53,2% dos entrevistados citaram a inclusão financeira como a maior oportunidade para as fintechs na região e 46,4% permanecem indiferentes à desaceleração econômica, descrevendo-a como “parte natural do ciclo de negócios e esperada”
A inclusão financeira continua sendo a maior oportunidade para fintechs na América Latina segundo 53,2% dos tomadores de decisão de fintechs da região. Em comparação com 55,6% no ano passado, o tema está à frente de questões como conformidade financeira, transparência e transformação digital para impulsionar negócios locais.
A evidência aparece no segundo estudo realizado pela Fintech Nexus e a agência de comunicação Latam Intersect PR, State of LatAm Fintech 2022 que analisa os problemas, barreiras e prioridades enfrentadas pelo setor de fintech em toda a região. Os resultados foram compilados a partir de pesquisas realizadas com 250 profissionais que trabalham no setor, na América Latina.
De acordo com os dados, quando se trata de possíveis barreiras para as fintechs alcançarem seu potencial na América Latina, 61% dos entrevistados em 2022 consideram ‘um ambiente regulatório favorável’ como o principal (acima de 54,2% em 2021), seguido por 29,7% que citam ‘a ausência de financiamento’ como a principal barreira (acima de 27,1% em 2021).
Olhando além do setor bancário e financeiro, enquanto o varejo continua representando a esfera com maior probabilidade de se beneficiar pelas fintechs (mencionado por 42,6% dos entrevistados), esse percentual se compara a 59,7% de 2021. Aumentos notáveis incluem agricultura (pesca, agricultura, processamento de alimentos) indicada por 14% (12,5% em 2021) e serviços (consultoria, publicidade e marketing) indicada por 10,8% dos entrevistados (em comparação com 7,8% em 2021). Também tendo os setores de saúde (6,8%) e educação (6,4%) em destaque, citados por uma parcela ínfima dos entrevistados no ano passado.
Joy Schwartz, presidente da Fintech Nexus, afirma que as descobertas deste ano também revelaram a resiliência do setor de fintech na América Latina.
“Este ano foi marcado pela desaceleração econômica e pela inflação em muitos países da região. A redução subsequente nos volumes e valores de negócios das fintechs parece ter tido pouco efeito nas perspectivas do mercado. 46,4% dos profissionais da área parecem resilientes à queda, descrevendo-a como “uma parte natural e esperada do ciclo de negócios”.
“Outra descoberta com relevância particular é a questão de confiança: 39,8% dos entrevistados consideram a falta de confiança nos serviços bancários online e fintech como a maior barreira para uma maior adesão. Quando consideramos a importância e a oportunidade representada pela inclusão financeira é crucial para o setor estabelecer e manter um relacionamento próximo com as comunidades que mais poderiam se beneficiar”, concluiu.
De acordo com 31,6% dos entrevistados, o maior impacto positivo na região virá da regulamentação do governo para reduzir taxas e encargos bancários para segmentos de consumidores sub-representados. Enquanto 30,4% declaram que os incentivos fiscais e comerciais aumentam as transações on-line e é um papel crucial para a inclusão financeira.
“O papel e a importância do apoio do governo como meio de impulsionar a inclusão financeira por meio do setor fintech é claramente revelado nas conclusões deste ano. Por exemplo, devido aos subsídios do governo durante a pandemia, estima-se que no Brasil 17% dos desbancarizados se bancarizem e na Argentina, o programa do governo gerou cerca de três milhões de novas contas bancárias”, explica Roger Darashah, Sócio Fundador da LatAm Intersect PR.
Darashah destaca uma informação – ou oportunidade potencial – emergente das descobertas:
“Embora o surgimento de tecnologias de última geração, como Web3 e Metaverso, sejam reconhecidos, a adoção mainstream provavelmente será mais lenta de acordo com nossa pesquisa. Apenas 11,1% dos entrevistados atualmente investem e desenvolvem serviços da Web3. Surpreendentemente, 33,3% descrevem as tecnologias como atualmente ‘irrelevantes para o presente’ e não têm planos de investir”.
“E, de acordo com nossos dados, são os entrevistados que trabalham em organizações B2C e em funções voltadas para o cliente que se destacam com 10,5% e 12,9%, respectivamente, descrevendo o Metaverso como ‘absolutamente fundamental’ e já estão investindo no desenvolvimento de serviços da Web3. Acredito que esta realidade está ligada ao apoio e à regulamentação do governo destacada anteriormente. À medida que a legislação relativa ao Web3 for esclarecida na América Latina, a implantação será feita”, concluiu Roger.