Autor abordou os próximos passos na jornada de transformação do segmento bancário, destacando as oportunidades abertas pelo Open Banking à realidade das pessoas e empresas
Por Marin Mignot
Você é do tempo em que ir ao banco era uma tarefa demorada e cansativa? Se sim, então, certamente você deve achar que o modelo bancário atual é muito menos complicado do que já foi. Ainda mais agora, no caso, com a chegada de novidades como o PIX, o sistema de pagamento instantâneo instituído pelo Governo Federal aqui no Brasil. De fato, avançamos muito nos últimos anos. Mas é possível dizer que essa jornada de transformação ainda está longe de seu fim – sobretudo por um ponto: a chegada do Open Banking.
Previsto para entrar em vigor já em 2021, o Open Banking tem tudo para representar uma nova era para o segmento bancário e financeiro, impulsionando de vez a transformação digital. Isso porque, de forma prática, a abertura do sistema bancário permitirá o compartilhamento de dados dos usuários entre as instituições financeiras, liberando assim a troca de informações essenciais para a oferta de serviços e produtos dos mais variados tipos.
Indo direto ao ponto, porém, a grande novidade é que o cliente poderá escolher quais serviços ele quer contratar em cada companhia, obrigando “seu banco” a fornecer todas as informações necessárias para a compra de novos produtos em uma outra empresa. Ou seja, você pode ter uma conta no Banco A, ter o cartão de crédito da Fintech B e investir a partir do plano da Companhia C, com todo seu histórico sendo simultaneamente compartilhado por todas essas organizações.
Como resultado, o esperado é que os preços caíam e que novos players surjam para atrair os consumidores. Mas não é só isso: com o acesso completo ao histórico de seus consumidores, as companhias do setor poderão personalizar suas ofertas, entregando o que, de fato, faz sentido para o cliente. Com o usuário no comando e podendo escolher os serviços e o fornecedor que melhor se adequam a sua vontade, as fintechs, bancos e corporações terão que reinventar suas estratégias e estruturas para poder ofertar os serviços que mais correspondem às necessidades de seus consumidores.
Para os consumidores, portanto, o Open Banking representa uma nova forma de fazer valer suas escolhas. Não por acaso, segundo pesquisa da EY, 53% dos clientes brasileiros que não veem problemas em saber que os bancos estão compartilhando seus dados, desde que isso represente o surgimento de novos serviços relevantes – e que eles tenham, sempre, garantias sobre a segurança de suas informações.
Os clientes observam de maneira positiva o movimento de abertura dos dados. Já as companhias, no entanto, estão diante de um cenário em que a grande ordem é superar os desafios – sendo que o maior deles, agora, é o curto prazo para a implementação do Open Banking. Segundo a portaria do Governo Federal, a primeira fase de atendimento aos clientes deve começar até meados de julho, se estendendo até a finalização do projeto de implementação, em dezembro.
Vale destacar que a possibilidade de navegar entre diferentes soluções e empresas fará com que a experiência dos clientes ganhe ainda mais valor, e que os sistemas de vendas e pagamentos tenham que funcionar de forma ininterrupta. Os apps e ferramentas de pagamento, por exemplo, deverão ter peso extra nas transações, com as operações cada vez mais migrando para o mundo digital.
Isso significa que as companhias precisam buscar o quanto antes a inovação necessária para aprimorar sua estrutura tecnológica e permitir o envio e recebimento de dados a partir desse tráfego constante entre as instituições. Uma forma, sem dúvida, é buscar o que já está sendo aplicado no mercado. Afinal, é preciso investir em segurança, encontrar métodos de gestão de informação mais confiáveis e definir o gerenciamento de transações garantindo ao máximo a assertividade.
Neste cenário, o desenvolvimento de novas soluções de pagamento, carteira eletrônica e gestão de transações devem ganhar destaque, incrementando um ecossistema que, tudo indica, deverá ser cada vez mais marcado pela concorrência e pela necessidade de se oferecer o máximo de praticidade aos clientes. O mercado de meios de pagamento já evoluiu muito e certamente continuará como um dos mais avançados do mundo. Nessa jornada de inovação, todos que participam da cadeia devem ser favorecidos: do consumidor ao ponto-de-venda. Como dizia Tom Peters, a inovação é a única coisa permanente.