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Sírio-Libanês adota realidade virtual no acompanhamento de pacientes com cardiopatia congênita

Sírio-Libanês adota realidade virtual no acompanhamento de pacientes com cardiopatia congênita

Por meio de óculos de realidade virtual, os pais da criança podem ter um melhor entendimento do funcionamento do coração, do impacto da cardiopatia no organismo e qual o tratamento mais indicado, incluindo cirurgia, caso seja necessário

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Miguel, que nasceu último dia 22 de maio, foi diagnosticado, ainda na 17ª semana de gestação, com transposição das grandes artérias (TGA) – uma das classificações da cardiopatia congênita –, que se caracteriza pela inversão das ligações normais da aorta e da artéria pulmonar com o coração. Sua mãe, Camilla Rabuske, conta que a condição foi identificada por meio do exame de ecocardiograma, que avalia o funcionamento do coração do bebê e identifica doenças antes mesmo do nascimento. “Aquele momento foi quase um luto, pois temos aquela expectativa de ter um bebê saudável. Como eu e meu esposo somos médicos e sabemos da complexidade de uma cirurgia cardíaca, isso potencializou a nossa preocupação. Passado o impacto, fomos atrás do acompanhamento e tratamento mais adequados”, diz Camila.

 

A cirurgia para a correção do coração de Miguel aconteceu no sexto dia após seu nascimento. Nos dias seguintes, já pôde ser amamentado e recebeu alta em 10 de junho. A sua evolução surpreendeu o time do Sírio-Libanês, onde mãe e filho fizeram todo o acompanhamento. A cardiologista Vanessa Guimarães, coordenadora do Núcleo de Cardiologia Pediátrica do hospital, explica que a detecção precoce de alguma alteração cardiológica do feto é vital para iniciar o tratamento antes que complicações graves se desenvolvam. “O planejamento do nascimento do bebê com cardiopatia congênita e as intervenções precoces têm grande impacto em reduzir a mortalidade e complicações futuras, permitindo o planejamento das cirurgias corretivas ou tratamentos menos invasivos”, afirma a especialista.

 

As cardiopatias congênitas compreendem qualquer alteração na anatomia do coração e de seus vasos sanguíneos, que são desenvolvidas durante a formação do feto. Essa condição, que é uma das principais causas de mortalidade infantil e continua sendo a terceira maior causa de óbitos no período neonatal (até 28 dias após o nascimento), afeta cerca de 1 em cada 100 nascidos vivos, resultando em aproximadamente 29 mil novos casos anualmente no Brasil1

 

Tecnologia aliada a atendimento humanizado

 

O Sírio-Libanês investe continuamente em pesquisas científicas na área e em avanços significativos no tratamento das cardiopatias congênitas, como técnicas menos invasivas para correção de defeitos cardíacos, uso de tecnologias de imagem avançadas para diagnóstico preciso, suporte circulatório mecânico, como o coração artificial, e terapias genéticas emergentes. Uma dessas inovações é o programa InnovaMed Experience. Por meio de óculos de realidade virtual, os pais da criança podem ter um melhor entendimento do funcionamento do coração, do impacto da cardiopatia no organismo e qual o tratamento mais indicado, incluindo cirurgia se for o caso. “Este é um programa que estamos implantando para melhorar a experiência do paciente de forma mais humanizada”, completa.

 

Acolhimento e conscientização

 

De acordo com a cardiologista, as causas da cardiopatia congênita podem ser multifatoriais, incluindo fatores genéticos e até ambientais, como anomalias cromossômicas, a exemplo da síndrome de Down, infecções maternas durante a gravidez, como rubéola, e exposição a substâncias tóxicas. Os sinais e sintomas da condição podem variar, mas alguns dos mais comuns incluem cianose, que é a coloração azulada da pele, dificuldade para respirar, cansaço extremo durante a amamentação, ganho de peso inadequado, sudorese excessiva e murmúrios cardíacos. Infecções respiratórias frequentes também podem ser um indicativo. Identificar esses sinais precocemente pode fazer uma diferença significativa no tratamento e prognóstico da criança.

 

A alta prevalência da condição no Brasil evidencia a necessidade de conscientização tanto de mães gestantes quanto de profissionais de saúde, bem como acolhimento do paciente e dos familiares ao longo do tratamento. “Precisamos atentar para esta que é a mais frequente entre as condições congênitas não apenas no Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita – 12 de junho, como para a importância de um suporte emocional através de aconselhamento psicológico, grupo de apoio e orientação contínua”, completa Vanessa Guimarães.