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Fintechs, bancos digitais, open banking: para onde vamos?

Fintechs, bancos digitais, open banking: para onde vamos?

Futuro da tecnologia financeira passa pela evolução dessas novas empresas, e a capacidade de companhias tradicionais se adequarem ao entendimento do consumidor

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O futuro é agora quando falamos em tecnologia financeira. E o crescimento de inovações nesse sentido é ininterrupto. De acordo com levantamento do Finnovation, o número de startups que atuam no segmento, as chamadas fintechs, quase dobrou do fim de 2016 até junho deste ano. Hoje já são mais de 370 empresas que fornecem soluções, que vão desde meios de pagamentos, gestão financeira pessoal, empréstimos e até mesmo gestão de patrimônio. Não é possível, porém, que haja essa inovação sem o consentimento de consumidores e empresas tradicionais.

 

Alguns setores sentem essa transformação com mais intensidade, especialmente as instituições financeiras e as empresas de varejo. Uma série de mudanças regulatórias promovidas pelo Banco Central permitiu um maior estreitamento entre essas companhias inovadoras com corporações tradicionais. Desde que o Conselho Monetário Nacional (CMN) liberou as fintechs para ofertar empréstimos com recursos próprios, a procura de varejistas por parcerias com essas empresas de tecnologia financeira se intensificou. A ideia dos lojistas é substituir os bancos na oferta de crédito aos seus clientes e ganhar eficiência. Este seria o diferencial das startups.

 

É justamente essa mentalidade inovadora um dos grandes diferenciais que tem trazido as fintechs para os holofotes do mercado financeiro e das empresas. Aderir a elas para não perder sua fatia de mercado é a bola da vez nas discussões entre executivos. Exemplo disso é o caso do Nubank. A empresa mostrou a grandes varejistas como o Renner e Saraiva que seus cartões podem servir muito mais que apenas para a compra de produtos. Ou seja, os diferenciais vão muito além do serviço em si. Estamos falando de uma experiência completa que o usuário pode obter.

 

A fusão de tecnologia financeira, experiência do usuário e reinvenção do varejo cria um ecossistema que deixará de ser novidade para ser mandatório. Nos Estados Unidos, por exemplo, a rede de cafeterias Starbucks criou um cartão que já acumula, em saldo, mais dinheiro que muitos bancos médios americanos. Ao atrelar o cartão fidelidade ao pagamento de seus produtos, a empresa usou a mentalidade fintech para prover melhores serviços, algo que sempre colocou como missão. Aqui estamos falando de fidelização do consumidor.

 

E fidelizar é também dar liberdade e opção para que o consumidor possa seguir o caminho que mais lhe é conveniente. É o conceito do open banking. A iniciativa integra sistemas de bancos no meio digital, possibilitando a criação de negócios e parcerias. Com a digitalização dos bancos, a medida está se tornando cada vez mais comum – fintechs estão se associando com estas instituições para oferecer a compensação de pagamentos mais rápida para seus clientes, entre outros benefícios.

 

Algumas das melhorias estão na facilidade em transitar por diversas instituições e optar por aquela que mais atenda aos objetivos. Com o open banking será possível migrar de banco tão fácil como trocar de chip de celular. E por que não, levar junto para o seu novo banco todos os extratos, boletos e lista de favorecidos da sua velha instituição financeira? O Banco Central já enxergava essa possibilidade em 2006, mas só hoje com esse conceito é que temos as ferramentas para concretizar essa visão.

 

A mesma dinâmica acontece com os cartões multicontas. Com o uso de um aplicativo, você decide de qual conta o cartão deve debitar naquele momento. E essa integração ocorre de novo com a tríade fintechs, bancos e varejo por intermédio dos chamados private-labels. O desafio agora é implementar soluções que englobem os dispositivos móveis. Cabe a esses players trazerem suas próprias plataformas de pagamento para se adaptar à jornada do cliente.

 

O futuro da tecnologia financeira passa pela evolução dessas novas empresas, e a capacidade de companhias tradicionais se adequarem ao entendimento do consumidor. Isso só é possível por meio de insights estratégicos, processos analíticos e de parceiros adequados que possam fornecer o know-how necessário para que o velho mundo e o novo possam ser um só.

 

* Marcelo Oliveira é Chief Product Officer do Verity Group