Se as expectativas para o mercado de TI no Brasil, lá no começo de 2017, eram de que a adoção de novas tecnologias e modernização das empresas pautadas na transformação digital seguiria em ritmo acelerado, após os casos macroeconômicos envolvendo a JBS e Lava Jato, essas tendências acabaram desacelerando o mercado como um todo.
Claro que inovação e modernização são temas relevantes dentro das empresas brasileiras, mas de acordo com a IDC, os números poderiam ser melhores. A previsão da consultoria era de que o mercado de TIC cresceria 2,5%, mas o fechamento do ano acabou ficando em 2,2%, número que deve se manter ao longo de 2018. TI avançará 5,8% com uma retomada do mercado já no primeiro semestre, enquanto que Telecom permanecerá praticamente estável, caindo 0,1% no período.
“De qualquer forma, a crise fomenta transformação e ajuda as empresas olhar para dentro, para os processos e demandas internas”, pontua Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil, durante coletiva de imprensa realizada hoje, 30, em São Paulo. Segundo ele, a IDC presenciou algumas empresas no processo de mudança para a transformação digital, uma liderança que em muitos casos está sendo conduzida pelas áreas de negócio. Até o final de 2020, 65% das decisões de adoção de tecnologia serão lideradas pelo business.
A consultoria antecipou algumas tendências para o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação e o movimento de adoção de soluções que sinalizam tanto os players do mercado como analistas econômicos, CIOs e executivos de negócio.
Internet das coisas
Haverá aceleração de projetos de IoT, até mesmo integrados com outras tecnologias como blockchin e AI como gravar registros gravados por dispositivos, gerando valor para informações entregues à inteligência artificial. O mercado brasileiro de IoT, incluindo todo ecossistema de provedores de software, fábrica de sensores e operadoras de telecom, será superior a US$ 8 bilhões para 2018.
Esse mercado será impulsionando também pelo Plano Nacional de Internet das Coisas, que tem como foco setores como Saúde, Indústria, Agricultura e Infraestrutura Urbana. A IDC também adiciona o setor de Manufatura nessa tendência.
Big Data & Analytics
A inteligência analítica volta à cena da tecnologia. A cada ano, o mercado conhece melhor os benefícios dessa tendência e direciona as suas estratégias para o amadurecimento de adoção e crescimento em uso de big data e analytics. “Nesse movimento de avanço, a contratação de serviços acaba se destacando, pois as organizações estão buscando consultorias de negócio e tecnologia pra fazer essa solução funcionar e integrar com o restante da infraestrutura já instalada”, acrescenta Pietro Delai, gerente de Pesquisa e Consultoria de Infraestrutura da IDC Brasil.
As expectativas para o Brasil são otimistas, serviços de consultoria relacionados a big data & analytics vão crescer cerca de 18% em relação a 2017, já os gastos totais, incluindo infraestrutura, software e serviços vão atingir US$ 3,2 bilhões no Brasil.
“Em toda América Latina, as aplicações desses projetos não eram mais que US$ 200 milhões nos últimos anos. Por isso enxergamos essa curva de adoção, ainda falta saber como as peças vão se encaixar para acelerar os projetos, é um momento natural de adoção e entendimento da tecnologia”, completa Delai.
Cloud & Inteligência artificial
O mercado de cloud pública segue bastante animador. A previsão da IDC aponta a contratação de infraestrutura, plataforma e Software como Serviço como um setor que atingirá US$ 1,7 bilhão no Brasil e praticamente o dobro até 2020. A demanda está prevista também para aumento da terceirização, que consumia 25% do mercado e 2013 e passou para 37%, em 2015. Esse número pode chegar a 44% em 2018.
Flexibilidade de custo e agilidade para a transformação digital são os itens que impulsionam esse mercado de terceirização. As soluções de multicloud já são realidade no País, o volume de médias e grandes empresas que tem apenas um provedor é praticamente igual ao das que tem mais de um provedor. “Ainda tem bastante espaço pra crescer em termos de evangelização por parte dos players de TI a fim de amadurecer ofertas e entregas de tecnologia”, completa Pietro Delai.
E as aplicações em computação cognitiva também são animadoras. Por enquanto, os investimentos são discretos, mas o crescimento deve ficar acima de 50% em relação ao ano anterior. A tendência é que outras verticais – além de Finanças e Saúde – invistam no uso da AI para atendimento e engajamento de clientes, funcionalidades que têm sido exploradas e representam os casos mais emblemáticos atualmente no Brasil, como sistemas de diagnóstico e tratamento e análise de fraudes e investigação.