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“New Retail” de Jack Ma e os desafios no Brasil

“New Retail” de Jack Ma e os desafios no Brasil

Modelo de negócio, batizado pelo bilionário chinês fundador do Alibaba, precisará de dados, tecnologia e integração constante entre online e off-line – só assim conseguirá impactar o consumidor do presente e do futuro

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Quem trabalha com comércio eletrônico certamente sabe quem é Jack Ma, o bilionário chinês fundador e, por enquanto CEO do Alibaba. Prestes a preparar sua sucessão nos negócios, ele batizou seu modelo de negócio como New Retail, ou simplesmente “novo varejo”. Diz Ma: “Novo Varejo não é somente O2O (online para off-line), mas a combinação perfeita de logística, sistema de pagamentos, blockchain e políticas”. Confuso? Nem tanto, se você estiver preparado para isso.

 

Voltei recentemente da China justamente para entender o New Retail e tenho uma única constatação: os chineses têm uma obsessão gigantesca por dados! Essa quantidade expressiva de informação tem sido a grande matéria-prima do país para alavancar sua competitividade em relação aos demais players de todo o mundo. É o que faz o Alibaba competir em condições de igualdade com outras marcas enormes.

 

A capacidade em capturar, processar e analisar tais bases transformou essas empresas em grandes plataformas de negócio, integrando e-commerces, marketplaces, meios de pagamento, logística, conteúdo e entretenimento – suportadas por uma forte base de infraestrutura e tecnologia. Além disso, o formato de execução assusta pela eficiência e rapidez, em um modelo que combina grandes jornadas e foco em uma missão: posicionar a China como líder tecnológica e, posteriormente, avançar agressivamente para o resto do globo.

 

O Brasil, aos poucos, começa a dar passos importantes em direção à este caminho. Conceitos como omnichannel já fazem parte do nosso vocabulário e desenvolvemos soluções para atingir esse cenário. Dois desafios precisam ser superados para isto:

 

Infraestrutrura: o acesso rápido, de boa qualidade e baixo custo na China é um dos pontos que a faz crescer no setor de tecnologia. Existem plataformas de APP que subsidiam banda para usuários. O consumo de Internet é completamente democratizado, fazendo com que idosos ou pessoas de áreas rurais também estejam conectados. No Brasil, apesar do país ter subido recentemente de 25º para 18º no ranking de computação em nuvem da Software Alliance (BSA), que avalia desde a legislação de tecnologia até a capacidade de acesso, ainda resta muito a ser feito. Os 120 milhões de usuários com acesso à Internet no país representam apenas 59% da população, abaixo da média de 67% das outras nações avaliadas no estudo. Além disso, a velocidade média da conexão brasileira móvel é de 5 megabytes por segundo, muito abaixo dos níveis internacionais, em torno de 11 Mbps.

 

Desbancarização: aproximadamente um terço da população mundial não possui conta em banco. No Brasil, estudo recente do IBGE indica que 60 milhões de pessoas são desbancarizadas, isto representa quase metade da população economicamente ativa do país. Na China, esse fenômeno é ainda maior, com 20% dos chineses com conta em banco. Isso explica o crescimento das e-wallets (carteiras digitais), que proporcionam serviços financeiros dissociados das instituições financeiras. Aplicativos como WeChat e AliPay totalizam 80% do mercado de pagamentos móveis e formam um duopólio de aproximadamente 1,5 bilhão de usuários. Os pagamentos são feitos via QR Code e, no WeChat, já é possível pagar contas como água, luz e gás de forma integrada.

 

A caminhada para o varejo brasileiro ainda pode parecer longa, mas não há tempo a perder. O New Retail de Jack Ma já está moldando novos negócios em todo o mundo – e quem demorar para enxergar isso irá ficar para trás. O “novo varejo” precisará de dados, tecnologia e integração constante entre online e off-line – só assim conseguirá impactar o consumidor do presente e do futuro.

 

* Flavia Pini é CMO na FX Retail Analytics