaca que o planejamento das compras de TI considerando as duas iniciativas levou a uma redução de 30% do custo das aquisições e 16% do custo total do processo.

 

Ainda na Kirin, Fabio destaca também o estudo feito para migração do datacenter, que funcionava dentro da fábrica, para cloud. “Foi um dos projetos de cloud mais consistentes realizados até então, mas pouco depois a empresa foi adquirida pela Heineken e acabou não se realizando”, explica.

 

Ao chegar na Seguradora Líder como gerente de sistemas, Fabio conta que seu grande desafio foi a modernização das aplicações a partir da adaptação de sua experiência consolidada nas áreas de indústria/varejo para uma área bastante distinta e muito regulamentada. No caso da Líder, até 2020 responsável pelo seguro obrigatório, Fabio lembra que o volume de transações era muito grande, mais de 80 milhões de apólices emitidas por ano e mais de 600 mil sinistros processados anualmente, além da interação com todos os bancos, todas as unidades de poder, os Detrans, Denatran…, muitos destes órgãos, segundo ele, com uma TI ainda muito arcaica. “A própria TI da seguradora era absolutamente técnica e reativa e o objetivo na época foi justamente integrá-la ao negócio.” E completa: “era uma empresa privada com cultura de empresa estatal, muito diferente daquelas por onde eu havia passado.”

 

Para Fabio, criar uma nova cultura em si já foi algo bastante desafiador e era importante que os profissionais da área enxergassem o potencial e o alcance do trabalho que realizavam, que envolvia não apenas motoristas, mas também vítimas de acidentes. “Além do objetivo de transformar a TI em um centro de lucro e não mais um centro de custos”, destaca. Junto a isso, em 2021, quando assume a parte de Operações, aconteceu a dissolução do consórcio responsável pelo processamento do seguro obrigatório. Hoje a companhia opera apenas o legado desta iniciativa, num processo chamado de “desconstrução digital”, que modernizou a arquitetura de sistemas passando a utilizar microsserviços e APIs, resultando na desmobilização do mainframe, “um passo importante para essa nova fase da empresa”, afirma.

 

Atualmente, a partir da estruturação proposta pela TI de operar por meio de grupos de trabalho para cada processo-core, a companhia está reduzindo e adequando sua infraestrutura à nova realidade. Entre os projetos em andamento, a criação de um portal antifraude que experimenta o uso de IA para análise de documentos. Nas próximas etapas, a inteligência artificial passa a ser usada no processo de desenvolvimento ponta a ponta e a própria TI está sendo a área teste para que no segundo semestre a evolução deste projeto leve à entrega de valor às áreas de negócio.

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