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Regulação da Inteligência Artificial e a inovação tecnológica do país

Regulação da Inteligência Artificial e a inovação tecnológica do país

Em webinar organizada pela ANPD, membros do Conselho Nacional de Proteção de Dados discutem os caminhos da conformidade sem impactar os avanços tecnológicos, especialmente nos treinamentos das inteligências e no trato com informações sensíveis dos titulares

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Na visão geral de especialistas da ANPD e CNPD, a Inteligência Artificial precisará ser regulamentada em algum momento, tanto no Brasil como no resto do mundo. A questão está em como será essa regulação e como ela pode equilibrar a defesa de informações sensíveis, sem limitar a inovação tecnológica do país.

“A finalidade dessa iniciativa é embarcar todo o ciclo de vida da tecnologia, desde a formação até aplicação dela. O nosso trabalho como membros do CNPD é saber os momentos certos em que a LGPD também poderá ser aplicada, especialmente no treinamento dessas inteligências de forma coesa e democrática. Os dois marcos legais deverão ser coordenados”, explica Laura Schertel, advogada e professora da Universidade de Brasília, durante Webinar promovido hoje (06) pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados.

O objetivo da discussão era entender a função da autarquia regulatória na formação do Projeto de Lei de regulamentação das inteligências Artificiais, bem como as interrelações com a LGPD. O painel reuniu representantes do CNPD, oriundos de diversos setores da economia nacional.

E a divergência entre os participantes estão pautadas principalmente quando a LGPD deverá ser levada em consideração e qual deve ser a profundidade dessa ação. Para a conselheira do CNPD, Ana Paula Bialer, viabilizar a tecnologia exige grandes bases de conteúdo, caminhando contra as preocupações da ANPD de coletar o menor número possível de dados, no menor tempo necessário para apenas aquela finalidade exclusiva.

“Portanto, precisamos repensar como essa nova lei entende as informações dos indivíduos, de forma a protegê-las à luz da LGPD sem comprometer os avanços tecnológicos. Alguns usos podem ser maléficos ao cidadão, portanto o papel do humano no contexto da IA deve responder a uma visão mais ampla do que simplesmente proteger o dado a todo custo”, disse Ana Paula.

Para Bruno Bioni, diretor-fundador do Data Privacy Brasil, a lei da Inteligência Artificial também deve cumprir uma função própria na Segurança, estabelecendo critérios de defesa aos detentores dos dados e direito ao contraditório aos operadores, de forma que se possa definir com mais certeza a responsabilização de eventuais problemas de vazamentos.

“Essa é a intersecção principal entre os temas, pois passamos a falar de um processo de defesa informacional, permitindo maior participação de litígios e ampla defesa. Será muito útil a esse debate pensar em uma governança coletiva da rede de dados, que entenda o papel da sociedade civil nas relações entre esses dois agentes”, explicou Bioni.

O papel da ANPD

 

A possibilidade de a regulação também trazer marcos sancionatório é outro desafio para a autarquia. De acordo com Fabrício Mota Alves, Sócio Coordenador de Direito Digital no Serur Advogados, é necessário considerar até onde vai a amplitude de atuação da ANPD, sendo importante a Autoridade atuar pensando nas próprias funções limites.

“Ainda não foi possível definir quem exercerá esse papel amplo e multisetorial de regulamentação da IA, porque o assunto abarca diversos campos distintos, como a própria proteção de dados. Entendo que será estabelecido um novo órgão regulador para isso, com a ANPD exercendo papel fundamental na defesa do seu próprio espaço”, sugeriu o jurista.

Independentemente de como se estabelecerá a governança de informações nas Inteligências Artificiais, a função crítica deles faz com que a Autoridade Nacional não possa se eximir de participar da discussão. Por isso, a instituição se dispôs a manter-se ativa nos espaços de debate e pesquisa, com o objetivo de garantir a inviolabilidade da privacidade dos usuários.

“A ANPD pretende contribuir com as discussões em todos os fóruns abertos e reforça a proteção de dados no contexto de regulação de IA. Essa questão ainda vai ser bastante discutida e vamos deixar a Autoridade habilitada caso essa responsabilidade recaia sobre nós também, assumindo mais um relevante papel no cenário nacional”, encerrou Waldemar Gonçalves, presidente da instituição.