Não é novidade que a mobilidade alterou significativamente o cotidiano de toda população mundial. No setor de meios de pagamento, segundo estatística divulgada durante a Cards Future Payment, em São Paulo, o crescimento é de aproximadamente 10% ao ano, no mundo e no Brasil, independentemente dos índices da economia. Palestrantes e debatedores dos painéis do evento foram unânimes em afirmar que todo o ecossistema criado pelo e-commerce, a digitalização dos dados de clientes, a transformação digital ou o mobile banking, por exemplo, mudaram o modo de vida e como as pessoas se relacionam.
No campo pessoal ou profissional, o smartphone se tornou a interface das pessoas com o mundo. O mobile payment incluiu os chamados desbancarizados no sistema financeiro. Ou seja, a tecnologia se sobrepôs às instituições que ainda preferiam o relacionamento tradicional.
De acordo com a palestrante Susanne Steidl, Chief Product Officer da Wirecard, tendências como Internet das Coisas, pagamento sem dinheiro (cashless), Inteligência Artificial, pagamentos sem fronteiras e open banking já mudaram o comportamento do consumidor e, inclusive, dos governos. A executiva cita o exemplo da regulamentação da Índia para pagamento dos pensionistas da previdência, que já é totalmente eletrônico – por aplicativo. “O próprio governo impulsiona um ecossistema de pagamento cashless, e no Brasil há essa mesma tendência.”
A inovação tecnológica reflete-se no crescimento das fintechs, já que conquistaram um espaço específico do mercado financeiro por apresentarem uma abordagem que supria as dificuldades dos clientes nas vias tradicionais. Essa é a visão de Rodrigo Mendes, sócio da área de Consultoria de Gestão de Riscos na Deloitte. “As fintechs estão modificando a experiência do cliente em diversos setores, mas ainda é preciso atingir as expectativas”, diz Mendes.
Em um dos estudos da Deloitte, de 2017, foram identificadas e listadas algumas forças disruptivas para facilitar a adoção e a evolução do sistema digital como redução de custo, experiência, novas plataformas, armazenamento e uso efetivo de dados, além de RPA-Robotic Process Automation (computador realizando tarefas).
Enquanto a tecnologia influencia o comportamento, legisladores correm para criar a regulamentação. A teoria é compartilhada por Patrícia Peck, da Patrícia Peck Advogados, quando demonstrou em sua palestra no Fintech View sua preocupação com o avanço das fintechs no país. “É importante ter uma lei brasileira porque não estamos no mesmo nível da União Européia, e se queremos fazer negócios, precisamos acelerar.” Patrícia se refere à regulamentação para inteligência artificial e blockchain que está em estudo na Europa em razão de uma nova governança em tecnologia.