Métodos diferentes de descoberta e implementação de novidades de TI no mercado de healthtechs são capazes de alavancar os negócios das companhias emergentes
Por Mendel Sanger
Mais do que nunca, o tema inovação vem sendo muito difundido entre as diferentes verticais que movimentam a economia. E não é novidade que o mercado de saúde vem se transformando a cada dia, especialmente após a chegada da pandemia. Prova disto é o significativo crescimento das healthtechs, startups dedicadas a solucionar problemas e levar inovação ao setor de saúde. De acordo com um estudo da Liga Ventures em parceria com a PwC Brasil, o número de healthtechs no Brasil aumentou 16,11% somente entre 2019 e 2022.
Além disso, o advento da telemedicina com a regulamentação promovida pelo Conselho Federal de Medicina e a crescente adoção de sistemas de gestão nas instituições de saúde, por exemplo, foram algumas das inovações que impulsionaram o mercado de saúde nos últimos anos. Isto significa que a inovação que antes parecia tão distante deste segmento, veio para ficar.
Para se ter uma ideia, segundo um relatório da State of Digital Health, em 2021, o investimento tecnológico global nas instituições de saúde atingiu a marca de US$ 57,2 bilhões, representando um aumento de 79% em relação a 2020. Mas, em um cenário pós-pandêmico, como manter a inovação estimulada na saúde?
Os tipos de inovação
Primeiro, é necessário entender que existem dois tipos de inovação: a incremental e a disruptiva. A primeira não necessariamente significa implementar uma ideia inédita, mas sim buscar a otimização de um processo que já existe. A área da saúde, por exemplo, conta com uma alta burocracia, bem como uma série de documentos que precisam ser assinados pelos pacientes para dar andamento a um tratamento ou a uma internação. Ao automatizar este processo, ganha-se mais agilidade, além de contribuir para a diminuição da margem de erros de digitação de dados. Isto pode ser considerado uma inovação.
Já a inovação disruptiva, pode ser definida como uma ideia completamente diferente, porém com o objetivo de obter um resultado esperado. Isto pode ocorrer ao implementar uma nova tecnologia em uma instituição de saúde, que antes não contava com processos digitalizados e integrados. É o caso de organizações que não contam com sistemas de gestão hospitalar. Ao aderir este tipo de recurso, fica nítido a quebra de paradigmas dentro da instituição, que antes não obtinha o controle necessário com relação aos dados e a integridade das informações.
Assim, as organizações que prestam serviços de saúde, pela abrangência e complexidade de processos, demandam uma gestão capaz de integrar processos, pessoas e informações. A implantação de um sistema de gestão hospitalar promove à automação que proporciona uma melhora expressiva no controle de processos, possibilitando maior eficiência, qualidade no atendimento ao paciente por meio da prescrição e do prontuário eletrônico, segurança e aumento da produtividade. Além disso, inovar por meio do sistema de gestão possibilita um gerenciamento eficiente das atividades administrativas, financeiras, assistenciais e operacionais. Isso tudo faz toda a diferença para acompanhar as mudanças e enfrentar os desafios. Ganham a instituição, os profissionais e os pacientes.
E como implementar a inovação?
Para seguir fomentando a inovação em uma organização, é preciso explorar atentamente alguns pilares cruciais: produtos&processos, organização, habilidades, gerenciamento, ambiente de trabalho e ensinar&aprender. O primeiro deles está relacionado à análise criteriosa de produtos e processos, que precisam contar com objetivos claros e bem definidos para apresentar um diferencial competitivo ao mercado. Depois, é importante atentar-se às habilidades que uma instituição inovadora deve desenvolver em seu time, sempre instigando que os colaboradores testem novas ideias, e, em caso de erros, ajustem a rota rapidamente.
Indo ao encontro a esta ideia, as novas gerações estão chegando ao mercado de trabalho cada vez mais preparadas para inovar. Prova disto, é a presença da Geração Z, os nativos digitais, nascidos entre 1995 e 2010, no mercado de trabalho. O grande desafio das organizações neste sentido está na retenção desses talentos e em promover um ambiente alinhado aos propósitos desta geração.
Por isso, é necessário que a organização fomente a formação contínua do time, incentivando o trabalho em equipe e o pensamento analítico dos colaboradores. Além disso, a gerência precisa ser uma comunicadora que preze pele orientação digital, empatia e empreendedorismo, aguçando a criatividade e a habilidade da equipe em exercer multitarefas.
Tecnologia como pilar da inovação
Vale ressaltar que as melhores decisões são tomadas com muita informação e conhecimento. Nesse sentido, os profissionais da área de saúde precisam entender a real aplicação de cada tecnologia, todos os recursos da disponibilidade do uso da ferramenta, e como a tecnologia pode ser inserida no negócio para oferecer mais agilidade nessa tomada de decisão. Muitas vezes, tomar uma decisão em menor tempo, na área da saúde, pode significar salvar uma vida.
Desta forma, é necessário que as instituições de saúde incentivem a coragem por parte dos steakholders em inovar, sejam em novas tecnologias ou na otimização de um processo antiquado, sem é claro, se esquecer de sempre seguir atentamente as leis no ambiente de trabalho, entendendo cada norma para saber o risco da inovação. Com esses conceitos em mente e estimulando os skills necessários, será possível implementar a inovação de forma contínua não apenas nas organizações de saúde, mas em todas as verticais da economia.
Mendel Sanger é Diretor Executivo da Digisystem