O blockchain é a mais nova tendência de disrupção nos negócios das empresas e vem chamando atenção do mercado financeiro justamente pelo seu potencial de transformar as operações digitais. Essa tecnologia viabilizou a existência da criptomoeda bitcoin e tem um protocolo de confiança em função do alto nível de segurança e transparência nas transações realizadas.
Com registros encadeados, em que cada novo registro depende do anterior para seguir em frente com a operação, os blocos de transações deram origem ao nome blockchain – cadeia de blocos. Estudos realizados pelo setor financeiro afirmam que o blockchain pode acabar com até 20 bilhões de dólares de custos bancários. Além disso, eles asseguram que é possível utilizar essa tecnologia em mais de 25 aplicações bancárias.
O assunto é tão inovador que a FEBRABAN montou um grupo de discussão em agosto de 2016, o GT Blockchain, composto pelos bancos membros da Comissão Executiva de Tecnologia e Automação Bancária da entidade.
“O grupo foi formado para unificar esforços de toda comunidade financeira e de tecnologia, além do governo e reguladores. Nas reuniões, as novas informações coletadas pelos membros são compartilhadas para todos os participantes”, pontua Adilson Fernandes da Conceição, coordenador do GT Blockchain em entrevista à revista Ciab FEBRABAN.
Na visão de Yoshimiti Matsusaki, presidente e CEO da Finnet, que estava presente no primeiro encontro sobre blockchain, organizado pela FEBRABAN no mês passado, grandes empresas e instituições financeiras estão injetando investimentos em P&D para desenvolvimento e construção de POCs (provas de conceito) voltados à tecnologia blockchain.
“Previsões indicam que a maturidade dessa solução será por volta do ano de 2025. A cada ano que passa, os conceitos se comprovam em diversos âmbitos, tanto em aplicações tecnológicas quanto em negócios e socialmente, tornando tal previsão cada vez mais real”, afirma. “É um modelo antifraude, com mecanismos coletivos de verificação e alta segurança, que garantem a criptografia dos dados de cada transação”, acrescenta o CEO.
O que faz sentido?
No evento 1º Blockchain FEBRABAN, o destaque de ideias de aplicações dessa tecnologia foi para: remessas internacionais sem riscos; operações de câmbio imediatas; praticidade na comprovação de identidade; redução de intervenções manuais; prevenção de lavagem de dinheiro; e compartilhamento de dados entre instituições e ampliação na capacidade de análise de comportamento dos clientes.
“Inclusive, a POC apresentada no encontro era uma solução de compartilhamento de cadastro de clientes entre instituições, liderada pelos Bancos Bradesco e Itaú-Unibanco, além da empresa B3. Mas, ainda há desafios que precisam ser resolvidos e estão em estudo, como governança, regulação e escalabilidade”, completa Matsusaki.
Para ele, não só bancos, mas também as fintechs podem utilizar a tecnologia blockchain para validar e certificar suas operações financeiras em ambientes invioláveis. Isso garantirá a privacidade e segurança das informações, conferindo maior confiabilidade aos seus serviços.
Olho no futuro
Tanto que a Finnet, que é uma empresa especializada no desenvolvimento de produtos, soluções personalizadas e serviços relacionados ao envio e recebimento de documentos financeiros, enxerga muito potencial na tecnologia blockchain. “Acreditamos que ela possa conferir maior transparência e segurança ao ser empregada em nossas soluções. Para tanto, estamos investindo em P&D, visando a criação de ferramentas disruptivas e que permitam novas experiências para nossos clientes”, completa.
A Finnet também está trabalhando na modelagem de sistemas e definições de requisitos para processos financeiros e logísticos. A fase é de planejamento para desenvolvimento e apresentação em POC. “Para o cenário de aplicação, estudamos nossos produtos e identificamos pontos em que o uso do blockchain faria sentido e conferiria diferencial para o produto”, conclui Matsusaki.