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Entrevista com Fernando Birman, do Grupo Acelen

Entrevista com Fernando Birman, do Grupo Acelen

Esta semana conversei com um conhecido de longa data, Fernando Birman, CIO do Grupo Acelen. Trata-se de uma empresa nova, com pouco mais de um ano, que nasceu do processo de privatização da Petrobrás com a aquisição da refinaria de Mataripe, na Bahia, pelo Mubadala Capital, ramo do fundo soberano dos Emirados Árabes.

O faturamento desta startup? US$ 10 bilhões. Fernando contou como foi que, depois de 35 anos comandando a TI da Rhodia e um período durante o qual se dedicou à consultoria, se viu diante de um convite irrecusável que foi o desafio de criar a área de TI desta empresa que já nasceu gigante.

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Uma startup de US$ 10 bilhões

Fernando Birman trabalhou por 35 anos na Rhodia e vinha atuando em consultoria quando recebeu um convite inusitado: criar e dirigir a TI de uma refinaria da Petrobrás a caminho de ser privatizada. Ele diz que uma das coisas que o fez mergulhar neste super projeto de uma empresa que sequer existia ainda (não tinha nome, domínio, e-mail, sede ou qualquer destes outros quesitos habituais) foi realmente o desafio.

Com um detalhe, estávamos em plena pandemia. Sua entrada no até então mega-projeto, como ele descreveu, aconteceu em abril de 2021. Mas a Acelen, como foi batizada, só nasceria tempos depois. O negócio só foi efetivamente fechado em dezembro daquele ano. Durante este período, ele desenhou o plano de TI e montou sua equipe, sendo que a operação da companhia continuou nas mãos da Petrobrás até janeiro de 2023, quando a Acelen assumiu.

“Colocamos 100 sistemas no ar, dos quais um o SAP S/4 Hana”, conta, e completa dizendo que era quase um projeto impossível e que tiveram que se adequar tendo de abrir mão de algumas coisas para fazer o viável. “Tivemos que construir o projeto sem conhecer propriamente os processos que já existiam. Era como dirigir às cegas”. Birman comenta que em TI há uma tríade que tem que estar equilibrada que é formada por pessoas, processos e ferramentas.

E que no caso da Acelen, havia ferramentas sem ter pessoas e com processos sendo recriados. Ele conta que montou uma equipe super experiente, todos com mais de 50 anos, além de contratar a consultoria da Accenture para que todos pudessem tomar decisões juntos. Birman diz que os trabalhos que havia desenvolvido até então, tinham muito menos riscos envolvidos do que este.

E mais, lembra que a primeira compra de petróleo deveria ser encomendada por
volta de Agosto de 2021 e que em Junho, dois meses antes, a refinaria já
deveria ter a capacidade de fazer simulações com as diferentes possibilidades de aquisição de petróleo, uma vez que cada um é diferente.  “Tínhamos que ver como a refinaria funcionaria com aquele petróleo específico”. Portanto, entre as prioridades, uma das primeiras foi a compra de um simulador para realizar este trabalho.

Segundo Birman, por definição, praticamente nada poderia ser aproveitado da Petrobrás. A exceção foi a rede física, como fibras e cabos. De resto, tudo foi reconstruído: estrutura de rede, servidores e, principalmente, os softwares. Até um novo datacenter foi levantado. Birman conta que foi o funcionário 001 com registro. Outros executivos envolvidos estavam atuando como pessoa jurídica quando ele entrou.

A empresa é muito conhecida no estado da Bahia, onde atua, e onde também já anunciou a construção de uma segunda refinaria, esta focada na cadeia de valor do agronegócio. Ele diz que até o momento, de janeiro para cá, a equipe considera a missão cumprida com o sucesso no desligamento total entre a Petrobrás e a Acelen. “Foi cortado o cordão umbilical”.

Deste desafio gigante, Birman destaca algumas dificuldades maiores com as quais teve de lidar, como o chão de fábrica. “Tivemos que substituir várias soluções que a Petrobrás usava e estas mudanças são muito delicadas.” As próximas etapas incluem um programa de infraestrutura para a indústria 4.0, visando uma exploração industrial mais avançada e um refino (sem jogo de palavras) da operação em si para a revisão do que foi feito até o momento, agora já com tudo nas mãos da Acelen.

E não para por aí, além da nova refinaria, outros negócios estão no radar como uma atuação forte como trader no mercado internacional. “Às vezes tenho dificuldade até para explicar o quanto este projeto foi desafiador. Posso dizer que foi um feito histórico”, conclui, um pouco mais aliviado, mas com muito trabalho pela frente.

*Stela Lachtermacher é jornalista de TI, com atuação como editora e colunista no Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Editora Abril e diretora editorial na IT Mídia. Hoje tem sua própria empresa, a Candelabro, onde trabalha na produção de conteúdo e integra o time de parceiros da Conteúdo Digital no desenvolvimento da Coluna “Bastidores da TI” no portal Decision Report.

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