“Nunca me vi fazendo outra coisa”
Um computador “enorme”, segundo ela própria em sua visão de criança, na sala da casa de um amigo da escola cujo pai trabalhava com tecnologia foi algo que a impressionou e que foi um gatilho para sua escolha profissional. “Eu vi aquelas coisas aparecendo na tela e fiquei impressionada.” Assim começa a história de Rosana Zago, hoje Líder de Transformação Digital da Usina São Martinho, uma das maiores companhias sucroenergéticas do mundo, referência na produção de derivados da cana-de-açúcar, como açúcar, etanol, bioenergia e levedura, e do milho, como, DDGs e óleo de milho, com quatro unidades, três no interior de São Paulo e uma no estado de Goiás.
Confirmando o desejo de criança, cursou Análise de Sistemas e entrou na Oracle como estagiária, onde foi efetivada e ficou por cinco anos. Rosana conta que nunca foi aquela programadora que fica atrás do computador codificando. “Gosto da interação com o público”, e diz que hoje se vê muito mais como líder de pessoas, voltada ao desenvolvimento de seus liderados. “E isso é muito mais difícil do que desenvolver programas”, afirma. Segundo ela, seu foco hoje é em transformação. “Gosto de ver a mudança acontecer,” E acrescenta: “não sou de rotina e acho que é por isso que gosto de tecnologia.”
Na São Martinho desde janeiro de 2022, Rosana é a primeira a ocupar este cargo criado para apoiar a consolidação da estratégia da empresa. Ela explica que o objetivo é viabilizar tecnologias de projetos que têm como foco a inovação, como o uso de IOT e IA. Rosana trabalha com inovação aberta tendo como parceiras start-ups participantes do Cubo, do grupo Itaú, e a israelense Ibtech, que atuam em codesenvolvimento com a gigante agroindustrial. Seu primeiro desafio foi o de aumentar a produtividade do canavial e, entre as soluções, foi desenvolvida uma plataforma de manejo integrado de pragas que, utilizando imagens de satélite, drones e IA, detecta a incidência de doença na plantação e oferece recomendações de solução de forma preditiva.
Outro projeto sob seu comando é a estruturação da área de dados estabelecendo sua política, governança e segurança garantindo melhores condições para acoplar as inovações advindas da parceria com start-ups e a implantação de uma plataforma digital com recurso de data lake. Também em desenvolvimento a manutenção de máquinas agrícolas de forma preditiva com o uso de IOT para a detecção de possíveis falhas antes que estas ocorram. A área de Digital faz uso atualmente de IA generativa em projetos que têm por objetivo o aumento da produtividade no backoffice incluindo jurídico, suprimentos e a própria TI.
Antes da São Martinho, no período da pandemia, Rosana liderou a TI na Coopercitrus, uma das maiores cooperativas agrícolas do País, com mais de 70 mil associados entre São Paulo, Minas Gerais e Goiás que atua no fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos e suporte técnico para os associados. A cooperativa já utilizava SAP e Rosana liderou a migração do sistema para nuvem e implementou a área de segurança da informação em um trabalho conjunto com o departamento jurídico.
Na Lactalis, empresa de origem francesa produtora de laticínios dona da marca Parmalat, quando Rosana entrou, em 2015, tinham acabado de adquirir a área de lacto da BRF, proprietária das marcas Batavo e Elegê. Assumiu então como responsável pelo sistema de gestão fruto da fusão e pelas áreas de projeto, delivery e governança. Entre os trabalhos desenvolvidos na empresa, que foi o primeiro passo de Rosana na área do agronegócio, ela destaca a reformulação do sistema de precificação dos produtos e a automatização do processo de captação de leite, desde o cadastro das fazendas até a leitura dos tubos onde são colocadas as amostras.
Antes da Lactalis, Rosana trabalhou na PepsiCo por um período de 11 anos dos quais dois como consultora pela Oracle e os outros nove internamente. “Foi onde aprendi sobre gestão de projeto e sobre a parceria com o negócio.” Na empresa, Rosana teve oportunidade de ir à sede, em Dallas, aprender in loco sobre os processos e a tecnologia utilizada e foi responsável pela implementação do escritório de projeto de TI no Brasil. Participou também da implantação da nota fiscal eletrônica usando o SAP, do sistema de folha de pagamento e da primeira versão do e-social. Outro projeto foi o desenvolvimento do “Picking by voice”, um sistema que guia robôs por voz para que estes localizem produtos nos armazéns e os coloquem nos pallets, processo antes totalmente manual. “Foi uma das minhas maiores escolas sobre o mundo corporativo”, conclui. E reafirmando sua escolha pela TI, Rosana comenta: “nunca me vi fazendo outra coisa.”


