A 28ª pesquisa anual do GVcia da FGV/EAESP, liderada pelo professor Fernando Meireles, mostrou hoje, 19, a administração e o uso da TI nas empresas brasileiras. A média de gastos e investimentos em tecnologia segue estável em 7,6% da receita das organizações, percentual que se manteve nos últimos três anos. “Isso é espantoso diante de um cenário econômico adverso e pressão de redução de custos nas empresas. O que significa que o processo de informatização obriga as companhias a investirem em tecnologia”, pontua Meireles.
Mas o cenário é diferente quando olhamos por verticais de negócio, como é o caso do sistema financeiro, que segue na liderança aplicando 14% da receita em TI, seguido por serviços (11%). Indústria (4,5%) e Varejo (3,5%) são os segmentos que menos investem em tecnologia. Nos Estados Unidos, por exemplo, a média de investimento e gastos de TI nas empresas está na ordem de 12%.
Segundo o professor, é complexo comparar os gastos e investimento entre bancos e comércio, pois 1% para os varejistas, que têm baixas margens de lucros, tem grande impacto na receita, enquanto que nos bancos, esse percentual é baixo. “Se por um lado, o sistema financeiro no Brasil é visto como o mais inovador e lidera os aportes em tecnologia, por outro, o comércio está atrasado, principalmente se olharmos para os supermercados, que têm baixa automação sistêmica”, acrescenta Meireles.
O Walmart, por exemplo, não tem a mesma operação no Brasil se comparada com EUA em termos de automação. “Para isso, a varejista precisa contar com parceiros de logística e distribuidores com níveis elevados de TI e informatização, aqui está o gargalo do varejo nacional”, pontua.
Perfil de consumo
Segundo a pesquisa, o Brasil tem hoje 208 milhões de celulares inteligentes, um por habitante. Se estender para tablets e notebooks, o número sobe para 280 milhões de dispositivos móveis conectados à internet.
Isso mostra que o perfil de consumo de tecnologia tem mudando muito nos últimos anos. Quanto mais jovem, mais avança o uso de smartphones. Ou seja, o Brasil está diante de um novo comportamento no uso de dispositivos, o mais desafiador é o uso pessoal, empresarial e educacional de celular inteligente.
“Cada vez mais o smartphone é tido como escova de dente, um equipamento pessoal e intransferível. Entender essa ruptura em casa, no trabalho ou nas escolas é o maior desafio. Estamos vivendo uma nova era da conectividade e avanço da informatização no País”, completa.
Players de TI
O estudo também mostrou a liderança dos fornecedores de tecnologia no Brasil. O Windows, que completa 32 anos de existência, domina o mercado há pelo menos 20 anos. A base instalada desse sistema nas empresas brasileiras é de 73%.
Entre os sistemas de gestão empresarial, a TOTVS está na liderança com 35% de participação nas empresas brasileiras que usam ERP, seguida pela SAP (31%), Oracle (15%) e Infor (5%). Juntas, essas organizações detêm 81% do mercado nacional de soluções de ERP.
Já as tecnologias de inteligência analítica (BI e CRM) são responsáveis por boa parte do lucro das fabricantes e estão ganhando representatividade conforme as organizações avançam em maturidade de adoção. A SAP segue na liderança com 26% do mercado, seguida pela Oracle (20%), TOTVS (16%) e Dynamics, da Microsoft, com 12%.