As inovações no sistema bancário focadas em pessoas voltaram ao centro dos debates no palco da Febraban Tech nesta quarta-feira (28). O primeiro painel de keynotes reuniu CIOs e líderes de TI dos maiores bancos do Brasil, visando discutir novos posicionamentos do setor que fortaleçam os serviços bancários sem perder de vista a Cibersegurança.
As novidades relacionadas à Inteligência Artificial Generativa lideram palestras e discussões no evento e fazem parte de uma grande reflexão sobre o uso dessas novas tecnologias nos sistemas bancários e até que ponto a Segurança da Informação será colocada à prova. Os especialistas concordaram que essas inovações representam uma enorme disrupção, capaz de mudar completamente a forma como os clientes se relacionam com as instituições financeiras.
Entretanto, há ainda barreiras a serem superadas pelas empresas em geral. Apesar de ter sido um recurso que foi absorvido rapidamente pelos usuários, bancos e fintehcs temem consequências relacionadas à proteção de dados, riscos de vazamento de informações críticas ou mesmo problemas de propriedade intelectual.
Mesmo assim, espera-se a diminuição desse receio ao longo do tempo, pois, segundo a Vice-Presidente de Tecnologia e Digital da Caixa Econômica Federal, Adriana Salgueiro, hoje, há poucos funcionários ou clientes, independentemente da expertise, que desconheçam o ChatGPT ou não o aplique em suas tarefas diárias.
“Portanto, não deve demorar muito para os players do mercado começarem a embarcar esses recursos às ferramentas atuais e futuras. Podemos até preservar preocupações quanto aos limites desse uso, mas enquanto profissionais de tecnologias, temos que aprender a tirar todos os proveitos das IAs Generativas com segurança”, completa Adriana.
Experiência do usuário e relação com o board
A Vice-Presidente de Negócios Digitais e Tecnologia no Banco do Brasil, Marisa Reghini, ressaltou a importância dos recursos digitalizados nas atividades financeiras, responsáveis por melhorar a experiência do usuário. Ela afirmou ser responsabilidade dos comandos executivos dos bancos oferecerem essa nova realidade aos clientes.
Todavia, a grande inserção de inovações no cotidiano exige uma mudança no posicionamento dos líderes, seja em operação, desenvolvimento ou Cibersegurança. Na visão de Ricardo Guerra, CIO do Itaú Unibanco, é dever dos C-Levels agregar soft skills de comunicação até então desconhecidas da função.
“Precisamos ter uma capacidade de aprendizado muito grande para entender as ferramentas e aproximá-las das necessidades do negócio. Isso exige abandonar a figura de profissional de fábrica e adquirir papéis mais interpessoais, convencendo o core business da importância dos novos recursos digitais em favor de abordagens mais personalizadas”, explicou o executivo.
Luís Bittencourt, CIO do Santander, também reforçou essa necessidade de mais relacionamento com o board e as outras camadas corporativas. De acordo com ele, especialmente no mercado financeiro, tecnologia e negócio estão se tornando algo unificado rapidamente. Por isso, os executivos precisam se tornar habilitadores das atividades bancárias e a Cibersegurança deve acompanhar esse movimento.
Diversidade no setor de Tecnologia
Além disso, maior diversidade de pessoas nesses setores digitais será um fator determinante para a continuidade do desenvolvimento. Considerando esse olhar, Adriana Salgueiro, saudou a inserção cada vez maior das profissionais femininas em cargos de gerência e execução.
A VP lembrou que, apesar de a população brasileira contar com uma maioria absoluta de mulheres, o setor de inovações não espelha essa mesma realidade. Portanto cabe a cada uma das organizações compreender o enorme potencial criativo que as áreas de TI e Cibersegurança passarão a ter com equipes menos uniformizadas.
“As profissionais de tecnologia estão percebendo que hoje há mais possibilidades de ocupação de cargos C-Levels. Principalmente porque o networking, algo essencial na escalada de cargos, está se abrindo para novos talentos de outros grupos sociais. As redes estão aumentando e gerando mais mão-de-obra e mais equidade”, completa Adriana.