Segurança, robustez e facilidade de uso para o desenvolvimento de aplicações de Internet das Coisas voltadas às necessidades brasileiras, nas mais diversas áreas – como cidades inteligentes e agronegócio, entre outras. Esses são os principais diferenciais da plataforma aberta dojot, anunciada pelo CPqD.
O nome escolhido para a plataforma remete a uma prática conhecida no universo da Tecnologia da Informação – Dojo é o encontro em que programadores treinam técnicas e metodologias de desenvolvimento de software, por meio da solução de desafios. Essa prática foi associada ao conceito de IoT, cuja implantação também traz desafios e requer uma série de tecnologias que permitem a coleta, transmissão, processamento, cruzamento e análise de informações.
“A dojot é uma plataforma habilitadora, capaz de acelerar o desenvolvimento de aplicações IoT adequadas à realidade brasileira, em diversas áreas, e com suporte local”, afirma Sebastião Sahão Júnior, presidente do CPqD. Para incentivar sua adoção por empresas, startups e outras instituições interessadas em desenvolver essas aplicações, a plataforma foi construída com base em ferramentas open source e possui código aberto.
“Com isso, a intenção é estimular a inovação aberta e facilitar a construção de um ecossistema voltado à oferta de soluções de Internet das Coisas no país”, acrescenta Alberto Paradisi, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento do CPqD. Ele enfatiza que, ao adotar a dojot, a comunidade desenvolvedora também deverá contribuir para sua evolução e aperfeiçoamento constante – que é, justamente, uma das premissas da plataforma aberta.
Interface gráfica e prototipação rápida
A base da plataforma dojot é o Fiware, projeto open source criado pela União Europeia, que vem sendo desenvolvido por uma comunidade independente global. O Fiware é um framework que consiste em um conjunto de ferramentas e componentes disponíveis para uso – que, no entanto, necessitam de conhecimento para serem utilizados. O CPqD estudou e avaliou esses componentes e os consolidou em uma plataforma, à qual agregou diversos recursos tecnológicos visando melhorar a segurança, a usabilidade, a robustez e o desempenho das aplicações – que deverão funcionar em ambientes críticos, como cidades inteligentes, por exemplo.
A dojot possui arquitetura baseada em microsserviços e inclui, entre outros recursos, um painel de controle com interface gráfica web, API (Application Programing Interface) única e aberta, para acesso aos serviços, e segurança fim a fim – que envolve a autenticação dos devices e das aplicações na plataforma, a gestão de identidade e criptografia – com garantia de privacidade das informações. “Segurança e privacidade dos dados são, atualmente, preocupações importantes no universo da Internet das Coisas”, enfatiza Leonardo Mariote, diretor da área de Conectividade do CPqD.
A plataforma oferece ainda serviços para tratamento de dados, estruturados e não estruturados, em grande volume (Big Data), componentes para análise de serviços em tempo real e para gestão de dispositivos, mecanismos para implementar algoritmos de machine learning – o que permite fazer previsões com base em histórico e em dados reais – e suporte aos protocolos MQTT, HTTPs e CoAP, utilizados em boa parte das aplicações IoT disponíveis no mercado.
“Um dos diferenciais da dojot é o recurso de prototipação rápida, que permite gerar, em cerca de meia hora, um produto mínimo viável (MVP) a partir do qual é possível validar o conceito junto ao cliente, antes de desenvolver a aplicação”, destaca Mariote. Essa função está disponível na interface gráfica do painel de controle, um ambiente amigável e integrado que facilita o uso da plataforma. “Nesse ambiente o usuário também pode criar dispositivos IoT físicos e virtuais, gerenciar fluxos e as aplicações”, acrescenta. Mariote ressalta ainda outro diferencial importante da dojot: a arquitetura adequada à implantação em ambiente de nuvem.
Portal na internet
O desenvolvimento da plataforma dojot faz parte de um projeto mais amplo, financiado pelo FUNTTEL (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e Finep, que vem sendo conduzido pelo CPqD em parceria com outras instituições de ciência e tecnologia brasileiras.
Os interessados em desenvolver aplicações IoT utilizando essa plataforma já podem obter seu código pelo portal dojot na internet – www.dojot.com.br. O site também fornece a documentação sobre como utilizar os componentes, a interface, etc. e traz vídeos explicativos (tutoriais).