De acordo com relatório, a falta de visibilidade do fluxo de caixa é um dos principais motivos pela falência das empresas. A gravidade para o setor de saúde é tanta que, somente nos últimos 10 anos, mais de 2,4 mil hospitais privados fecharam as portas, extinguindo mais de 40 mil leitos
Por André Iaconelli
Não é segredo que no setor de saúde, a prioridade, em todos os momentos, é a segurança e o cuidado ao paciente. Por conta disso, os estoques das instituições deste segmento tendem a uma margem de segurança maior que nos demais, uma vez que nada pode faltar para o atendimento e a prestação de um serviço hospitalar. No entanto, insumos são caros e representam uma grande parcela dos custos de hospitais e clínicas de saúde. Neste sentido, sistemas integrados de gestão empresarial, que alinham o gerenciamento de estoque à área financeira, têm ganhado força e se tornado fortes aliados para o desenvolvimento deste setor.
Em um contexto macro, plataformas de gestão são ferramentas que transformam a produtividade de empresas em diversos setores, trazendo não apenas maior controle sobre as informações internas destas companhias, mas também mais inteligência, o que permite aos gestores atuarem com ampla assertividade e competitividade no mercado. No setor de saúde, a gestão inteligente de inventário se faz fundamental para uma instituição que busca o lucro.
Os desafios da gestão empresarial no setor de saúde
De forma geral, o dinheiro é o recurso básico de qualquer empresa, do qual todos os outros recursos dependem. A falta de visibilidade do fluxo de caixa é o principal motivo pela falência das empresas. Para se ter uma ideia da gravidade para o setor, somente nos últimos 10 anos, mais de 2,4 mil hospitais privados fecharam as portas, no Brasil.
Entre as instituições fechadas e as que surgiram neste período, mais de 40 mil leitos foram extintos, de acordo com dados do relatório “Cenário dos Hospitais no Brasil 2020”, realizado pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH), em parceria com a Confederação Nacional de Saúde (CNS).
O entendimento de como o dinheiro flui, onde ele fica represado, por onde ele vaza, bem como outros dados, são informações cruciais para o desenvolvimento das companhias e, consequentemente, do setor de saúde. Sem estas informações, torna-se inviável que uma organização funcione plenamente e, sem um sistema de gestão adequado, estes dados são escassos.
Ao utilizar um sistema que ajuda a tomar a decisão sobre o que comprar baseado em dados e modelos estatísticos é possível reduzir a ineficiência de compras e diminuir o desperdício de dinheiro parado. Combinando isto a um sistema de financiamento integrado que permite pagar em prazos mais longos com taxas diferenciadas, é possível destravar o poder multiplicador de gestão de recursos avançada, que até então só as grandes instituições conseguiam fazer.
O impacto da gestão de estoque integrada ao setor financeiro
A gestão de estoque é tipicamente vista como uma atividade rotineira: importante, porém, não estratégica. Empresas menos sofisticadas tratam insumos como uma linha de custo e não uma alavanca de receita. A gestão financeira estratégica entende que os insumos são parte fundamental deste ciclo de receita, então incorporam a gestão otimizada de inventário e compras em suas decisões: quanto comprar, o que comprar e como pagar são perguntas básicas, mas a complexidade de possíveis respostas pode levar a decisões ruins.
Um exemplo disto é o tratamento simplista de crédito para capital de giro: nem todos os gestores entendem que, se bem utilizado, esta modalidade de financiamento pode destravar o valor preso em recursos subutilizados. Pelo contrário, muitos enxergam o crédito para capital de giro como um último recurso, só utilizado por empresas passando por apuros financeiros.
Os obstáculos enfrentados para a implementação de tecnologias de gestão em saúde
Há pouca informação e muito ceticismo quando o assunto é tecnologia para gestão em saúde no Brasil. Grande parte dos sistemas que existem por aqui ou são antigos e não atendem as demandas modernas de um software ou são cópias de sistemas internacionais (altamente complexos e caros) que não se traduzem bem à nossa realidade de instituições independentes, espalhadas por um território continental pouco informatizado e interligado.
Neste sentido, o grande desafio é ouvir o gestor de saúde brasileiro e oferecer soluções aderentes à realidade do país, endereçando problemas reais do dia a dia das instituições independentes e não apenas criar sistemas para ajudar os gigantes, enquanto os pequenos precisam lidar apenas com o Excel e anotações, financiando-se com bancos que não atendem às nuances e complexidades do setor.
Para oferecer uma vantagem real, a escolha de um sistema de gestão deve equilibrar as necessidades da empresa com o custo de implantação, manutenção e, finalmente, com a facilidade de uso por parte das pessoas que precisarão operar estas plataformas. No passado, um sistema de gestão era associado a um ERP grande, oneroso e difícil de usar. Hoje, o mercado já dispõe de diversos sistemas que replicam algumas funcionalidades chaves destes grandes ERP’s a um custo muito mais acessível, no entanto, sacrificando grande parte das funcionalidades.
Atualmente, contamos com sistemas especializados em tarefas específicas e que compatibilizam o poder de um grande ERP com um sistema de gestão fácil e acessível, podendo ser usados em conjunto com outras tecnologias para se obter um resultado muito superior para a empresa. Assim, investir no sistema de gestão mais apropriado àquela operação é um passo importante para impulsionar a empresa e, consequentemente, o trabalho dos profissionais.
*André Iaconelli é Cofundador da Zaga