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Entrevista com Jefferson Nogueira, CIO da Tuberfil

Entrevista com Jefferson Nogueira, CIO da Tuberfil

Jovem e sem saber que rumo profissional seguir, Jefferson Nogueira, CIO da Tuberfil, resolveu seguir os passos da irmã mais velha e os conselhos do pai sobre Informática ser uma área de futuro e foi cursar Análise de Sistemas. Este foi o começo de uma jornada que o levou a indústrias variadas como a do aço, de autopeças, de produção de latas de alumínio e uma passagem de quase 10 anos pelo varejo feminino nas Lojas Marisa, chegando à liderança da área. Hoje na Tuberfil, fabricante de tubos de aço e peças tubulares, um dos focos da TI é o uso de inteligência artificial na automação industrial. Conheça este e outros projetos de Jefferson Nogueira nesta Bastidores da TI. Boa leitura!

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Seguindo os passos da irmã mais velha e o conselho do pai de que informática era uma área de futuro, Jefferson Nogueira, CIO da Tuberfil, fabricante de tubos de aço e peças tubulares, cursou Análise de Sistemas e chegou a dar aula no laboratório no curso de Processamento de Dados em Jundiaí, interior de São Paulo, onde nasceu, na época trabalhando com Cobol.

 

Uma oportunidade de estágio na ThyssenKrupp, multinacional alemã que transforma o aço em produtos automotivos e navais, entre outros, foi a porta de entrada de Jefferson no universo da tecnologia e de descobertas sobre a aplicação desta nas empresas. Ao final do estágio, foi efetivado na área de desenvolvimento de aplicações onde se especializou em sistemas voltados à produção e marcou o início de uma trajetória de oito anos no grupo. Jefferson conta que a companhia adquiriu um software de uma empresa alemã e ele foi encarregado de implementá-lo. “Foi uma grande experiência e além de ter que aprender a língua foi quando comecei a ouvir falar e praticar integração de sistemas. E tudo isso também me deu muita visibilidade”, comenta.

 

Jefferson foi então convidado pela Sifco, concorrente da Thyssen, para cuidar do projeto do então temido Bug do Milênio. Na época, a empresa tinha um sistema de gestão caseiro que não daria conta das mudanças. A escolha recaiu sobre o BPCS para rodar em um equipamento AS-400, da IBM. “A implementação foi bem sucedida e passamos pelo Bug sem problemas.” E o conhecimento em BPCS o levou à Lear, multinacional americana fabricante de assentos e sistemas automotivos para automóveis, onde assumiu como CIO para a América do Sul e além do ERP substituiu o servidor da empresa para atender às necessidades do regime Just in Time de produção e implementou um Wan para acesso da filial brasileira ao software Hyperion para o cumprimento do prazo da entrada de dados exigidos pela matriz.

 

Em 2001, um convite o fez retornar para a Sifco, agora como gerente de TI mas com uma responsabilidade além mar. A empresa, brasileira, havia adquirido duas plantas nos Estados Unidos que apresentavam problemas na área de tecnologia. Depois de longa avaliação, Jefferson decidiu por manter o ERP que já era utilizado, Sytelinc. “Como o BPCS estava parametrizado para a legislação brasileira, a decisão foi reimplantar o sistema que eles já usavam lá fora fazendo as adaptações necessárias para extrair os dados que o board no Brasil necessitava”, explica, acrescentando que antes as informações tinham que ser solicitadas e vinham sob a forma de relatório e que a partir das mudanças o processo foi automatizado, tornando-se muito mais ágil.

 

Na Crown, uma joint-venture com uma empresa americana fabricante de latas de alumínio para clientes como Coca-Cola e Ambev, Jefferson teve contato pela primeira vez com um novo ERP, o Protheus, da Totvs. Foi o responsável pela migração para a versão 8 para suportar o rápido crescimento pelo qual a empresa passava, com abertura de novas plantas em diversos estados brasileiros.

 

O ano de 2011 marcou uma virada na carreira de Jefferson com sua entrada na Marisa passando a atuar, pela primeira vez, no varejo. Ele conta que sempre ouvia falar muito do dinamismo do varejo e tinha vontade de experimentar. “Adorei e lá fique por quase dez anos. Foi uma experiência incrível!” Na Marisa, liderou a implantação do módulo de Retail da SAP que ainda não era usado no Brasil e que acabou se transformando em um case da desenvolvedora, apresentado em eventos em vários países, o mesmo acontecendo no ano seguinte com a implementação do módulo EWM, também da SAP, que levou à uma virada na logística da companhia e já era preparado para o comércio eletrônico. Para a automatização dos processos, o centro de distribuição foi completamente reformado com as caixas saindo diretamente do caminhão para a esteira.

 

“Antes o processo era manual e passavam pela esteira mil caixas por dia. Com a automatização, o fluxo passou a cinco mil caixas por hora, sem a intervenção humana”, diz Jefferson, destacando que uma grande preocupação da empresa era com a latência. “Aquele era o maior centro de distribuição da Marisa e qualquer falha acarretaria em “entupir” o CD e/ou desabastecer as lojas”, explica. Outro desafio ainda na Marisa foi a necessidade de complementar uma parte do processo com o Oracle Retail para uso do módulo de remarcação de preço, que permite a calibragem do preço baseada no comportamento do produto. “Os dois sistemas tinham que conversar. Foi um projeto de um ano e que virou case também da Oracle”, diz Jefferson.

 

Ainda na Marisa, já como Head de TI, Jefferson implementou a omnicanalidade com as vendas podendo ser feitas no site e retiradas na loja e vice-versa. “E quando uma cliente não encontrava o produto na loja no tamanho que precisava o sistema localizava e a entrega era feita em casa. Isso gerou um ganho logístico muito grande e otimização de estoque e representou uma virada na pandemia, quando as lojas ficaram fechadas.” Foi responsável também pela migração do datacenter para Tivit. “Eliminamos riscos para a continuidade dos negócios atendendo quesitos fundamentais de segurança e trazendo uma economia de Opex na ordem de 20% em 5 anos”, destaca.

 

A experiência com o SAP – Ohana e depois SAP-4 no Grupo Real, atacadista de autopeças, onde implantou toda a infraestrutura de TI para atender a necessidade de ampliação e a estratégia da companhia de partir para outros negócios o levou também à Tuberfil, onde hoje é o CIO. Chegou à nova empresa com um grande desafio: uma implementação do sistema da SAP que não tinha atendido à expectativa da companhia, deixando a todos muito frustrados, inclusive a equipe de TI. “Eu precisava virar o jogo, recuperar as pessoas. O time havia perdido o entusiasmo.” Segundo Jefferson, a escolha de uma nova consultoria e diversas apresentações sobre a gestão do projeto foram fundamentais levando ao que ele classificou como um dos mais tranquilos “go-live” que vivenciou.

 

Em janeiro deste ano a empresa começou a trabalhar com BI gerando indicadores para as áreas de produção, controladoria, venda e faturamento. “Estamos usando a ferramenta em toda sua potencialidade. As áreas foram treinadas e hoje desenham suas próprias telas e criam seus relatórios, o que representa uma grande mudança de cultura”, destaca. De olho na automação industrial, a inteligência artificial começa a ser aplicada às máquinas para monitoramento, avaliação da produção e geração de alertas. “Uma coisa é coletar dados, mas a questão é o que fazer com estas informações e a IA vem complementar o trabalho feito em BI”, diz Jefferson. Mas destaca que a decisão continuará sendo sempre do ser humano. “Entendo a IA como ferramenta para dar maior suporte à tomada de decisão. E bem utilizada por nós, CIOs, ela otimiza, em muito, este processo”, conclui.

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