Por Ricardo Recchi e Walkirio Ricardo Costa*
Com as constantes mudanças causadas pela Transformação Digital, se tornou essencial implementar novas tecnologias no atendimento de setores públicos, visando a garantia de um serviço de qualidade e acessível. Essa é uma necessidade que se estende para qualquer âmbito, mas, em especial, à área da saúde, que ainda conta com processos manuais e burocráticos que atrasam atendimentos e desgastam tanto os pacientes quanto os profissionais.
Segundo pesquisa realizada pela consultoria de healthtech FOLKS, a maior oportunidade de inovação na área da saúde está relacionada à assistência e recepção ao paciente, fazendo com que a ideia primária seja cuidar de como o cidadão é atendido ao chegar num posto ou mesmo marcar uma consulta.
Para dar celeridade a esse processo, os Super Apps, que são ecossistemas digitais que reúnem várias funcionalidades, podem centralizar todos os dados e serviços relacionados à saúde pública, permitindo que a população possa acessar as informações de forma simples e ágil.
Desta forma, se torna possível fazer agendamento de consultas, pedidos e resultados de exames, atendimento on-line, consulta de medicamentos disponíveis na rede pública, ou seja, todo o processo burocrático seria feito sem sair de casa, evitando a superlotação nos hospitais e postos de saúde. Além disso, esse tipo de aplicação também pode reunir desde os dados pessoais dos pacientes até seu histórico de consultas, tratamentos e medicamentos, o que elimina a necessidade de preencher formulários e fichas médicas, agilizando o acesso a informações que podem ser utilizadas para a tomada de decisões médicas.
Outro ponto é que, por meio do uso de dados, é possível personalizar o atendimento do paciente, com recomendações e cuidados específicos para cada um, aumentando a eficácia do acompanhamento. Além disso, um Super App pode conectar o paciente a profissionais como nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas, integrando todas as esferas da saúde.
Ainda pode parecer uma realidade distante, mas já temos exemplos no Brasil que mostram que é viável aplicar a tecnologia no atendimento ao cidadão. Um caso de sucesso foi feito pela Prefeitura de Blumenau, em Santa Catarina, que criou o Pronto Mobile voltado para o acompanhamento de casos de Coronavírus. Com o fim da pandemia, o aplicativo evoluiu e agora passa a permitir o agendamento de consultas, exames e solicitação de remédios, demonstrando que é possível criar aplicativos escaláveis, que possam agregar funções ao longo do tempo.
Dessa forma, o paciente não precisa esperar para ser atendido ou mesmo preencher fichas. Outro ponto é que todo seu histórico de saúde está salvo no aplicativo, juntamente com exames e receitas, que também são acessadas pelas farmácias populares.
Em se tratando de tempo e custos no poder público, é necessário pensar em projetos ágeis e que não onerem ainda mais o setor de saúde.
Para viabilizar esse modelo e trazer inovação para o setor, as plataformas Low-Code podem apoiar os desenvolvedores na construção de aplicações escaláveis, em menos tempo e com custos reduzidos.
É fato que o sistema público de saúde precisa de melhorias e, hoje, o atendimento ao cidadão é um dos serviços que apresenta uma grande insatisfação. Mas é possível resolver essa falha elevando a qualidade tecnológica dos hospitais e dos postos por meio de ferramentas que facilitem o acesso do cidadão a recursos já disponíveis que podem contribuir para o bem-estar social.
*Ricardo Recchi é country manager Brasil, Portugal e Cabo Verde da Genexus by Globant
*Walkirio Ricardo Costa é diretor de Sistemas e Inovação da Prefeitura de Blumenau