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Fragmentação Digital ameaça crescimento e inovação globais de empresas

Fragmentação Digital ameaça crescimento e inovação globais de empresas

Estudo da Accenture mostra que a tendência da “globalização digital”, alimentada por dados de fluxo livre, está dando lugar à “fragmentação digital”, impulsionada por barreiras crescentes à globalização

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Novo estudo da Accenture sinaliza que o aumento das restrições à livre circulação de dados, produtos, serviços e talentos de TI nas fronteiras entre países – chamado de “fragmentação digital” – está transformando o ambiente empresarial global e pode inibir estratégias e planos de crescimento e inovação das empresas.

 

Diante de uma série de desafios, o estudo destaca como algumas empresas pesquisadas já estão enfrentando os obstáculos crescentes à globalização em seu planejamento estratégico e faz quatro recomendações para ajudar as empresas a recalibrar sua transformação digital.

 

Para o relatório, entitulado “Digital Fragmentation: Adapt to Succeed in a Fragmented World”, a Accenture Research entrevistou mais de 400 Chief Information Officers (CIOs) e Chief Technology Officers (CTOs) em empresas multinacionais de oito países; conduziu entrevistas aprofundadas com especialistas em política, economia e negócios digitais e realizou pesquisas e análises complementares.

 

Ele mostra que 74% dos líderes de negócios entrevistados esperam sair de um mercado geográfico, atrasar e até mesmo abandonar planos de entrada de mercado ao longo dos próximos três anos em decorrência do crescimento das barreiras à globalização.

 

O estudo mostra que a tendência da “globalização digital”, alimentada por dados de fluxo livre, está dando lugar à “fragmentação digital”, impulsionada por barreiras crescentes à globalização. Um desses exemplos é a quadruplicação de medidas comerciais restritivas adotadas pelos membros do G20 desde a crise financeira global, passando de 324 em 2010 para 1.263 em 2016; outro é a triplicação nas últimas duas décadas do número de países com leis de privacidade de dados, de 34 em 1995 para mais de 100 em 2015.

 

Além disso, o impacto da fragmentação digital em empresas multinacionais representa uma ameaça ao crescimento e à inovação. Mais da metade acredita que o aumento das barreiras à globalização irá comprometer suas habilidades para: usar ou oferecer serviços baseados na nuvem (citado por 54% dos entrevistados, contra 14% que discordam); usar ou oferecer serviços de dados e analytics em mercados nacionais (54% contra 15%); e operar efetivamente entre diferentes padrões nacionais de TI (58% contra 18%).

 

“Nosso estudo deixa claro que as empresas estão começando a fazer mudanças fundamentais em seus planos estratégicos e operacionais para várias áreas, incluindo arquiteturas de TI globais, recrutamento de talentos de TI, estratégia física de localização de TI segurança cibernética”, afirma Omar Abbosh, Chief Strategy Officer (CSO) da Accenture. “Essas regras podem fornecer salvaguardas críticas para a nova economia digital. Mas elas deveriam ser desenvolvidas para estimular, em vez de inibir, o crescimento e a inovação. Um diálogo mais intenso entre empresas e governos poderá ajudar.”

 

De acordo com o estudo, mais da metade acredita que esse aumento nas barreiras à globalização irá forçar suas empresas a repensar suas: arquiteturas globais de TI (para 60% dos entrevistados); estratégia física de localização de TI (52%); estratégia e capacidades de segurança cibernética (51%); relacionamento com fornecedores de TI locais e globais (50%) e estratégia geográfica para talentos de TI (50%).

 

A fragmentação digital também irá criar inúmeros desafios operacionais para empresas, aumentando o custo e a complexidade de fazer negócios. Por exemplo, 91% dos entrevistados acredita que o aumento de barreiras à globalização irá aumentar os custos de TI ao longo dos próximos três anos. Os principais fatores esperados para o aumento de custos de TI são o custo de insumos de abastecimento, como o talento informático; requisitos para duplicar ou multiplicar infraestrutura de TI, como data centers; e o cumprimento de diferentes padrões nacionais de TI.

 

“Diferentemente do discurso de vários evangelizadores digitais, as fronteiras nacionais importam, sim”, afirma Armen Ovanessoff, Diretor da Accenture Research. “Os líderes de negócios estão se dando conta de sua responsabilidade na formulação das regras para nosso futuro digital. Quando pensamos nas transformações profundas que ainda estão por vir em áreas como inteligência artificial, biotecnologia e Internet das Coisas, fica claro que este é apenas o início de uma jornada complexa que exige cooperação transfronteiriça e entre setores”.

 

Apesar de todos esses desafios, o estudo destaca que muitas empresas estão começando a planejar suas respostas à crescente fragmentação. Na verdade, quatro em cada cinco (ou 80%) das empresas entrevistadas afirmaram que já estão avaliando os obstáculos crescentes à globalização em seu planejamento estratégico e cerca da metade (51%) já está reorganizando suas arquiteturas e estruturas de governança globais.

 

O estudo faz quatro recomendações gerais para ajudar as empresas a recalibrar sua transformação digital:

 

Olhe para o planejamento estratégico com outros olhos. Os executivos devem rever ou avaliar todas as questões importantes, e os conselhos corporativos devem reconhecer o impacto de um mundo cada vez mais fragmentado, dedicando tempo à discussão dos efeitos no negócio como um todo. Por exemplo, a pegada geográfica da empresa é apropriada para o terreno global em evolução? É necessário realocar investimentos nos mercados e redistribuir as principais funções globais em diferentes jurisdições? Como transformar redundância em planos de infraestrutura?

 

Fluxos de dados geográficos e de redução de risco. As empresas devem proteger os fluxos de informação necessários para as principais decisões e operações de negócios, especialmente quando a oferta do negócio tem como base a tecnologia digital. É necessário avaliar o modo como regulamentações de dados, como as restrições transfronteiriças nacionais, afetarão seu modelo de negócios e planos de crescimento. E elas precisam reavaliar onde e como diferentes tipos de dados são mantidos – o que pode significar a busca por um meio termo entre segurança e facilidade de acesso.

 

Invista na vantagem local. A fragmentação digital dá novo significado à importância das multinacionais se mostrarem “genuinamente locais” em todos seus mercados de atuação.  Incluindo a avaliação do grau certo de centralização de estratégias, processos e infraestrutura de TI. Um envolvimento maior com os mercados locais provavelmente exigirá investimentos no desenvolvimento de talentos locais, bem como a construção de relacionamentos com parceiros de tecnologia e decisores políticos locais.

 

Use a tecnologia como parte da solução. Tecnologias novas e emergentes podem trazer complicações a um ambiente operacional fragmentado, mas também indicar novos caminhos para o sucesso. Por exemplo, a impressão em 3D pode ser uma opção nova e flexível para a organização de pegadas globais de fabricação. A inteligência artificial, por meio da automação ou realidade aumentada, pode ajudar a resolver restrições sobre a migração de talentos. E a tecnologia blockchain pode proporcionar sistemas mais seguros, descentralizados e distribuídos para proteção de dados e riscos de cibersegurança.

 

“A fragmentação digital é parte do nosso novo contexto de negócios”, afirma Abbosh. “Essa nova geração de tecnologias digitais exponenciais precisa ser integrada em uma verdadeira colcha de retalhos formada por blocos nacionais e regionais. E as empresas terão que mostrar sua capacidade de antecipação e agilidade para alcançarem suas aspirações digitais nesse ambiente.”