Quando olhamos o mercado de saúde no Brasil, imediatamente nos forma a imagem do CAOS, filas infindáveis, procedimentos errados, descaso no atendimento, falha humana, altos custos enfim uma enxurrada de pensamentos negativos, mas será que isto é assim mesmo? E quantas milhares de histórias positivas não são apresentadas? Eu tendo a crer mais nas atitudes positivas que na mídia negativa.
Neste momento, você deve estar se perguntando, o que isto tem a ver com cloud computing na saúde? Eu respondo, estamos tão presos às mesmas crenças, dogmas e paradigmas que dificilmente vemos espaço para inovação. Acreditamos no Brasil que a inovação é algo que vem de fora.
Lamentavelmente a conversa sobre Cloud Computing começa de forma equivocada, como qualquer tecnologia, por princípio deveríamos nos fazer as perguntas corretas e a primeira delas deveria ser: “Quais problemas queremos resolver? ”. Sem as perguntas certas, naturalmente as respostas serão evasivas e rasas, liderando-nos a falhas de projeto colossais. Afastando-nos cada vez mais da tão sonhada adição de valor ao negócio.
Cloud computing é a base que habilita a inovação a partir da imensidão de possibilidades em começarmos algo pequeno e ágil para escalas “infinitas” através de uma modelo fundamentado em três pilares: economia – agilidade – inovação.
Economia, por propiciar um novo formato que se resume ao pagamento pelo uso atual e não o investimento no uso potencial. Enxugando os desperdícios causados pela preocupação dos arquitetos de solução, em não controlar variáveis de projeto, muitas vezes ou quase sempre, incontroláveis.
Agilidade da entrega de novos recursos, aplicações, áreas de armazenamento, adaptação de regulações, utilização de novas ferramentas, testes e a possibilidade da criação de um espaço de margem para erro.
Inovação, desta forma temos espaço para margem de erro, podemos então arriscar mais, assim nascem as oportunidades de inovação que mudam conceitos e realmente diferenciam os negócios, no caso da saúde salvam vidas e inspiram pessoas.
Um exemplo entre os inúmeros desafios em saúde é o armazenamento, as diversas interpretações das normas e boas práticas abrem caminho para uma incerteza na qual o tempo, os registros, exames e laudos devem ser armazenados. Com o avanço da qualidade dos equipamentos de exames por imagem, a média por exame tem aumentado muito.
Nos anos 2000, a média por exame era de 5MB por estudo, nos dias atuais 26MB. Hoje, é muito comum falarmos em 1TB por mês de crescimento, num hospital de médio porte. Como ficaremos em 10 anos? Quais novas tecnologias surgirão? Qual será a demanda de armazenamento? Temos aqui duas variáveis: o tamanho de cada estudo e o tempo de armazenamento e retenção. Hipoteticamente aumentando a resolução e dobrando o tamanho de cada exame bem como aumentando a retenção, e agora? Com as variáveis anteriores 1TB por mês em três anos não é nada preocupante, porém 5TB por mês? Em 10 anos? Talvez 20 anos? Novos desafios começam a nos rodear.
Há um comportamento econômico em cloud computing que cabe neste exemplo que citei acima: a medição do uso atual X o uso potencial. Qualquer projeto ou decisão de compra sempre é feita uma pergunta: Para quanto tempo esta solução nos atenderá? Com esta resposta traçamos o uso potencial. Reparem que são utilizadas aqui premissas que potencialmente poderão sofrer mutações as quais invalidarão a vida útil do projeto. Para mais ou menos e teoricamente não faz diferença, pois você terá tomado uma decisão de investimento que certamente não será a mais efetiva.
Estas mudanças são responsáveis pelas ineficiências do processo decisório de compra, pois causa um arrepio para qualquer profissional ter que responder a palavra mais temerária em tecnologia: DEPENDE.
O uso atual traz uma perspectiva clara de pagar pelo que se utiliza e não pelo que talvez, um dia, sobre certas circunstâncias, considerando certas variáveis eventualmente utilizaríamos.
Este é o poder de cloud computing e esta agilidade traz economia que pode ser aplicada em inovação, criando um ciclo virtuoso que pode trazer notícias positivas e casos que inspirem a tecnologia na Saúde.
*Ricardo Perazzolo é diretor da Vortex, empresa especializada em Data Center.