Edit Content

Menu

Antonio-Carlos-Pereira 1

Entrevista com Antonio Carlos Pereira, CTO Mercado Eletrônico

Entrevista com Antonio Carlos Pereira, CTO Mercado Eletrônico

Executivo que a trajetória revela como a visão de integrar tecnologia e negócio pode transformar desafios em inovação e resultados estratégicos

Compartilhar:

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on whatsapp

Os dois lados da mesa

 

Um livro de programação Basic emprestado de um amigo que no início dos anos 80 já era um “privilegiado” proprietário de um TRS-80, um microcomputador fabricado nos Estados Unidos, foi que promoveu o encontro de Antonio Carlos Pereira, o ACP como é conhecido, com a então Informática. Antonio Carlos é hoje CTO do Mercado Eletrônico, uma plataforma brasileira de e-procurement que conecta compradores e fornecedores e é a única empresa latino-americana a figurar no quadrante mágico Source-to-Pay do Gartner.

 

O entusiasmo do filho fez com que seu pai o apresentasse a analistas de sistemas da Cosipa – Companhia Siderúrgica Paulista, onde trabalhava e, vendo que a coisa era séria, o presenteasse com um TK-85, equipamento do início da microinformática no Brasil e que funcionava ligado a uma TV e um gravador de fita cassete.

 

Seu primeiro trabalho profissional foi em uma seguradora, a Argos, que na época, meados da década de 1980, pertencia ao Citibank e à Chubb. Permaneceu por cerca de vinte anos no setor financeiro onde viveu o spin off do cartão de crédito Credicard que deu origem à Orbitall, criada em 2000 para ser a infraestrutura de processamento de transações financeiras, tendo como acionistas Itaú, Citibank e Unibanco. Antonio Carlos foi diretor-adjunto de infraestrutura da empresa. “Os vinte anos no setor financeiro foram minha escola prática. São empresas com projetos de alta complexidade e grandes volumes de processamento, assim como de investimentos.”

 

Na Oxiteno, uma multinacional brasileira da área química então pertencente ao Grupo Ultra e vendida posteriormente para a Indurama Ventures, Antonio Carlos assumiu como CIO vivendo uma realidade nova em sua vida não só pelo cargo e a mudança de área, mas pela maneira como a tecnologia era encarada. “Saí de um mundo onde a tecnologia era o centro, o setor financeiro, para um universo onde ela era coadjuvante”, diz. E acrescenta que isso exigiu que ele mudasse completamente sua argumentação, passando a enfatizar a importância da tecnologia para o negócio. “Ao mesmo tempo mudou a minha maneira de enxergar a tecnologia no negócio.”

 

Ele diz que percebeu que usava uma argumentação técnica e a partir daí incutiu na TI a ideia de embutir a tecnologia dentro de um projeto de negócio, fazendo com que fosse uma etapa do processo. “Não era mais um projeto de TI, mas um projeto do negócio do qual a TI fazia parte. Era a mesma coisa colocada de uma maneira diferente”, explica. E foi assim que conseguiu convencer o board sobre investimentos em supply chain, entre outros, com grandes resultados para a empresa.

 

Antonio Carlos conta que tinha vontade de experimentar o outro lado da mesa, o do fornecedor de soluções, para ouvir diretamente do cliente sobre as suas necessidades. E naquele momento a consultoria Resource buscava justamente alguém com olhar do lado de onde ele vinha. Deu match e ele diz que ouviu coisas, demandas, que quebraram alguns de seus modelos mentais. “Nem todo mundo tem a capacidade de verbalizar aquilo que necessita, você tem que perceber e com o seu olhar treinado vai entender onde pode agir.” E recomenda a experiência aos colegas de profissão, completando: “é também uma escola de negociação onde você tem que entender exatamente o que o outro está buscando.”

 

Algum tempo depois, Antonio Carlos recebeu um convite de uma ex-cliente, a Universidade Anhembi-Morumbi, pertencente ao grupo americano Laureate, que ele havia atendido como consultor. Lá passou a atuar como diretor de Business Relationship Management, atendendo às demandas de todas as instituições que foram adquiridas pelo grupo buscando sinergia e realizando a consolidação de sistemas e fornecedores. Em 2020, a Ânima, empresa brasileira também do setor de Educação, adquire a operação local da Laureate, que inclusive era maior do que a própria Ânima, em uma das grandes negociações do setor nos últimos tempos. Ele conta que o desafio da integração e consolidação da TI de todas as unidades foi então multiplicado.

 

O convite para o Mercado Eletrônico, uma plataforma brasileira de e-procurement fundada em 1994 com objetivo de automatizar processos de compras e vendas entre empresas, veio em um momento em que a internet e o comércio eletrônico ainda eram apenas projetos no País. Na empresa, até hoje capitaneada por seu fundador, Eduardo Nader, Antonio Carlos tem como desafio na posição de CTO evoluir a tecnologia e obter ganhos de produtividade por meio de soluções de TI sem interferir nas operações, que somam cerca de 180 bilhões transacionados por ano envolvendo os mais de 100 países onde existem usuários acessando sua plataforma.

 

A IA é hoje parte importante dos processos e o uso do módulo batizado de ME Genius permite interações em linguagem natural fazendo com que parte significativa dos processos de compras de alguns clientes se realize sem qualquer intervenção humana, com base em dados, contexto e aprendizado contínuo, facilitando o dia a dia dos profissionais de compras das empresas. Antonio Carlos conta que seu “mantra” na empresa é a busca pelo ponto de equilíbrio entre manter as soluções que atendem as necessidades dos clientes e buscar inovação frequente, um dos focos do próprio CEO.

Destaques