Por Lais Carnival
A autora do artigo destaca as inovações e mudanças no modelo de pagamento em nosso mercado
O que você faz com suas ideias? Guarda-as para si com o objetivo de desenvolvê-las em um momento certo ou, ao contrário, prefere dividir com outras pessoas? Para muitos líderes corporativos do passado, essa pergunta tem uma só resposta possível – esconder as ideias, sempre. Mas o tempo mudou e, ao que tudo indica, a resposta para essa pergunta também.
Em uma sociedade marcada pela colaboração e informação constante, está cada vez mais claro que imaginar algo verdadeiramente novo se transformou em uma possibilidade bastante improvável. Mesmo que você encontre um insight brilhante, o fato é que estamos trocando ideias o tempo todo – e isso precisa ser levado em consideração também quando o assunto é inovação.
Para as empresas, isso significa uma mudança de paradigma. Ao invés de concentrar todos os esforços de desenvolvimento “dentro de casa”, os líderes do mundo corporativo estão identificando, de uma forma cada vez mais rápida, que o segredo do sucesso é olhar para fora em busca de novidades e informações que façam real sentido para seus planos de inovação.
Essa forma de ver é o que tem feito com que o conceito de Open Innovation (inovação aberta, em português) tenha ganhado espaço no mercado global, apresentando um novo ponto de vista para a geração de ideias dentro das organizações. De acordo com pesquisas da 100 Open Startups, plataforma que conecta startups e empresas dos mais variados setores, o número de companhias que vêm adotando modelos de trabalho abertos tem aumentado sempre acima dos 20% nos últimos a nos.
De forma prática, o Open Innovation permite que o conhecimento circule, transformando a inovação em um ativo que vai além das fronteiras de um único negócio. É nesse sentido que as parcerias entre startups, grandes operações e associações ligadas ao público estão redefinindo os parâmetros de transformação para, de fato, tornar o mundo em um lugar melhor.
Como exemplo, posso citar o trabalho que temos realizado no mercado de meios de pagamento. É inegável que esse mercado está mudando rapidamente com a aceleração das tecnologias digitais e que, inclusive, o processo de pagamento está ocupando novos sentidos na vida das pessoas. Hoje, mais de 60% dos brasileiros já recorrem a modelos eletrônicos como opção número um para pagar suas compras – e, a partir desse ponto, organizar suas contas via smartphone, computador etc.
Essa realidade sem dúvida gera grandes oportunidades para este setor no futuro. Mas será que uma companhia sozinha seria capaz de adivinhar e definir qual será o futuro? Evidentemente que não. É preciso ampliar o horizonte e estar atento para identificar as novidades que serão mais interessantes e eficazes – e é nesse sentido que os programas de Inovação Aberta representam um poderoso aliado.
Ao investir nessas ações, estamos criando uma aproximação estratégica entre todos os interessados neste ecossistema em ascensão no mundo inteiro, garantindo colaboração real para maximizar as iniciativas e gerar impacto positivo na vida das pessoas.
É importante destacar, porém, que as startups têm um papel crucial nesse processo, reforçando a agilidade, dinâmica e assertividade nas ações, com foco real no que é verdadeiramente útil para o desenvolvimento e para o usuário. O objetivo é cruzar a experiência das grandes companhias e a dinâmica questionadora dos novos empreendimentos para, assim, sermos capazes de oferecer a transformação desejada pelos consumidores.
A aproximação dos diferentes players faz com que as informações e ideias sejam mais discutidas, aprimoradas e que gerem conexões de valor. Embora a propriedade intelectual seja um tema que siga relevante, guardar uma ideia no bolso não gerará nenhum retorno – e é preciso considerar isso, também.
Criar soluções em conjunto é uma forma mais inteligente e inovadora de resolver grandes problemas do mercado e da sociedade. Para que novos e melhores meios de pagamentos cheguem até a sociedade, é necessário que haja interesse em se ouvir as pessoas, conversando de forma franca com todos os agentes envolvidos nesse processo.
Sobretudo agora, em tempos tão imprevisíveis como o gerado pela pandemia de Covid-19, é crucial que nos perguntemos como podemos gerar experiências de pagamento positivas para cada cliente espalhado pelo Brasil e o mundo. Não há dúvida de que essa é a grande questão que deve permear a indústria. E é por isso que a inovação aberta precisa fazer parte de nossa agenda o quanto antes.
Somente com o diálogo franco e honesto é que poderemos inovar de verdade, garantindo o desenvolvimento de soluções contemporâneas, tecnológicas e focadas na experiência dos usuários e impor tantes para todos nós.
*Lais Carnival, Gerente Sênior de Inovação da Worldline