“A revolução digital não tem a ver com um momento da tecnologia, mas com um novo momento da sociedade”, destaca o presidente do Santander, Sergio Rial, na abertura do CIAB FEBRABAN, que acontece essa semana, em São Paulo. Segundo ele, o digital morreu, justamente porque o setor bancário vem falando sobre isso há quase dez anos e já vive um momento de consolidação.
“Há uma grande diferença entre ser digital e estar digital. Isso não tem cor, raça ou gênero. De certa forma, não cabe mais falarmos disso, pois nosso desafio hoje não é tecnológico, mas humano”, destaca o executivo. Segundo ele, os bancos vivem uma fase de aprendizado e troca de experiências, tanto para entender o novo perfil do consumidor, com um poder de decisão como nunca vimos anotes, e também no sentido de preparar colaboradores para essa nova era.
“Nosso maior desafio não são as fintechs, mas como ainda não entendemos que vivemos em um mundo desmaterializado, em que precisamos sair da nossa zona de conforto e embarcar em uma transformação cultural. Esse processo demanda uma mudança interna, em que o agente bancário se torna um especialista em empreendedorismo e atendimento, é uma pessoa que vai ajudar a indústria na busca pela customização rentável do produto para o cliente”, diz Rial.
E isso demanda grandes investimentos em tecnologia, principalmente as de inteligência analítica. De acordo com a pesquisa da FEBRABAN, computação cognitiva e analytics despontam como as que mais exigiram investimentos em 2016, sendo responsáveis por 24% e 47% do total, respectivamente.
“O que vamos fazer com essas novas tecnologias? Sabemos onde os dados estão, mas não sabemos o que fazer com eles. Por isso destaco nosso objetivo, que é focar naquilo que faz sentido para o consumidor moderno, pois ele já sabe como quer ser tratado e quanto quer pagar por isso”.
Na visão do presidente do Santander, está na hora do setor bancário oferecer menos produtos e mais serviços, contando com a tecnologia, mas sem esquecer do fator humano. Aliás, essa interação entre homem e máquina deu o tom da palestra do executivo, em que a tecnologia é uma grande e importante aliada, mas não fará nada sozinha.
“As máquinas são binárias, lógicas e com uma capacidade enorme de analisar dados. Mas nós, seres humanos, somos psicológicos, criativos, podemos inventar coisas, inspirar e surpreender. Nossa preocupação não é só na taxa de digitalização de nossas empresas, mas na relevância de nossos serviços e na nossa capacidade de se relacionar com as pessoas”, finaliza.