Em meados de 1950, Alan Turing, pioneiro cientista da computação, fez algumas previsões sobre Inteligência Artificial. Entre elas a de que no final do século, o uso de palavras e opiniões em geral iriam sofrer tantas mudanças que as pessoas seriam capazes de falar sobre “machine thinking” sem contestações.
Quase 70 anos depois, já conhecemos muitos casos de inteligência artificial (IA), já que interagimos com máquinas todos os dias – isso, inclusive, deve se tornar cada vez mais intenso nos próximos anos. A expectativa é de que este ano seja um ponto de destaque onde, ao olharmos para trás, notaremos que a IA é real de fato e as empresas aproveitaram com sucesso para obter benefícios significativos.
Abaixo, alguns pontos que devem continuar em desenvolvimento em 2018:
Assistentes Virtuais Universais
A maioria de nós já interage com inteligência artificial no dia a dia. Ao ligar para bancos e seguradoras, conseguimos identificar que os chatbots que nos atendem ou direcionam nossas chamadas não são humanos. Em breve, esse atendimento deverá acontecer de forma mais natural e não perceberemos que são bots. Isso porque a compreensão de linguagem dessa tecnologia se desenvolve a todo tempo. Além de facilitar a compreensão no atendimento de pessoas (com sotaques, por exemplo), operários de call center serão poupados de responder repetidamente as mesmas questões básicas e passam a se concentrar em questões mais complexas que ainda exigem as características mais “humanas”, como a criatividade e empatia, por exemplo.
Programas de saúde do governo com IA
Embora a indústria de saúde seja reconhecida como cautelosa em relação à TI, nos últimos anos, os hospitais passaram a transformar seus sistemas baseados em papel em digitais. A IA já é utilizada em muitos casos para revisar esses registros médicos recém digitalizados e no apoio à times clínicos, ajudando a prever ou ressaltar condições ou comportamentos que ameaçam a vida. Com as despesas médicas tornando-se um tópico cada vez mais controverso na maioria dos países, provavelmente veremos a IA ser impulsionada para acelerar o diagnóstico e para a medicina preventiva – afinal, é mais econômico tratar doenças antes ou no começo do diagnóstico.
Pelo menos dois modelos de negócios disruptivos surgirão
A digitalização transformou muitas indústrias – há apenas alguns anos, teria sido impossível imaginar que o Alibaba, gigante no comércio virtual, não teria inventário, ou que o Airbnb, maior fornecedora de hospedagem do mundo, não teria imóveis de fato. Acredito que veremos a inteligência artificial entregar a interrupção em uma escala similar. O meu conselho é ficar de olho no setor de varejo – que está pronto para a primeira onda de interrupção baseada em IA, onde a tecnologia poderá substituir seu cônjuge e / ou amigo enquanto compra, fazendo sugestões não só para acessórios, mas também aconselhando seu estilo.
80% das grandes organizações investigarão a IA
Não existe nenhuma empresa que não se beneficiaria de alguma forma com o suporte da inteligência artificial. Para este ano, acredito que teremos um aumento acentuado no número de implementações ao vivo. De maneira que, pelo menos seis em cada dez empresas da região Europeia irão do estágio teórico para provas de conceito reais.
O efeito líquido da IA será positivo para a força de trabalho
Este ano, veremos surgir um mercado totalmente novo para empregos baseados em IA. Continuaremos com a demanda por indivíduos com habilidades em inteligência artificial, porém, na sequência, veremos uma nova onda de trabalhos menos técnicos – desde especialistas em experiência de usuários até redatores focados no atendimento ao cliente capazes de elaborar scripts de chatbot.
Os trabalhadores das linhas de produção terão cada vez mais colegas robóticos
Até os dias de hoje, os robôs foram amplamente restritos a tarefas focadas apenas em linhas de fabricação. No entanto, a geração emergente de robôs autônomos inteligentes pode ver, tocar e colaborar de forma segura com os humanos. Isso tudo ao mesmo tempo em que adotam o levantamento pesado do trabalho de montagem ou cuidam de tarefas rotineiras. Hoje, já é possível contar com robôs capazes de reconhecer quando os seres humanos estão próximos, o que garante menos exposição ao perigo de lesões, por exemplo, pelo movimento súbito e inesperado de um braço robótico. Veremos esta colaboração humano-robô com mais frequência – com humanos controlando e monitorando os processos.
Todas as indústrias vão utilizar IA em algum momento
Acredito que todas as indústrias manufatureiras adotarão a IA em pelo menos uma parte da cadeia de valor – seja na logística, fabricação ou manutenção. Na fabricação, o rendimento é prioridade, então veremos mais implementações de IA no nível de controle de procedimentos, utilizando a aprendizagem de máquina no controle dos processos para otimizar a produção. No nível de fábrica, veremos auxílio para otimizar a produção e repensar a forma de agir com relação à eventos inesperados, como atrasos dos fornecedores ou o tempo de inatividade da máquina que não estava no cronograma.
* Dr. Joseph Reger, CTO da Fujitsu EMEIA