A abertura do Febraban Tech 2024 na manhã de hoje (25) em São Paulo trouxe à tona uma discussão crucial para o setor financeiro: a transformação digital e o papel crescente da Inteligência Artificial nos processos de negócios. O evento, que reúne líderes e especialistas em tecnologia e finanças, destacou como Bradesco, Itaú, Santander e Caixa Econômica Federal estão navegando nesse novo cenário tecnológico de inovação.
No painel central, os presidentes dos quatro maiores bancos brasileiros compartilharam suas experiências e estratégias para integrar a IA de forma ética e responsável em suas operações. Todos destacaram que estão na vanguarda da transformação digital, utilizando a inovação para melhorar processos internos e a experiência do cliente.
Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, enfatizou a importância da ética na implementação da IA. “Antes do processo regulatório, nosso desafio é a ética. A IA não deve nos iludir; precisamos de responsabilidade,” afirmou. Desde o lançamento da BIA, assistente virtual do Bradesco, em 2016, a instituição já realizou mais de 2 bilhões de interações com clientes. “Com a GenIA, temos mais de 50 iniciativas internas e 1600 colaboradores utilizando essa tecnologia, nossa expectativa é chegar a 60 mil até o final do ano”, pontua Noronha.
Milton Filho, CEO do Itaú, destacou o caráter omnichannel da IA e sua presença em diversos setores do banco. “Temos 250 projetos de IA liderados pela área de negócios. Sim, internamente, Inteligência Artificial é um assunto de negócio e todo gestor precisa entender de tecnologia e inovação”, diz Filho. Ele mencionou a importância da modernização das plataformas de dados, com mais de 70% das operações do Itaú em nuvem, o que vai maximizar o potencial da IA nas ofertas de produtos e serviços.
Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, compartilhou como a instituição utiliza a IA para melhorar o atendimento ao cliente. “Atendemos mais de 60 mil pessoas por meio de reconhecimento facial durante o desastre que ocorreu no Rio Grande do Sul. Isso demostra os benefícios da IA quando bem aplicada,” explica. Vieira também ressaltou a integração da IA com iniciativas de sustentabilidade na Caixa, especialmente nas áreas de crédito.
A gestão de risco também foi citada por Mario Leão, CEO do Santander Brasil, que abordou a aplicação da IA na codificação e na experiência do cliente. “Esperamos um ganho de produtividade de no mínimo 20% com essa inovação, especialmente no atendimento e na comunicação com os clientes,” disse Leão. Ele reforçou a transformação interna do banco para adotar operações ágeis e centradas no cliente, com inteligência nos processos de negócio.
Investimentos e futuro
Em seu discurso de boas-vindas ao público, Isaac Sidney, Presidente da Febraban, destacou que a IA não é apenas uma ferramenta tecnológica, mas uma força que pode redefinir e mudar os negócios, assim como empregos e a maneira em como as pessoas interagem com o mundo. O executivo reforça a importância de uso consciente, ético e responsável dessa tendência nos processos bancários.
Ele ressalta que, apesar das oportunidades, é evidente que a implementação da IA traz desafios complexos. “Por isso, a responsabilidade recai sobre os nossos ombros para assegurar que a essa tecnologia seja desenvolvida e aplicada com rigor científico. A confiança dos nossos clientes e a integridade dos nossos processos dependem disso. A Segurança dos dados é uma garantia do setor bancário”, destaca.
Os bancos também discutiram os investimentos em tecnologia e a importância de capacitar profissionais para lidar com essas novas ferramentas. Segundo Noronha, do Bradesco, um desafio global é ter profissionais preparados. “Precisamos investir em pessoas e em gestão de conhecimento para avançar com a IA de maneira inteligente.”
Mario Leão, ao encerrar o painel, expressou uma visão otimista para o futuro econômico do Brasil. “Estamos investindo em tecnologia, capacitação e na proximidade com o cliente. Esse é um momento de grande desafio e oportunidade” conclui o executivo no primeiro dia de Febraban Tech.