Embora dados e voz caminhem cada vez mais na mesma direção, a indústria de TI e de Telecom ainda preserva algumas especificidades. Muitas empresas que atuavam tradicionalmente no mundo da conectividade estão ampliando seu portfólio e oferecendo soluções convergentes. Esse é o caso da Huawei. A gigante chinesa conhecida como um forte player de comunicação, aproveitou o palco do seu evento anual, o Connect 2019, de 18 a 20 de setembro, para marcar presença no mundo da TI.
A empresa, sediada em Shenzhen, escolheu a moderna cidade de Shanghai para sediar seu evento. Aqui, a tradição milenar chinesa se mistura aos modernos arranha-céus, sinalizando a grande transformação que acontece hoje na China. A escolha traduz a própria mudança da Huawei em direção a uma empresa convergente, aberta e globalizada. No palco foram exibidas a nova linha de processadores, ultra rápidos e escaláveis; a nova versão do seu sistema operacional; e uma nova arquitetura de Inteligência Artificial em nuvem com dezenas de novos serviços.
“Uma computação acessível é a força motriz do avanço da sociedade”, afirmou Hou Jinlong, presidente de Produtos e Serviços de Nuvem e Inteligência Artificial da Huawei. Para ele, garantir capacidade de computação será um divisor de águas na indústria de TIC e vai permitir a evolução de aplicações de IA no futuro. Essa computação pode estar tanto nos data centers privados quanto nos serviços de nuvem, mas em ambos os casos serão essenciais para permitir aplicações inteligentes e automatizadas.
A Huawei enfatiza sua estratégia de Cloud como a base para a oferta de uma indústria de computação aberta, uma arquitetura mais heterogênea, baseada em uma computação múltipla, em que cada bit de dados tenha um valor. “Estamos investindo em um sistema de computação com código aberto, para garantir uma evolução mais saudável e ao mesmo tempo capaz de ser alcançada por qualquer país do mundo”, reforçou Hou Jinlong.
Vale ressaltar que a estratégia da gigante chinesa não esta direcionada somente ao mundo da Tecnologia da Informaçāo como fortemente baseada no conceito open source. Esse modelo está sendo batizado de “computação inclusiva” e sinaliza a intenção da gigante chinesa de incentivar o desenvolvimento de soluções na sua plataforma, com investimentos pesados em parcerias ao redor do mundo. “Estamos pensando o mercado como um grande ecossistema e seguiremos investindo em desenvolvimento para que a Informática traga cada vez mais benefícios à sociedade”, sentenciou Hou Jinlong.
Abertura ampla, geral e irrestrita
Michael Ma, presidente da linha de produtos Cloud da Huawei foi incumbido de anunciar os novos produtos denominados por ele de “computação inteligente”. Um mundo baseado em sistemas avançados requer uma capacidade computacional mais potente, com múltiplos processadores e possibilidade de intercâmbio de dados com distintos componentes e é isso que a empresa promete oferecer com seu novo processador Kupeng, que traz ainda como característica principal baixo consumo energético.
Também no mundo dos processadores, a chinesa enfatiza o modelo colaborativo, abrindo o desenho da placa e publicando os standards para os seus parceiros de desenvolvimento, com a intenção de que eles desenhem produtos que atendam a diferentes demandas. Segundo Michael Ma, a Huawei está muito bem posicionada mundialmente no ranking de servidores, possui mais de 30 modelos e mais de 3 mil profissionais em sua área de engenharia.
Quando se trata de Inteligência Artificial, a mesma filosofia open source foi adotada para a família Ascend, conhecida como arquitetura Da Vinci, uma alusão ao grande inventor do século passado. Durante o evento, foram apresentados também produtos da linha Atlas, baseados nos processadores Ascend, exibidos como novas versões de clusters de treinamento em Inteligência Artificial. Esses servidores se traduzem na grande aposta da Huawei para marcar presença no disputado mundo da IA.
Para sustentar a estratégia open source, a Huwaei pretende cultivar um ecossistema baseado no Ascend e também no seu processador Kupeng. Essa união oferece uma infraestrutura que vai do servidor, passa pelo armazenamento, sistema operacional, middleware, base de dados, serviços em nuvem e aplicações. “Queremos que os desenvolvedores superem seus limites de computação e possam explorar ao máximo os recursos do 5G com essa plataforma aberta”, enfatizou Seaway Zhang, presidente de Cloud Communication da Huawei.
Lançado em 2015, o programa de desenvolvedores evoluiu para a nuvem em 2018 e esse ano está em fase de internacionalização. Nos próximos cinco anos, o programa contará com 1.5 bilhāo de dólares de investimento para atingir empresas, startups e universidades em todos os continentes. No roadmap da Huawei também estāo previstos para 2020 diversos anúncios na área de TIC, entre eles um novo sistema operacional e uma nova base de dados.
Graça Sermoud viajou para Shanghai a convite da Huawei