Um estudo recente do Gartner estimou que 181 bilhões de dólares serão investidos na migração de sistemas para cloud até 2020. Ou seja, com a transformação digital, cada vez mais presente e necessária, a jornada para nuvem é uma trajetória natural e, por isso, veremos muitas companhias realizando este movimento.
Entretanto, muitas corporações até o momento não levaram sua estrutura de TI para esse ambiente. Segundo a IBM, 80% dos dados, informações e sistemas das empresas ainda não migraram para a nova realidade. Em 2019, haverá um boom de serviços e soluções em nuvem, dentro de modelos como Saas (Software as a Service), Paas (Plaftorm as a Service) e Iaas (Infrastructure as a Service), todos apontando para um caminho sem volta.
Parte dessa estatística, ou seja, o percentual das empresas que ainda não começaram a jornada para a nuvem, pode estar relacionado à preocupação em relação a um cenário técnico turbulento, com muitas adaptações a serem realizadas, além de treinamentos. Muitas organizações e responsáveis pelas áreas de TI podem ainda estar em dúvida quanto a essa mudança, se ela vale a pena diante de uma perspectiva muito trabalhosa. Por estas razões, gostaria de compartilhar a minha experiência dentro da Termomecanica que, para quem não está familiarizado, é uma das maiores indústrias privadas brasileiras, líder no setor de transformação de Cobre e suas ligas e, mais recentemente, também fabricante de produtos em Alumínio.
Depois de quatro meses de termos concluído o processo de migração do nosso ambiente de TI, posso garantir: o sucesso foi confirmado. Conseguimos migrar 70% da nossa infraestrutura para a nuvem (o restante foi virtualizado), sem passar por transtornos como de latência e de desempenho. Por muito tempo, nossos sistemas estavam instalados em um ambiente particular, do qual tínhamos total controle. Sabíamos onde estava e o que estava sendo feito em cada um deles. Na nuvem, a administração do ambiente passa a ser compartilhada: a equipe interna, com foco nas demandas de negócio, e a equipe do provedor de olhos nas questões técnicas e com preocupação em garantir tudo que diz respeito à disponibilidade.
Ao todo, foi um ano de trabalho desde o início dessa jornada para nuvem. Executamos o projeto fase a fase, passando pelo planejamento, em seguida por todas as etapas de desenvolvimento, até entrarmos em produção. O processo consumiu cerca de duas mil horas de trabalho de funcionários das áreas de TI e de negócios, mas o esforço valeu a pena.
Hoje, já podemos considerar três ótimas vantagens de embarcar nessa jornada para a nuvem: flexibilidade, podendo expandir o ambiente onde estamos e adequar a estrutura conforme a demanda; disponibilidade, que permite acessar recursos exclusivos de redundância, além de compartilhá-los no ambiente SAP por mais tempo; e a tão buscada redução de custos, já que, quanto maior é a oferta de computação e armazenamento na nuvem, mais barato fica a migração. Em nosso caso, obtivemos uma economia de 35% com sistemas.
A jornada para nuvem dá trabalho e não é simples, por isso é preciso ter muito planejamento, além de engajamento das equipes e dos usuários. Outro aspecto que foi – e continua sendo – essencial para o bom funcionamento da migração foi o amparo técnico dos fornecedores, que ajudou a conduzir a mudança de forma natural e certeira.
Como este foi um projeto que envolveu muitas pessoas dentro da empresa, foi imprescindível tratá-lo com transparência. Durante o percurso, toda a empresa foi sendo informada sobre os procedimentos e cada passo que dávamos rumo à conclusão. E, já que houve um alinhamento em tempo real, não foi preciso nenhum tipo de treinamento aos funcionários em relação a isso.
Está claro para mim que, independentemente da área ou tamanho da empresa, a tendência é que elas adotem cada vez mais os ambientes em cloud. Não é um trabalho fácil e nem rápido, mas também não é impossível como muitas pessoas podem achar. Os benefícios e vantagens da jornada para nuvem são muitos e, pode confiar, realmente dá certo.
*Walter Sanches é CIO da Termomecanica