A NRF 2023, maior evento ligado à tecnologia no setor de Varejo, trouxe para essa nova edição boa parte das tendências mercadológicas já anunciadas, mas agora com aplicações práticas e acessíveis ao segmento. Entretanto, os varejistas devem garantir questões básicas antes de se transformarem digitalmente
A NRF Retail’s Big Show 2023 se encerrou na última terça feira (17), depois de três dias de debates e demonstrações de tendências digitais para o mercado global de Varejo. A feira foi capaz de oferecer insights importantes para os mais de 40 mil inscritos, um salto de participação em comparação à edição anterior. Desse cálculo de congressistas, a comitiva brasileira representou 2 mil pessoas, fazendo dela a terceira maior, atrás de EUA e Canadá.
Toda a participação da NRF desse ano foi marcada por tratativas a respeito das aplicações de inteligência artificial às necessidades do Varejo. Isso inclui o desenvolvimento de personalização das experiências dos consumidores, hiperautomação dos processos, transformação das culturas de omnicanalidade e “fisgital”, entre várias outras aplicações da tecnologia abastecida com dados coletados pela aprendizagem das máquinas.
“Falando apenas do nosso universo, todos eles perceberam que não há mais volta ao passado, ou seja, a Tecnologia da Informação será a habilitadora do Varejo no futuro. Os brasileiros entenderam também que a inteligência artificial está mais acessível e é uma ferramenta para cuidar de espaços muito importantes no negócio”, comenta Wagner Bernardes, CEO da SEAL Sistemas, em entrevista para a Decision Report.
Bernardes ainda ressaltou a informação de que os players que mais cresceram no Varejo são aqueles que trabalharam para investir massivamente em melhoras de processos, de atendimento e de experiência do consumidor através da tecnologia.
“Curiosamente esses que mais cresceram eram os primeiros colocados no mercado, pois fizeram investimentos maiores e se prepararam melhor para realidades como o omnichannel. Isso deve servir de alerta para as outras redes mais atrás no ranking não ficarem em desvantagem, pois isso evidencia como a tecnologia faz o negócio melhorar muito rapidamente”, aconselhou o executivo.
A inteligência artificial, que já vinha assumindo destaque em outras edições do evento, agora apareceu como ferramenta ao alcance das empresas e pronta para ser colocada em uso nas mais variadas funções: desde Sistemas de execução de tarefas dentro das lojas e análises comportamentais de consumo até coleta de dados a partir do reconhecimento facial dos clientes.
A ideia principal é usar a IA na sua base de dados para que possa criar regras e gerar possibilidades de tendências. Usando o banco de dados com informações colhidas pelas atividades dos clientes, é possível já calcular quais sãos os produtos que aquele consumidor compra, levando em conta uma variedade de outros dados para delinear uma linha de raciocínio personalizada para o cuidado com aquele cliente em particular.
“Fala-se muito da importância da antecipação, embora seja comum esperarmos os dados chegarem para depois tomar as decisões. A IA te permite fazer previsões baseadas muito mais em históricos e aprendizados anteriores. À medida que se calibra as variáveis, suas previsões vão ficando mais certeiras e isso gera maior competitividade, menos perdas e até maior assertividade nas ofertas com o consumidor”, acrescenta o CEO.
Antes, cumprir o básico
Todavia, alguns desafios ainda se colocam no caminho, tanto de varejistas brasileiros, como de redes internacionais. Um deles é saber a hora certa para investir em tecnologias, sabendo quando as funções básicas estão sendo garantidas com naturalidade pelo cotidiano da organização. Questões como reabastecimento de gôndolas e atualização de preços em tempo real precisam já existir antes de se aventurar no processo de transformação digital.
Outro problema é saber quais serão as funcionalidades em que se aplicarão toda a massa de dados disponíveis na rede tecnológica do Varejo. Somente depois de estabelecidos os objetivos é que será possível, como parte da jornada, fazer tratativas diferentes, com profissionais capacitados e de departamentos distintos.
“Percebo que capacidades para coletar e digerir dados estão mais disponíveis. Na verdade, essas tecnologias já estão andando muito mais rápido do que a capacidade dos varejistas de usarem toda a gama de dados. Todos reconhecem a importância, querem usar, mas no dia a dia, falta ao varejista se dispor a promover a transformação digital para aplicar esses recursos. Daí que a aplicação de inteligência artificial se torna até preventiva, porque você passa a ter o computador analisando os dados e devolvendo previsões”, concluiu Bernardes.