Entre os membros da próxima geração de empresas familiares, 75% acreditam que ter uma estratégia para a era digital é essencial, embora apenas 7% avaliem que suas empresas estão se saindo bem nesse quesito. Da mesma forma, 82% da próxima geração pesquisada dizem que inovação é essencial para suas empresas, mas apenas 15% veem essa área como um ponto forte de suas organizações. Por isso, 36% dessas pessoas dizem sentir-se frequentemente frustrados com a atual geração sênior porque sente que eles não compreendem o potencial e os riscos do investimento em digital.
As informações são do novo estudo global realizado pela PwC, Same passion, different paths: How the next generation of Family business leaders are making their mark. O levantamento foi realizado com 135 membros da próxima geração de empresas familiares de 21 países, sendo 100 pesquisas quantitativas e 35 entrevistas qualitativas.
“Nossa pesquisa mostra que o digital é a área onde o gap geracional pode ser realmente positivo”, aponta Carlos Mendonça, sócio da PwC Brasil e líder do setor de empresas familiares. “Enquanto a geração passada é muito cautelosa em abraçar mudanças, a nova geração está animada para entrar na era digital”, completa.
Daniel Gentil, da Gentil Negócios, foi o membro brasileiro da próxima geração ouvido pelo estudo para a pesquisa qualitativa. “Eu quero dar ao nosso negócio familiar o tipo de mentalidade que as startups têm hoje”, afirma. “Sem esquecer o que foi construído até agora, mas abrindo possibilidades no mundo digital”.
“Nós somos a maior franquia de varejo do Brasil, com mais de 90 lojas, mas o varejo está mudando rápido e as marcas globais, como a Amazon, não têm lojas físicas. Os hábitos do consumidor estão mudando, e os varejistas têm de adaptar-se ao que ele quer. Vi um seminário sobre isso em Nova York e trouxe essa discussão para a família. Eles me nomearam o responsável por modernizar os negócios nesse sentido. Eu estava pensando em abrir uma startup digital minha, mas isso foi melhor ainda: posso trabalhar com inovação sem deixar de contribuir para o legado da família”, conta Daniel.
Os quatro modelos
A partir do perfil dos entrevistados para o estudo, a PwC traçou os quatro perfis de membros da próxima geração que serão responsáveis por conduzir os negócios de suas famílias a uma nova área. Os perfis são:
Mordomos: Indivíduos focados na sustentabilidade de longo prazo da empresa e em preservar sua lucratividade mantendo-se fiel ao core business.
Transformadores: Herdeiros que encaram a tarefa de realizar mudanças significativas na empresa da família, com conhecimento e apoio para fazê-lo.
Intraempreendedores: Aqueles cujas famílias abrem espaço dentro da empresa familiar para um empreendimento específico liderado pelo herdeiro –tornando-se, efetivamente, um empreendedor dentro da empresa familiar.
Empreendedores: Herdeiros que têm seus próprios negócios alheios à empresa familiar, frequentemente em áreas completamente distintas.
“Os membros da próxima geração têm muito a contribuir com a inovação e digitalização do portfólio dos negócios das famílias. Nossa pesquisa aponta que ‘sucesso’ pode significar muitas coisas, e há muitas formas de alcançá-lo”, conclui o executivo.