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Entrevista com Leila Zimmermann, CIO da Mondelēz

Entrevista com Leila Zimmermann, CIO da Mondelēz

O título que dei à esta coluna que conta a trajetória de Leila Zimmermann, CIO da Mondelēz Brasil, reflete como ela conseguiu seu primeiro estágio na área de tecnologia. Cursando Processamento de Dados no Ensino Médio, Leila viu numa banca de jornal a revista “As 100 Melhores Empresas para se Trabalhar” e se interessou. O pai num primeiro momento relutou achando que ela, aos 16 anos, era muito jovem para aquele tipo de publicação. Porém, dias depois chegou com a revista em casa e Leila, numa época em que o e-mail ainda não era acessível, sentou e escreveu uma carta para cada uma das 100 empresas. Obteve apenas uma resposta, da Xerox, onde fez estágio por dois anos dando início à sua vida profissional. E como esta, Leila tem muitas outras histórias super interessantes que você vai conhecer nesta “Bastidores da TI”. Boa leitura!

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Cartas à mão

 

Um consórcio feito pelo pai para a compra de um computador para a família seguindo sugestão de amigos do trabalho marcou para sempre a vida de Leila Zimmermann, CIO da Mondelēz Brasil. Com apenas 14 anos, ela lembra ter sido a desbravadora da nova máquina, o que acabou por contaminar também os irmãos. E foi o que a levou ao curso de Tecnólogo em Processamento de Dados. Neste ponto de nossa conversa Leila me conta uma história super curiosa que faço questão de reproduzir aqui. Num passeio de final de semana ela viu numa banca de jornal a revista Exame que trazia as 100 Melhores Empresas para se Trabalhar e se interessou pela publicação. Dias depois o pai, que achou a leitura prematura para uma jovem de 16 anos, chegou em casa com a publicação e, lembrando que na época o e-mail não era algo acessível como hoje, Leila sentou e escreveu cartas para cada uma das 100 empresas mencionadas na revista enviando seu currículo.

 

Das 100, apenas uma respondeu, a Xerox, e depois de passar pelo processo seletivo começou a estagiar no setor de mainframes, onde eram impressos talões de cheque de bancos, atravessando a cidade inteira para chegar ao local de trabalho. Leila conta que a passagem por vários departamentos lhe deu uma visão do todo. “Vi que ficar exclusivamente na parte técnica não me faria entender a empresa.” E foi o que a levou a cursar Administração com ênfase em Análise de Sistemas, juntando os dois mundos que queria abarcar: tecnologia e administração. Leila comenta que o que na época pode ter sido meio intuitivo se confirmou ao longo de sua carreira que foi a ideia do uso da tecnologia em benefício dos negócios.

 

Ao final do estágio, porém, uma decepção: não havia vaga para sua efetivação. Como próximo passo, seu primeiro emprego efetivo foi na Compuware como analista de sistemas, onde trabalhou com programação, infraestrutura e suporte. Leila conta que boa parte de sua carreira aconteceu entre as áreas de bens de consumo e a indústria farmacêutica, com passagens pela Ambev, Roche, Whirlpool, Sanofi e Johnson & Johnson, até chegar à Mondelēz Brasil, empresa que teve origem na divisão de snacks da Kraft Foods e é conhecida por suas marcas como Lacta, Bis, Club Social, Oreo, Trident e Tang. “Digo que consumo é a dinâmica, é o time-to-market, uma efervescência, e a indústria farmacêutica traz os processos de planejamento com foco no cuidado com o paciente, ciclos mais longos. E isso traz um pouco do equilíbrio da minha história.”

 

Mas antes destas empresas, Leila teve uma passagem não tão longa, porém muito intensa, na AES – EletroPaulo, empresa de energia elétrica, onde foi designada para fazer o acompanhamento da implementação do SAP global na Turquia, Ucrânia, em El Salvador e nos Estados Unidos. “Foi uma experiência incrível em termos de gestão de projetos. Meu papel era garantir o nível de qualidade na implementação destes projetos aderentes à um template global. Eu era a pessoa de tecnologia dentro da área de auditoria corporativa para avaliar se o projeto estava tomando o rumo certo e seguindo as diretrizes do template global.

 

Ela conta que ao ter que se defrontar com o desafio de ser brasileira, mulher, jovem -tinha pouco mais de 20 anos- e auditora que chegou para verificar se as coisas estavam sendo feitas de maneira correta aprendeu muito. “Desenvolvi habilidades de interpretar as culturas de cada local e aprendi a me conectar com as pessoas da maneira transparente, tendo conversas muitas vezes difíceis, mas com muito respeito e mostrando que o importante era que o time tivesse sucesso.” E acrescenta: “este momento foi um divisor de águas na minha carreira. Amadureci muito como profissional, como pessoa …foram experiências incríveis, muito além dos projetos em si, algumas bem difíceis, mas que me levaram a ser uma líder melhor dali para a frente.”

 

De volta ao Brasil, Leila trabalhou na Ambev onde participou da estruturação sistêmica de uma nova fábrica e de um projeto grande de Transportation Management, algo novo na época e que tinha por objetivo a otimização do frete por meio de um algoritmo para o reaproveitamento dos caminhões que levassem bebidas já trouxessem os vasilhames vazios gerando redução de custo e melhorias para o meio ambiente. Na Roche, liderou um projeto de e-procurement global a partir da sede, na Suíça, onde morou por um ano.

 

Na Whirlpool, Leila destaca que teve a oportunidade de passar por funções diversas vivendo novas experiências como back office, área comercial com sistemas de go-to-market e CRM, participou do desenho do business-to-business e do e-commerce chegando a trabalhar também com BI dentro da visão integrada de dados. Na indústria farmacêutica, participou de projetos na área digital com foco nas soluções “Beyond the pill” (Além de Pílula), desenvolvido com uma start-up alemã que por meio de um dispositivo colocado na pele da criança permitia o monitoramento da temperatura do corpo com as informações sendo transmitidas aos responsáveis via celular por meio de um aplicativo. E como CIO de Medical Devices, na Johnson & Johnson, Leila participou de projetos que tratam do futuro da cirurgia sem intervenção humana, usando tecnologia robótica, algo completamente novo também em sua carreira.

 

O convite para a Mondelēz Brasil veio como parte dos planos da companhia de dobrar de tamanho globalmente até 2030 e tendo como uma das bases a aceleração da jornada digital. Entre os trabalhos em desenvolvimento está a transformação da empresa em uma organização focada em dados para embasar a tomada de decisões, expandindo também sua presença no digital commerce, tanto no business-to-business quanto no business-to-consumer, “garantindo presença em todos os pontos de venda onde possamos estar”, completa Leila.

 

O uso de inteligência artificial já está presente no planejamento integrado de supply chain abordando tanto definições sobre produtos como sobre a produção e o go-to market, de forma que a IA auxilie em insights e nas decisões de negócio. Outro projeto com uso da tecnologia é o smart pricing, ou preço inteligente, que por meio de algoritmos determina a melhor posição de preço de acordo com o mercado.

 

“A IA vai exigir da gente muito teste e aprendizado e temos que ter dados de alta qualidade para acertar e acredito no caminho de começar pequeno como a forma correta de aprender rápido, corrigir rápido e decidir o que faz sentido aplicar na corporação”, diz Leila. Testar, aprender e escalar são os mantras da IA na Mondelēz. “Queremos aprender com a IA por meio de pequenos cases que podem escalar na busca por aumentar a acurácia e assertividade de nossos produtos considerando sempre, também, a questão da ética na IA respeitando privacidade, diversidade e inclusão”, destaca.

 

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