Não há muitas dúvidas de que o principal ativo de uma empresa de serviços é o conhecimento. É ele que gera o valor percebido pelo mercado e estabelece os parâmetros de qualidade, eficiência e diferenciação que orientam o processo de tomada de decisão de um cliente na hora da compra.
No entanto, é muito difícil definir o conhecimento corporativo. Ele está, em parte, nas pessoas, que passam por treinamentos e capacitações; e, em parte, na própria organização, por meio de normas, processos, metodologias e estruturas operacionais. Além disso, existe um componente extremamente relevante que surge no dia a dia das operações: soluções criativas que poderiam ser eventualmente replicadas e lições aprendidas em casos de sucesso ou fracasso.
Um dos grandes desafios das empresas atualmente é como capturar, estruturar e replicar esse conhecimento. Como fazê-lo de forma eficiente? Ao tentar responder a essas questões entramos em discussões filosóficas a respeito do “conhecimento tácito” e do “conhecimento explícito” que, em termos práticos, agregam muito pouco ao tema, pois sempre há algo que não soa adequado. Recentemente, acho que entendi a razão.
Em primeiro lugar, nessas discussões, o conhecimento “surge” em vários contextos dentro da organização – meio que por geração espontânea, sem muito controle do processo. Até aí, tudo bem! O problema é que no debate sobre como capturar o conhecimento há sempre uma postura de olhar para trás. Não que isso não seja importante, mas uma vez que o conhecimento foi criado, as organizações precisam capturá-lo, estruturá-lo e registrá-lo. Portanto, o que falta nessa equação é a gestão do conhecimento do futuro. É gerir o conhecimento que ainda não existe!
Minha preocupação está associada ao fato de que vivemos um processo de transição econômica muito relevante em âmbito global. Cadeias de valor se transformam em alta velocidade, novos modelos de negócios são criados, e a tecnologia tem um papel fundamental nessa jornada. Agregar sistemas inteligentes e de analytics à convergência de plataformas tecnológicas e outros processos dessa natureza reconfigura o ambiente de TI com uma rapidez nunca vista.
Tanto que muitos CIOs e CEOs se perguntam, atualmente, qual a melhor rota a seguir, buscando, em outras empresas, apoio aos seus processos para definir estratégias de longo prazo. A verdade é que as respostas, em muitos casos, ainda não foram elaboradas. Por isso, nos defrontamos, frequentemente, com situações nas quais temos que construir respostas junto com nossos clientes.
Como, então, gerenciar esse conhecimento que ainda não está disponível? Como agregar valor aos nossos clientes na fronteira da inovação? Esse é, talvez, o desafio mais importante que enfrentamos no momento. Para resolver essa questão, precisamos entender quais elementos são fundamentais para a construção desses novos paradigmas. É preciso associar elementos previamente existentes a novos componentes capturados no mercado através das mais variadas fontes: “white papers”, relatórios de instituições de pesquisa, artigos acadêmicos, apresentações de parceiros, dentre outros.
É essencial, também, a criação de grupos de discussão e comunidades de inovação. É necessário muito espírito empreendedor para formar times que não querem apenas resolver o problema que têm agora nas mãos, mas também aqueles que ainda sequer apareceram. E, por fim, alavancar o máximo possível as ferramentas e estruturas desenhadas para permitir, de forma flexível, o desenvolvimento profissional das pessoas, o compartilhamento de informações e a criação de grupos de trabalho. Tudo isso a partir de uma atitude inquieta, curiosa e adequada para aqueles que não se contentam com fórmulas prontas e que anseiam por desafiar o novo.
* Rodrigo Parreira é CEO da Logicalis Latin America