*por Ricardo Recchi
O setor financeiro caminha a passos largos para sua total digitalização no Brasil. Prova disso são os mais de 600 bancos digitais em funcionamento no país, segundo levantamento da Abstartups (Associação Brasileira de Startups). Além disso, de acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), 80% das transações bancárias realizadas em 2022 foram feitas de forma digital, por meio de canais como mobile banking ou WhatsApp, número que configura um aumento de 30% em relação ao ano anterior.
Esses dados, somados à disseminação de conceitos como Open Banking, Open Insurance, PIX e moedas digitais, entre outros, mostram que os brasileiros estão, cada vez mais, adeptos às inovações tecnológicas promovidas pelo setor financeiro, que tem uma posição de destaque quando o assunto é transformação digital.
De acordo com o indicador do avanço da digitalização empresarial no país, que acaba de ser divulgado pela PwC Brasil e pela Fundação Dom Cabral (FDC), numa escala de 1 a 6, considerando dez aspectos, o Brasil apresenta uma maturidade média de 3,3, sendo o setor financeiro o mais avançado, com 4,1 pontos, ou seja, acima do mercado geral.
Nesse contexto, podemos afirmar que a tendência é um aumento exponencial da digitalização. Mas qual será o próximo passo? Obviamente, isso é algo difícil de prever, contudo, já temos uma novidade ganhando espaço no mundo e que pode ser aplicada em qualquer segmento, os Super Apps, aplicações definidas como ecossistemas digitais que reúnem uma gama de serviços dentro de uma mesma plataforma e permitem uma experiência unificada aos usuários.
Embora esse conceito pareça distante, já temos soluções desse modelo em vigor no setor financeiro. O exemplo mais famoso é o WeChat, Super App chinês que nasceu como um aplicativo de mensagens, e agora também possibilita aos seus usuários realizar pagamentos digitais, se tornando a principal plataforma nesse segmento atualmente, com mais de 1,6 bilhão de adeptos, segundo informações do Statista.
O que se espera é que tecnologias como essa sejam desenvolvidas também no Brasil. Na esteira de promover a expansão do Super App, inúmeros benefícios seriam trazidos aos usuários, que poderão desfrutar de uma experiência unificada, acessando diversas funcionalidades, como troca de mensagens, pagamentos, compras e transferências, tudo isso sem a necessidade de alternar entre diferentes telas.
No setor financeiro, ao oferecer uma aplicação de tal magnitude, os bancos poderiam aumentar a fidelidade dos clientes, fortalecendo significativamente suas parcerias comerciais e consolidando suas posições no mercado, sem contar que as empresas também se beneficiariam do crescimento do ecossistema pegando carona no open banking, que pode agregar diversos outros serviços ao aplicativo do banco.
As vantagens são inúmeras, contudo, é comum surgir a dúvida sobre a viabilidade de desenvolver uma aplicação desse modelo no Brasil, já que criar um Super App envolve custos elevados, um extenso período de programação e um profundo conhecimento de sistemas. E, de fato, construir uma aplicação tão robusta não é tarefa simples, entretanto, é importante ressaltar que existem ferramentas que simplificam o desenvolvimento de soluções, tornando a criação de um Super App algo não apenas algo possível, mas também menos complexo.
Uma saída interessante é usar uma plataforma Low-Code, pois essa tecnologia é uma aliada valiosa para os desenvolvedores, pois permite a construção de aplicações com menos código e, portanto, reduz o tempo de programação, sem contar que esse tipo de tecnologia transforma um aplicativo nativo em um Super App. A automatização de códigos também resulta em aplicações mais seguras e com custos operacionais reduzidos. Ou seja, há simplificação do processo de criação de um Super App, além de torná-lo mais acessível e eficiente, uma vez que um Low-Code contempla atualizações constantes que podem ser aplicadas a essa nova geração de aplicativos.
Nesse sentido, é possível afirmar que o setor financeiro brasileiro está passando por uma revolução digital impulsionada pelo crescimento exponencial de transações on-line e pelos avanços como o Open Banking e o PIX. A próxima fronteira desse cenário é a ascensão dos Super Apps e, embora a ideia de implementar tais aplicativos possa parecer desafiadora, o uso de plataformas Low-Code emerge como uma solução viável, se tornando uma aliada na contínua Transformação Digital no setor financeiro brasileiro.
*Ricardo Recchi é country manager da Genexus Brasil, Portugal e Cabo Verde.