O “menino da Informática”
A primeira experiência prática na área de TI foi, ainda nos tempos da faculdade, foi no estágio na Prefeitura de Santos, onde morava, com programas como Wordstar e Lotus 1-2-3. Lá ficou conhecido como “o menino da informática”. Em 1992, passou no concurso e foi estagiar na TI da Ultrafértil, indústria química que na época era estatal e em 1993, com o plano de privatização do governo federal, se transformou na Fosfertil, onde acabou contratado e em 2007 passou a liderar a área como Head de TI. Lá viveu o processo de downsizing da empresa e participou da implantação da primeira conexão com a internet; da implementação do e-mail, o Lotus Notes, e do SAP nos preparativos para o Bug do Milênio. “Foi uma operação de guerra, mas foi fantástico!”, diz ele.
Ao assumir como Head, Daniel diz que o maior desafio foi o de trazer maior eficiência operacional para os negócios da Fosfertil. Entre os projetos destaca o “e-hora Marcada”, que focou na logística dos caminhões para carregamento dos produtos da fábrica. “Foi um projeto que trouxe um bom resultado para a empresa com a preparação do produto para a logística programada.” Em uma nova unidade da empresa na cidade de Uberaba, Minas Gerais, criada a partir de consórcio firmado com a Camargo Corrêa e a Promon Engenharia, coube à TI garantir que o sistema de gestão cuidasse de compras, questões fiscais e outros processos para que estes ocorressem dentro da governança da companhia. Na mesma unidade foi implementado o sistema de automatização do carregamento de caminhões passando pelas etapas de check-in, espera na fila, chamada para o silo, abertura da cancela, carregamento e pesagem, até a liberação do caminhão para emissão da nota fiscal.
Em 2010, no que chamou de uma grande virada de sua carreira, a Vale adquire os ativos da Fertifos, holding que reunia diversos ativos de fertilizantes da Bunge, entre elas a Fosfertil, criando então a Vale Fertilizantes e Daniel é escolhido como líder de TI da nova companhia, incluindo uma unidade fora do país, no Peru, e um novo projeto na Argentina. A partir daí o que aconteceu foi o que Daniel chamou de uma grande escola com a fusão de equipes, sistemas, conexão das infraestruturas, governança …. em um trabalho concluído em nove meses, “tempo considerado recorde. Em outubro daquele ano emitimos a primeira nota fiscal da nova Vale Fertilizantes.”
Em meio a este processo, Daniel destaca aquisições e fusões, entre as quais a de uma mina de potássio subterrânea localizada em Sergipe, a 700 metros de profundidade, que foi anexada à companhia e onde o sistema de gestão foi transferido para o SAP que já era usado nas demais empresas do grupo. Outro destaque na avaliação do executivo foi a revisão completa de toda a cadeia logística da companhia. “Revisitamos todas as etapas, desde os insumos até a entrega, passando pela área de portos – Paranaguá e Santos – e implantamos ferramentas para otimizar o processo como um todo.” E mencionou ainda a implementação de IoT na Mina de Catalão, em Goiás, onde a comunicação era analógica até então. Ele conta que embarcaram tablets nos caminhões gigantescos que transportavam rocha fosfática e os motoristas passaram a receber informações sobre onde descarregar, qual a britagem etc… “Foi uma transformação digital que trouxe muita eficiência para aquela mina”, afirma.
Anos mais tarde, em 2018, a Vale toma a decisão de vender sua empresa de fertilizantes para a Yara e Mosaic, quando Daniel fica então responsável por fazer de uma empresa, duas, separando os respectivos sistemas de gestão, infraestruturas e times. Finalizado este processo, ele deixa a empresa e vai para a Eneva, que atua na área de geração de energia, com a missão de reorganizar a área de TI. A primeira providência foi traçar um planejamento estratégico de TI para o período de três anos com a inclusão de gestão de projetos. Ele comenta que em um ano a área de TI passou a figurar com bechmark dentro da companhia na avaliação da pesquisa “Great Place to Work”. “Conseguimos elevar em todas as dimensões da área monitoradas pela pesquisa, como engajamento, orgulho, entre outras”, comemora.
Segundo Daniel, antes desta iniciativa havia muitos problemas com relação à TI por parte de áreas como a Geologia, um dos departamentos core da empresa, e que tinha muitas queixas e reivindicava uma TI específica para atendê-los. Ele conta que se aproximou da área, conversou com os geólogos sobre os problemas e a partir de um estudo profundo e entendimentos com fornecedores realizou a troca da infraestrutura e a atualização do programa, procedimentos que levaram à redução dos incidentes em 40%. Ainda na Geologia, em conjunto com a PUC do Rio de Janeiro, a TI da Eneva desenvolveu um projeto de machine learning para identificação de gás onshore que acabou por se transformar em um produto registrado no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e aprovado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo).
Outro projeto destacado por Daniel na empresa foi a criação da Unidade Móvel de Conectividade, um container que continha toda a infraestrutura, sistemas e conectividade necessárias para a fase exploratória do gás em campo. Este conjunto, que antes levava três dias para ser montado, reduziu este tempo para horas e a unidade passou a ser reaproveitada pela equipe de poços em novas explorações de gás. Ainda na Eneva, a TI sob a liderança de Daniel implantou um sistema de manutenção de usinas de geração de energia a distância, gerando economia de tempo e dinheiro.
De volta a São Paulo em 2021, Daniel compõe o time da Lozinsky Consultoria, onde atuou em empresas de diversos segmentos como Educação, Serviços, Manufatura, entre outros, com ênfase na reorganização da TI para atender as necessidades do negócio com eficiência e precisão, elevando a maturidade da TI e tornando-a estratégica para o negócio.
Em 2022, Daniel chega à Copersucar, um ecossistema que conecta usinas e parceiros para a comercialização açúcar e etanol. O desafio, na ocasião, foi mais uma vez realizar a organização da TI, tendo em vista a recém criação de uma joint-venture para comercialização de Etanol. Iniciou sua atuação reorganizando o time e trouxe então a metodologia de gestão de projetos para destravar a execução, a exemplo do que havia feito na Eneva, e a partir de uma reavaliação e troca do fornecedor de infraestrutura por um novo que passou a agregar também serviços de segurança da informação conseguiu uma redução de custos de mais de 10% neste segmento.
No terminal da Copersucar em Santos, onde diariamente circulam cerca de 500 caminhões, Daniel encontrou um sério problema na comunicação resolvido por meio da implementação de links em conformidade com as determinações do Porto de Santos e implementou um sistema de automação do recebimento de caminhões tanto nas usinas cooperadas, para o carregamento, quanto nos terminais do Porto, para embarque nos navios. Implantou o SalesForce, o que, segundo ele, garantiu uma grande melhoria nos processos tanto nas usinas quanto nos clientes, que dependiam de informações obtidas através de e-mails ou chamadas telefônicas. E sob seu comando foi feita também uma reestruturação da arquitetura de dados com resultados expressivos para as áreas de inteligência de mercado e de logística, que agora conseguem tomar decisões com dados estruturados e sempre disponíveis de forma automatizada.
Mais recentemente, com o boom da IA, Daniel demonstrou inquietação para ter um case real de uso dessa nova tecnologia aplicada ao negócio. Saiu a campo nas diversas áreas da empresa e descobriu, juntamente com a área de Comunicação, a possibilidade de habilitar o Open AI conectando-o com todo conteúdo armazenado na intranet e criou um prompt onde os funcionários podem fazer perguntas esclarecendo suas dúvidas sobre os mais diversos procedimentos internos como reembolsos, compras de passagens e muitos outros. Foi criado um avatar, o CAIO – Copersucar Artificial Intelligence Operator que interage com o público interno em linguagem natural, agilizando todas as consultas de informações de forma rápida e precisa.