Investimento em tecnologias digitais, como inteligência artificial, machine learning, automação e robótica, crescerá 32 vezes mais do que a economia da região no próximo ano, e 70% das empresas não estão aproveitando ao máximo o valor agregado das tecnologias devido à falta de habilidades de seus funcionários
Mesmo diante de grandes desafios macroeconômicos, os investimentos em infraestrutura de TI na América Latina vão superar o crescimento do PIB em 2023, de acordo com o IDC FutureScape: Latin America Predictions 2023 da IDC Latin America.
O estudo, que revela as principais expectativas da indústria de TI da América Latina para o ano que vem e suas implicações, mostra ainda que os desafios não serão apenas tecnológicos, mas humanos, já que existe uma necessidade de mudanças culturais para que se possa acreditar em um futuro automatizado e com mais formação e capacitação de talentos de TI para enfrentar os novos desafios empresariais.
Para Alejandro Floreán, vice-presidente de Pesquisa e Consultoria da IDC Latin America, “apesar da taxa de crescimento do PIB esperada para a região ser de apenas 2,1%, o investimento em tecnologias com foco em negócios, como nuvem, redes, armazenamento e outros serviços profissionais, aumentará cerca de 12%. Além disso, as tecnologias digitais emergentes, como inteligência artificial, machine learning, automação e robótica, devem crescer 69% até o ano que vem, o que representa 32 vezes mais do que a taxa de crescimento da economia latino-americana em recessão”.
Floreán complementa a análise afirmando que “2% é uma taxa de crescimento baixa, considerando todo o potencial que a América Latina oferece. Porém, a boa notícia é que os gastos corporativos com TI estão crescendo à margem do restante da economia. A única categoria de TI que vemos com um impacto negativo é o mercado de dispositivos, ou seja, PCs, smartphones e impressoras, e isso se deve à inflação”.
Previsões para 2023:
1. Conectividade, segurança e computação: Até 2028, mais de 35% dos orçamentos de TI das 5 mil maiores empresas da América Latina irão para conectividade, segurança e computação. Os CIOs se concentrarão na governança e no gerenciamento de TI e criarão equipes de TI autônomas que podem identificar e resolver problemas rapidamente, ajudando na expansão dos negócios.
2. Investimento em tecnologia ‘tech by wire’: Até 2026, 40% da infraestrutura de TI adotará tecnologias tech by wire (tecnologia por fio), que agregam inteligência artificial e dados para a tomada de decisões corporativas. Apesar dos benefícios que a automação traz, o tech by wire será percebido como um desafio para os membros de equipes de TI que precisam desenvolver habilidades fundamentais para entregar o máximo valor a suas organizações.
3. Lacuna de capacitação em TI: A tecnologia da informação está evoluindo muito mais rápido do que os seres humanos conseguem acompanhar, e a IDC prevê que até 2026, 70% das empresas não aproveitarão totalmente o valor agregado que a nuvem, os dados e a automação podem oferecer. Com o desafio de gerenciar cargas de trabalho cada vez mais complexas, as empresas precisarão trabalhar em estreita colaboração com os fornecedores de TI e seus departamentos de RH a fim de garantir que encontrem e treinem os talentos do setor de forma adequada.
4. Soberania de dados: Como as empresas armazenam seus dados em locais distintos ou com diferentes provedores de nuvem, elas enfrentam cada vez mais o desafio da soberania dos dados, em que os dados estão subordinados às leis e estruturas de governança do país onde foram coletados e não onde são armazenados. Até 2026, essa soberania de dados levará os CIOs a mudarem equipes, orçamentos e processos operacionais em mais de 30% dos ativos de dados e TI.
5. As a Service: XaaS (Everything as a Service) é um termo que se refere à entrega e gerenciamento de qualquer tecnologia como um serviço de nuvem por um provedor terceirizado. O modelo de negócios de pagamentos por uso pode oferecer vantagens no que se refere a economia de custos, mas também pode dificultar a projeção de gastos e benefícios a longo prazo. Sem considerar outros benefícios como inovação e eficiência operacional, a adoção de infraestrutura/software como serviço cairá para 40% em 2026.
6. Experiência incluída: O modelo como serviço também promete ajudar as empresas a preencherem sua escassez de vagas de TI, que deve chegar a 2,5 milhões na América Latina até 2026. Ao final de 2026, 30% das ofertas de aaS nas áreas de segurança e operações comerciais devem ter “experiência incluída”.
7. Contratempos na cadeia de suprimentos: Nem todos os atrasos no investimento em TI podem ser atribuídos à falta de formação ou conscientização sobre os benefícios que a tecnologia da informação pode oferecer. Os gargalos da cadeia de suprimentos, especialmente de silício, observados durante a pandemia, continuarão nos próximos anos.
8. Modernização de TI: As empresas latino-americanas terão que agir rapidamente para modernizar sua infraestrutura de tecnologia para garantir que os dados possam ser compartilhados e não fiquem presos em silos ou servidores desconectados de outras partes da organização. Até 2027, 25% das empresas que tentarem usar ofertas de tecnologia por fio ainda enfrentarão problemas com a proliferação de sistemas de controle isolados que aumentam os custos de conectividade e limitam o compartilhamento de dados.
9. Mudança cultural: As questões culturais também atuarão como um impedimento para a adoção de tecnologias mais recentes na região. Até 2027, cerca de 50% das 5 mil maiores organizações da América Latina experimentarão um crescimento mais lento devido à falta de confiança nas tecnologias digitais emergentes por parte dos líderes empresariais.
10. Visão artificial: Para 2028, as empresas de crescimento mais rápido na América Latina serão aquelas com capacidade de implementar e usar a visão artificial como um recurso inerente a qualquer novo produto ou processo.