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David-Pomarico

Entrevista com CIO David Pomarico

Entrevista com CIO David Pomarico

O bate-papo desta Bastidores da TI foi com David Pomarico. Depois de atuar na Deloitte por sete anos, David passou 19 anos na Biolab, farmacêutica que tem foco em genéricos e similares. Ele conta sobre projetos que incluem desde a digitalização da força de vendas e das fábricas da empresa até o uso de inteligência artificial para comparação de bulas entre medicamentos referência, genéricos e similares relacionadas para atender alterações e novas regulamentações da Anvisa. Conheça a história de David Pomarico e suas experiências. Boa leitura!

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Sistemas longevos

 

A história de David Pomarico com a TI começou cedo, na adolescência, quando aos 14 anos ganhou um MSX, microcomputador da Gradiente, que logo tratou de abrir, literalmente, e descobriu que podia fazer outras coisas além de jogar e programar em linguagem Basic. Alguns anos depois, David começou a trabalhar em Controladoria em uma empresa de vigilância onde um profissional de TI notando seu interesse pela área o ajudou com dicas importantes. Com a troca na liderança da companhia, David, que já apoiava a TI informalmente, ficou responsável pelo suporte do principal sistema de controle de entrada e folha de pagamento.

Ingressou na Deloitte nesta mesma função e logo depois passou a cuidar de infraestrutura, tendo sido um dos responsáveis pela migração do Notes, da Lotus, para o Exchange, da Microsoft, tanto no Brasil quanto na Argentina, seu primeiro projeto internacional. Mais tarde passou a analista de sistemas e permaneceu na empresa por sete anos até o convite para a Biolab, uma indústria farmacêutica nascida em 1997 fabricante de produtos na área de saúde humana e saúde animal.

Logo ao entrar, no final de 2005, David recebeu um desafio do coordenador de TI na época que foi o desenvolvimento de um sistema de gerenciamento da própria área de TI e suas demandas. Em fevereiro de 2006 entrava no ar o novo software que permaneceu sofrendo melhorias e ficou ativo até 2024. “Eu arquitetei e ajudei a desenvolver. Esse sistema foi utilizado por mais de 18 departamentos da empresa para fazer gestão de tarefas e entregas das áreas. Em 2024, ele foi substituído depois de 18 anos de uso”, destaca. Um ano depois da entrega do novo software, David foi promovido a coordenador da área e ajudou a implementar sistemas satélites ao ERP, como MES e WMS nas fábricas, dentro do chamado “Projeto Agiliza”.

Ele destaca também em sua trajetória na Biolab a criação de um sistema para gerenciamento de despesas da força de vendas, em 2010. “Este projeto representou uma grande evolução, reduzindo o tempo de reembolso dos gastos dos vendedores de 30 para sete dias”, diz, explicando que antes as notas de despesa eram digitadas e jogadas do Excel para o ERP, manualmente. “somente o tempo de digitação comprometia 14 dias do processo.” Uma das novidades do sistema na época era a possibilidade de anexar as notas de despesa eliminando diversas etapas do procedimento, além da validação do documento com o uso de código de barras para garantir a integridade dos documentos, “um marco para a época”, cometa.

David conta a Biolab foi uma das pioneiras na implantação de ipads inicialmente para a força de vendas e mais tarde no monitoramento da fábrica. “Em 2013, sentamos com o comercial e o marketing e desenvolvemos um CRM próprio com controle das visitas aos médicos, gerenciamento da distribuição de material de apoio à venda, tudo por meio de inputs digitalizados diretamente no sistema.” Ele conta que na versão seguinte foi incorporado um dashboard que permitia ao diretor da área enxergar todas as visitas e controlar as metas com interação direta com os vendedores e com o ERP, tudo atualizado a cada 30 minutos. David destaca entre os resultados práticos uma maior assertividade na distribuição das amostras que são levadas para os médicos conhecerem os novos produtos. “Esse sistema foi premiado em 2014 como um dos 100+ Projetos inovadores em TI.”

Anos depois, em 2015, a Biolab decide trocar seu ERP adotando o JD Edwards, da Oracle. David conta que inicialmente atuava na integração dos sistemas satélites junto com seu time e que foram registrados problemas no pós Go Live houve que fizeram com que a empresa ficasse alguns dias sem faturar. “Fui ajudar a estabilizar o ambiente e algum tempo depois fui promovido a gerente de sistemas e mais tarde à superintendente de TI, assumindo responsabilidade sobre as áreas de infraestrutura, suporte, dados, acesso e cybersecurity.”

Entre as primeiras iniciativas no novo cargo, David liderou a troca do provedor da internet para a Algar Telecom assim como toda a arquitetura da rede. Outra iniciativa foi a modernização do datacenter e em seguida a implantação do novo sistema de WMS para gerenciamento de armazém. “Foi um processo muito legal onde a equipe de TI participou junto com Operações Logísticas. Estivemos todo tempo na operação junto com o time de almoxarifado, antes e depois da implantação, e isso foi fundamental para implementarmos o sistema sem que houvesse nenhum impacto na operação”, afirma.

 

David conta que quando assumiu como Executivo de TI, em 2020, foi iniciado um trabalho de modernização da infraestrutura com a implementação de tecnologias de hiperconvergência no datacenter. Em paralelo, teve início uma jornada contínua de fortalecimento da cultura de cibersegurança, com apoio de todo o time técnico e da alta liderança.  Foram promovidas ações de conscientização em toda a empresa, como treinamentos, campanhas simuladas de phishing e reforço na segurança de borda. Posteriormente, medidas mais avançadas foram incorporadas, como o monitoramento de possíveis vazamentos de dados na dark web. No ano seguinte foi desenvolvido um modelo estruturado de governança de TI especialmente para suportar a análise e aprovação de novos projetos e a troca do sistema de CRM pelo Veeva, em parceria com a diretoria de marketing e a digitalização do processo fabril.

O projeto de CRM teve início em 2022, em parceria com a diretoria de Marketing. Na época, foi conduzido um processo transparente de transição do sistema anterior. “Ao entender que o ciclo de vida daquele sistema havia sido cumprido, buscou-se uma nova solução que estivesse alinhada às demandas atuais. O Veeva CRM foi então selecionado, implementado com sucesso e hoje atende plenamente às necessidades da força de vendas e do time de marketing fornecendo dados e indicadores estratégicos para apoiar a tomada de decisão no campo. Este mesmo sistema foi implementado no ano seguinte na recém adquirida operação canadense da Biolab, com as devidas adaptações à cultura local”, conta David.

 

Também em 2023 a área de TI conduziu o projeto- piloto de digitalização da produção com o reaproveitamento de equipamentos como iPads que haviam sido utilizados pela força de vendas. Esses dispositivos foram reconfigurados e passaram a ser usados na fábrica para registrar dados que antes eram controlados manualmente, em papel. David relata que foi também implantado um sistema de Kanban visual, com TVs instaladas nas áreas produtivas mostrando em tempo real o status dos lotes, fases do processo fabril com kpis e identificação dos operadores, com fotos, reforçando o sentimento de pertencimento dos colaboradores. O sucesso do piloto levou ao início da expansão do projeto para outras unidades fabris: Taboão da Serra, Bragança Paulista e Pouso Alegre (MG).

 

Outro aspecto importante destacado por David na liderança da TI foi a evolução da cultura digital da empresa. “Na época, havia certa resistência ao uso de serviços em nuvem e este desafio foi vencido com diálogo, exemplos práticos e a construção de confiança ao longo dos anos.” E acrescenta, “o time de TI teve papel fundamental na desmistificação do ambiente cloud, sempre com foco em segurança, escalabilidade e eficiência das operações da empresa. Segundo David, sua formação em CTO pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) ampliou o papel estratégico da TI, com participação ativa em comitês como o de Inovação, Conselho de Estratégia e o Comitê de Operações, sempre trazendo uma visão tecnológica aplicada ao negócio.

 

Segundo David, com a migração do ambiente de dados para o Azure Cloud o trabalho com IA resultou em dados mais organizados e acessíveis. “Áreas como Comercial e Marketing passaram a contar com análises de market share, previsões e insights estratégicos. Numa segunda fase está prevista a introdução do uso de IA generativa para recomendações específicas ao time de vendas, buscando aumentar a assertividade das ações.

 

Outro exemplo que ele menciona foi a parceria junto com o time de regulatórios para o uso da IA para comparar bulas entre medicamentos de referência, genéricos e similares. “Antes realizado por dois analistas plenos, esse processo consumia cerca de 40 horas mensais. Com a adoção da tecnologia, passou a ser realizado por uma única pessoa em apenas sete minutos, liberando o time para outras atividades de maior valor agregado”, destaca.

 

David diz que durante toda essa jornada a liderança de TI buscou não apenas transformar a infraestrutura e os sistemas da empresa, mas também desenvolver pessoas. “Pude colaborar com jovens talentos e estagiários que estavam começando o no ambiente corporativo e foram incentivados a liderar frentes de inovação. Os melhores resultados vêm do coletivo, cada conquista foi construída com base na confiança, na escuta ativa e na valorização do time, comemorando sempre as conquistas.”

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