Na próxima década, todas as empresas serão orientadas por dados. Essa é uma das conclusões do estudo ‘The Next Era of Human-Machine Partnerships’ (A Nova Era de Parcerias Homem-Máquina) encomendado pela Dell e realizado pelo IFTF (Institute for the Future), que mapeou o impacto que as novas tecnologias devem ter na vida e no trabalho das pessoas até 2030.
Entre as tecnologias emergentes, além dos dados, a ascensão da inteligência artificial (IA) já está trazendo benefícios reais para os resultados gerais dos negócios e muitas empresas, de diferentes portes e tamanhos, já estão incorporando o uso dessa tecnologia em seus projetos.
No Brasil, é possível identificar o uso da inteligência artificial facilmente nas operações das centrais de relacionamento com o cliente, que realiza parte ou todo o atendimento utilizando recursos de Bots de bate-papo. Essa solução utiliza a tecnologia da IA para aprender e aperfeiçoar a qualidade do atendimento à medida que mais consumidores interagem com a ferramenta. As áreas de marketing também aproveitam dos insights recebidos por esses sistemas para criar produtos ou serviços ou até mesmo reagir rapidamente às tendências do mercado.
Mas há muitas outras aplicações que usam a inteligência artificial para melhorar os processos produtivos como, por exemplo, o gerenciamento de inventário ou departamentos que usam a tecnologia para detectar fraudes e evitar riscos de segurança. Dentro de alguns anos, independentemente do tipo de aplicação, quase todas as linhas de negócios, em todos os setores, utilizarão os benefícios da adoção de tecnologias como machine learning (aprendizagem de máquina) e deep learning (aprendizagem profunda).
Um ponto chave para o sucesso, ou fracasso, dessas iniciativas dependem, no entanto, que as organizações percebam que a aplicação da inteligência artificial só é possível se realizada em um trabalho em equipe, o que exige, inclusive, o suporte do departamento de TI.
O que pode parecer surpreendente, no entanto, é que muitas empresas não incluem a área de TI em suas iniciativas. Um estudo recente da Forrester Consulting descobriu que linhas de negócios ignoram completamente os departamentos de TI (de 15 a 20% do tempo) quando estão trabalhando em suas iniciativas baseadas em inteligência artificial. Embora pareça uma porcentagem pequena, as possíveis repercussões não são. Ao ignorar a TI, as empresas podem ter sérias implicações levando a grandes problemas de curto e longo prazo.
Muitas empresas estão aprendendo a lição de que ignorar a TI pode trazer problemas que levam ao aumento nos custos, brechas de segurança e uma série de outros problemas, que colocam a reputação da empresa em risco. Mesmo com as melhores intenções, erros inesperados nas implantações de inteligência artificial podem rapidamente vir à tona e, assim, causar danos significativos à reputação da empresa e à capacidade de ter sucesso no futuro.
A boa notícia é que os CIOs e os líderes de TI estão preparados para liderar esses projetos de inteligência artificial para que todos obtenham benefícios. Eles podem ajudar a priorizar e determinar em quais projetos vale a pena investir, considerando os recursos disponíveis. A TI pode fornecer orientação estratégica sobre onde começar e avaliar o panorama, que é essencial para alcançar o sucesso.
Outra fase importante é a de testes. A recomendação é começar pequeno, ter uma vantagem antecipada com a inteligência artificial antes de passar para um projeto crítico com maior importância, que poderia causar problemas significativos se algo desse errado. Os líderes de TI podem ajudar a investigar e orientar essas conversas, garantindo que a estratégia se alinhe à da empresa como um todo.
Os líderes de TI também entendem melhor do que ninguém as novas demandas colocadas pela inteligência artificial em relação a software e hardware. Se a infraestrutura da empresa não estiver preparada para lidar com um aumento nas cargas de trabalho e, por consequência, grandes volumes de dados, os projetos podem acabar custando mais tempo e dinheiro. A TI conhece melhor seus sistemas internos e pode recomendar fornecedores confiáveis, que é outro componente crucial. Esses parceiros serão responsáveis por fornecer ciência especializada de dados e recursos de engenharia para obter ganhos rápidos para estabelecer mudanças significativas em toda a organização.
Outro aspecto fundamental é que os profissionais de TI devem estar cientes das atividades para implementar controles e segurança centralizada. Assim, tanto é possível garantir que os dados fiquem protegidos e seguros, como também atender a normas e legislações de conformidades em nível mundial e de acordo com a legislação brasileira.
Embora a inteligência artificial seja incrível, a operação dela é complexa e é imperativo que se estabeleça uma ponte entre os profissionais, os processos e a tecnologia necessária para alcançar os resultados desejados. A implementação da inteligência artificial é realmente um trabalho em equipe, se trabalharmos juntos, todos ganharão.
* Luis Gonçalves é vice-presidente Sênior e Gerente Geral da Dell EMC Brasil