Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o consumo de energia em data centers poderá mais do que duplicar até 2030, impulsionado pela IA. Além disso, uma única consulta a modelos generativos de IA pode consumir até dez vezes mais energia do que uma pesquisa tradicional, o que explica o aumento da demanda global de eletricidade.
No Brasil, esse desafio se reflete em uma matriz energética predominantemente renovável, mas que ainda enfrenta limitações de previsibilidade devido à sua dependência das condições climáticas. Para Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage, a expansão da IA e da economia digital exige o fortalecimento de fontes estáveis e de baixo carbono para apoiar os esforços de sustentabilidade e a competitividade. O executivo enfatiza que usinas como Angra 1 e 2 já demonstraram o papel estratégico da energia nuclear na estabilização do sistema, enquanto o debate sobre Angra 3 permanece essencial para o planejamento do futuro da geração de energia no país.
Nesse cenário, novas tecnologias estão ganhando espaço nas discussões sobre o equilíbrio entre crescimento digital e sustentabilidade. Entre elas, destacam-se os pequenos reatores modulares (SMRs), unidades compactas de fissão nuclear com capacidade de até 300 MW, que oferecem potencial para geração de energia escalonável, previsível e de baixa emissão. Outro relatório da EPE, publicado em 2024, indica que o Brasil já realiza análises técnicas e regulatórias para a adoção dessa tecnologia.
“A energia nuclear pode atuar como um complemento estratégico para a matriz de energias renováveis do Brasil, especialmente considerando a expansão do setor de data centers. Nesse contexto, uma abordagem equilibrada combina eficiência imediata, como o uso de tecnologias de armazenamento de dados all-flash para reduzir o consumo de energia, com estratégias de longo prazo focadas na geração estável e limpa”, reforça Paulo.
De fato, a energia nuclear oferece benefícios claros: geração contínua, baixas emissões e independência de fatores climáticos, o que proporciona previsibilidade de custos e reduz o risco de interrupção em operações críticas. Mas o progresso depende de planejamento, clareza regulatória e capacitação técnica. A COP30 deve consolidar esse debate, no qual a eficiência e a estabilidade energética se tornam tão relevantes quanto a conectividade e a inovação.


