O varejo brasileiro cresceu 2,5% em 2018 em relação a 2017, depois de descontada a inflação, conforme mostra o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). Essa foi a primeira vez desde 2014 que o índice fechou o ano com resultado positivo. Em termos nominais, que refletem o que o varejista de fato observa na receita das suas vendas, o indicador registrou alta de 5,3% na comparação com o ano anterior, acelerando e apresentando o maior crescimento desde 2015.
Outro ponto positivo de crescimento foi impulsionado pela Black Friday. O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística divulgou que o mês de novembro do ano passado foi o melhor desde 2000, reflexo das vendas da sexta-feira de desconto em todo país. Na visão de Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, 2019 tende a ser um ano melhor para o setor com uma retomada mais consistente de investimento e inovação.
“Para falarmos de varejo e consumo, é fundamental olhar para quatro pontos importantes da economia: índice de confiança do consumidor; emprego; crédito; e renda. Diante da melhora nesses quatro fatores, podemos dizer que a agenda institucional política e econômica do país nos traz mais segurança para afirmar que será um ano bom, com uma retomada do crescimento”, pontua o especialista.
Para ele, o Brasil viveu um ciclo de dois anos (entre 2015 e 2016) de uma crise muito profunda com altas taxas de desemprego e a recuperação dos anos seguintes foi muito tímida, trazendo diversas incertezas. Por isso, esse ano tende a ser melhor para a inovação no varejo brasileiro, caso a equipe econômica e novo governo mantenham bom ritmo de desempenho até o final do ano.
Depois da tempestade, vem a bonança
E nesse cenário de novas possibilidades e otimismo, os varejistas brasileiros tendem a retomar os investimentos em inovação. Aqui, a tecnologia ganha ainda mais relevância nas estratégias de crescimento, principalmente nas demandas trazidas pela transformação digital com destaque para automação, inteligência artificial, robótica, loja digital, assistentes de voz e reconhecimento facial.
Essa semana, a maior feira do Varejo aconteceu em Nova York, a National Retail Federation Retail’s Big Show (NRF 2019), destacando esses temas junto aos mais de 38.000 participantes. Além de tecnologia, o evento falou de modelos de negócio, pessoas, inovações e jornada do consumidor, temas que fazem muito sentido para o varejo no Brasil.
“O que se tem discutido aqui é o tamanho e a velocidade da mudança nesse setor. Além disso, a demanda em mapear a jornada do consumidor, desde a escolha da sua marca preferida até o processo que vai acontecendo entre conclusão do pedido e entrega”, acrescenta Eduardo Terra.
Não só a jornada do consumidor foi destaque entre as tendências da NRF, mas também as iniciativas de omnichannel e inteligência artificial. Temas quentes que podem ajudar o varejo brasileiro a aproveitar a retomada do setor para apostar em novas estratégias.
A multicanalidade é um assunto já falando há um tempo no Brasil, mas ainda existe um gap entre desenhar a estratégia e executar, colocar de fato o plano em ação da maneira mais eficaz. A integração dos canais é o principal desafio nessa equação e a lição de casa é aprimorar a experiência do cliente, possibilitando uma navegação mais natural entre o mundo físico e online.
“Estratégia versus execução é um tema muito sensível na geração de resultado das empresas de varejo. Em muitos casos, o planejamento foi bem formulado, mas a aplicabilidade não rendeu o esperado. Os resultados vêm a partir de uma boa execução”, completa Terra.