Mesmo com tantas demandas pela transformação digital, agilidade dos negócios e experiências disruptivas para os clientes, os departamentos de Tecnologia da Informação seguem sofrendo uma complexidade em suas operações: equilibrar custos com inovação. Uma pesquisa realizada pela IDC, com patrocínio da Dell EMC e Intel, revelou que em uma escala de 0 a 100, as empresas brasileiras atingiram uma média de 43,7 pontos, o que significa que o caminho para a modernização da própria TI ainda é longo.
“Podemos listar aqui alguns motivos para esse diagnóstico: os legados, infraestruturas montadas há alguns anos e que não acompanharam o avanço tecnológico, além disso, exigem um montante de dinheiro e tempo para manter as operações; uma recessão econômica que impossibilita novos investimentos; e falta ainda a TI se posicionar como uma área estratégica que traz um diferencial competitivo para a empresa”, destaca Marcelo Medeiros, VP da divisão de Soluções Computacionais e Rede da Dell EMC América Latina, durante almoço com a imprensa realizado hoje, 01, em São Paulo.
“Hoje, o CIO ainda está lidando diariamente com o legado, o operacional. Isso inibe a participação desse profissional em projetos estratégicos para os negócios”, acrescenta Pietro Delai, Pietro Delai, gerente de Pesquisa e Consultoria de Infraestrutura da IDC Brasil. “Além disso, estamos diante de muitos lançamentos tecnológicos e os gestores não conseguem acompanhar esse ritmo. Nossa sugestão é que as empresas enxerguem os players de tecnologia como parceiros nessa jornada de transformação digital”, completa Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil.
Maturidade em falta
O estudo da IDC Brasil entrevistou 250 profissionais responsáveis pela decisão de compra da infraestrutura de TI de empresas privadas dos setores como Finanças, Comércio, Manufatura e Serviços, todas com mais de 250 funcionários. Como era esperado, o segmento de Finanças lidera essa pontuação, com 45,2, seguida por Manufatura (44), Serviços (43,8) e Comércio (40,1).
A análise, realizada no segundo semestre de 2017, avaliou três grandes indicadores essenciais para a maturidade dos ambientes tecnológicos para suportar a transformação digital dos negócios: Processos Internos e Cultura, Automação de Processos e Modernização da Infraestrutura.
De acordo com o levantamento, a Automação de Processos foi o tema com os mais baixos resultados (média de 33,9 pontos) entre os indicadores. Em seguida aparece a Modernização da Infraestrutura (com 42 pontos) e os Processos Internos e Cultura (com 55,2 pontos).
Apenas uma entre quatro empresas acredita que as áreas de negócio enxergam a TI como um diferencial competitivo. Por outro lado, os gestores de TI estão se aproximando do core business, 45% das organizações têm os resultados de TI avaliados e discutidos com as áreas de negócio mensalmente.
A entrega ágil e cobrança por uso ainda está longe de ser uma realidade no Brasil. Além disso, 47% das empresas investem 60% do orçamento em manutenção de legado. “A base da transformação digital é o time to market, para isso, os sistemas ágeis com uso de DevOps têm papel fundamental para aceleração e modernização da TI”, pontua Pietro Delai.
Virtualização e cloud
Mesmo com um crescimento de 20% ao ano da adoção de computação na nuvem, apenas 9% das companhias entrevistadas estão, de fato, com operações consolidadas na cloud, seja ela pública, privada ou híbrida. A maioria está em estágio inicial.
Em relação à Automação de Processos, o estudo conclui que só uma pequena parcela das organizações já implementou mecanismos avançados para automatização, apesar dessa questão ser essencial para que as empresas tenham agilidade para adequar o ambiente de TI para as novas demandas dos negócios relacionadas à transformação digital.
O estudo aponta que a virtualização tem sido o principal ponto avaliado pelos gestores da infraestrutura de TI no sentido de automatizar a gestão dos ambientes e ter mais flexibilidade para atender novas demandas. Os servidores têm sido um dos recursos mais virtualizados pelas empresas, com 67% dos entrevistados indicando que apresentam de 51% a 100% do processamento em máquinas virtuais. Em contrapartida, os equipamentos de rede aparecem como um dos recursos menos virtualizados pelas organizações, com mais da metade dos entrevistados não utilizando esse recurso.
As novas soluções de infraestrutura não têm sido adotadas ou analisadas na velocidade adequada, 23% desconhecem o storage definido por software. Como reflexo, muitas das empresas ainda não avaliam o uso de infraestruturas definidas por software, apontadas como um caminho essencial para garantir a modernização dos ambientes para atender a demanda por transformação digital.
Quando questionados sobre a perspectiva de adoção das tecnologias mais recentes para a modernização da infraestrutura de TI, 13% já implementaram o storage definido por software e 8% planejam adotar em 12 a 24 meses.
“O balanço que fizemos é que temos muito espaço para crescer e avançar digitalmente em nossas organizações. A jornada de transformação é complexa, mas ela pode ser feita por módulos, fase por fase para chegar na excelência das tecnologias disruptivas”, completa Marcelo Medeiros. “Não fazer nada é algo impensável, mas para isso, é preciso fazer o básico bem feito para avançar para o próximo nível. A TI precisa superar o medo de aparecer, tem que ser mais estratégica para conseguir mais investimentos”, finaliza Pietro Delai.