Essa semana, a empresa reuniu a imprensa e influencers para mostrar as novidades que o seu Centro de Desenvolvimento e Tecnologia está testando na cidade de Tatuí, no interior paulista. Entre elas, um modelo Mustang elétrico hiper conectado e totalmente em linha com o conceito de mobilidade e novos recursos digitais introduzidos na sua frota atual
A indústria automobilística é uma das mais impactadas pelas mudanças tecnológicas que a transformação digital impôs ao mundo do consumo e, consequentemente, ao dos negócios. Sendo assim, conceitos como mobilidade, inteligência artificial, conectividade, segurança digital, já fazem parte do dicionário dessa indústria há algum tempo. Nessa trilha, a Ford apresentou seu novo modelo elétrico da linha Mustang Mach-E, ainda não disponível no País mas em fase de testes no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia em Tatuí, interior do estado de São Paulo. O carro explora ao máximo conceitos bem conhecidos da indústria 4.0 como otimização, conectividade, integração, agilidade e segurança. Isso, sem perder a beleza e garantir a melhor user experience.
O carro incorporou features comuns à indústria digital, como o uso de senhas para abrir e fechar o veículo; inteligência no modelo de controle das portas laterais e traseiras. O sistema de frenagem também traz recursos de segurança automática, que buscam reduzir em até 50% os riscos de acidentes de trânsito, superando uma eventual distração do motorista. Essa é uma das fortes tendências e deve se tornar um item obrigatório no futuro. Toda a linha da Ford já possui esse recurso. O Mach-E é uma aposta da Ford em um modelo elétrico esportivo que une o design do Mustang, um ícone da indústria automobilística, com a versatilidade de um SUV.
O carro é um modelo chave na estratégia da Ford para se destacar no segmento de carros elétricos. A companhia reforçou o anúncio de investimentos globais nesse segmento da ordem de US$ 50 bilhões até 2026 e acredita que até 2030 os carros elétricos respondam pela metade de suas vendas. A meta de produção global gira em torno de 2 milhões de veículos por ano até 2026. Segundo Rogelio Golfarb, VP da Ford para América Latina, o modelo está sendo testado em Tatuí “com o objetivo de avaliar o seu comportamento na região da América do Sul e a relação com as características dos nossos consumidores”.
Elétrico, autônomo e conectado
Para o VP da Ford, embora o novo modelo elétrico Match-E ainda não esteja disponível no Brasil, é importante que ele seja testado no Centro de Desenvolvimento em Tatuí, para que a unidade se torne uma referência no futuro da mobilidade, trabalhando com os carros mais icônicos da marca. O Centro já contratou mais de 1500 especialistas na área de desenvolvimento, pesquisa e engenharia. É um espaço designado a desenvolver produtos globais visando também outros mercados.
Na estratégia da Ford, a América do Sul está focada em desenvolvimento. Para Rogelio Golfarb, Tatuí é um exemplo de como é possível desenvolver tecnologia no Brasil e exportar como um negócio. Hoje, 85% do trabalho no interior paulista está direcionado para isso. Os recursos digitais e inteligentes não estão restritos aos carros, o próprio Centro de Desenvolvimento e Testes traz uma série de diferenciais que incorporam alta tecnologia. Por exemplo, sala de análise de audições, simulador de estradas e laboratório de emissões.
Hoje, além de Tatuí, a Ford mantém centros de desenvolvimento na China, Europa, Austrália e Estados Unidos. Um dos objetivos do centro é a retenção de talentos digitais. Os testes realizados no interior paulista incluem não só as pistas mas também e principalmente laboratórios virtuais. Adquirida pela Ford nos anos 70 e inaugurada em 1978, a área era uma fazenda e hoje compreende 4,66 milhões de metros quadrados, com uma área verde de preservação ambiental, 20 km de pistas pavimentadas e 40 km de pistas off road.
Para a Ford, o futuro da mobilidade está baseado em três pilares: carros elétricos, autônomos e conectados. Para isso, o Centro está se preparando principalmente para a nova era dos veículos autônomos, entrando em uma etapa de digitalização das operações, com sensoriamento para garantir maior conexão entre as pistas e os carros e antena 5G. Questionado sobre o quanto estamos distantes de uma real utilização de carros eletrônicos no Brasil, o executivo da Ford, Rogelio Golfarb, destacou desafios como os pontos de carregamento, que ainda são caros e difíceis de viabilizar em um país com dimensões continentais. Mas, segundo ele, existe uma curva de crescimento exponencial que vai chegar ao Brasil, por aqui esse movimento está só começando, mas virão muitas coisas por aí e em pouco tempo.
*Luiza Sermoud visitou o Centro de Tatuí a convite da Ford