Detentor do maior rebanho comercial de bovinos do mundo, o Brasil concentra um rebanho de 23 milhões de vacas leiteiras e está entre os quatro maiores produtores mundiais de leite, um negócio que registrou no País um faturamento de R$ 100 bilhões em 2016. Grande parte dessa performance foi obtida com os investimentos e esforços da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, que garantiu o desenvolvimento e adoção de novas tecnologias, transferência de conhecimento e inovação à agropecuária nacional. No entanto, até 2016, o setor ainda não tinha um sistema computacional de acompanhamento e levantamento da qualidade do leite produzido, vital para o gerenciamento do mercado interno e para a conquista do mercado externo.
“O Ministério da Agricultura precisava de números precisos para garantir não só a entrada do País com força e competitividade no mercado internacional, mas, também, para assegurar políticas públicas sólidas e eficientes”, explica Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite. O executivo destaca que, apesar de contar, há alguns anos, com a Rede Brasileira de Laboratórios de Qualidade do Leite – RBQL, composta por dez laboratórios responsáveis por análises periódicas do produto, estruturada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, o grande volume de informações gerado não estava sendo adequadamente aproveitado.
Para resolver essa questão, a Embrapa Gado de Leite, em 2015, a pedido do setor privado ao MAPA, selecionou parceiros tecnológicos para desenvolver um sistema capaz de analisar em detalhes, mapear e monitorar a qualidade do leite no Brasil. A opção recaiu sobre a SAP e a consultoria parceira da empresa, a First Decision. Os resultados foram o go live e, um ano depois, o Sistema de Monitoramento e da Qualidade do Leite Brasileiro – SIMQL, um sistema pioneiro e inteligente para monitorar a qualidade do leite produzido no Brasil, baseado na plataforma SAP Business Objects.
Com ele tornou-se possível analisar e gerar informações essenciais para o estabelecimento de políticas públicas mais eficientes, melhorar a qualidade do leite brasileiro, desenvolver novos produtos lácteos e aumentar de forma consistente a participação do País no mercado internacional. Ao todo, uma equipe de aproximadamente 30 pessoas participou do projeto, que envolveu a estruturação, o tratamento e a integração de todos os dados relativos à produção e qualidade do leite levantados ao longo dos últimos anos.
Competitividade
“O SIMQL reúne e analisa dados relativos à qualidade do produto, como contagem de células somáticas e contagem total de bactérias. Conseguimos obter um retrato mensal da qualidade do leite no Brasil”, conta Wagner Arbex, analista científico da Embrapa. “O sistema baseado no SAP Business Objects fornece informações semanais sobre a composição do leite produzido nas diversas regiões do país, o que torna possível perceber se há indícios de qualquer anormalidade do produto, avaliar de forma agregada o teor de componentes do leite, tais como proteína, gordura etc.”, detalha. Ele lembra que todo leite produzido sob inspeção federal tem a qualidade do produto monitorada por meio do SIMQL.
Arbex destaca que as soluções SAP Business Objects que são a base do SIMQL dão ao sistema a capacidade de gerar relatórios dinâmicos e que podem ser analisados por meio de painéis interativos. “O SIMQL trata as informações que interessam tanto ao setor público quanto privado, gerando conhecimento em esfera macrorregional, microrregional e até mesmo municipal, possibilitando, ainda, acompanhar os índices de cada localidade e identificar as regiões que demandam ações voltadas à melhoria de qualidade com maior urgência”, afirma o analista científico.
Em um ano de implementação, o SIMQL processou 70 milhões de análises. Entre outros benefícios alcançados, a solução, permite acompanhamento espacial e temporal da qualidade do leite brasileiro; rastreabilidade do leite da fazenda até o seu beneficiamento; execução de políticas de transferência de tecnologia junto aos produtores; maior capacidade de desenvolvimento de novos produtos lácteos e aumento da competitividade do produto brasileiro.
O executivo conta que nos últimos anos houve uma expansão de 75% no mercado lácteo, boa parte impulsionada pelo lançamento de produtos e que a melhoria da qualidade do leite é um fator que permite a concepção de novos e diferenciados produtos e que mais de 40% do leite produzido chega ao consumidor em outros formatos, que não o de alimentos.
Outra grande vantagem é que o novo sistema compõe o quadro necessário para que o MAPA consiga estabelecer políticas públicas ainda mais eficientes, com concessão de crédito, financiamento e suporte à produção onde mais se precisa. No que diz respeito ao mercado externo, a solução vai permitir que o Brasil entre no mercado internacional com excelentes produtos e números exatos sobre a qualidade do leite no País ao permitir a defesa da qualidade do produto com base em dados precisos e atualizados.
“Como resultado, devemos ver uma maior participação brasileira no mercado mundial de leite e produtos lácteos, bem como maior desenvolvimento do setor no País. Com o novo sistema, o setor contará com um nível ainda maior de detalhes. Além da qualidade, a proposta é que também os dados de produção sejam acompanhados. Será possível saber exatamente o que se tem e aonde se quer chegar”, completa Arbex.