A Amazon anunciou ontem, 18, o lançamento do seu Marketplace para Eletrônicos, disponibilizando um catálogo com mais de 110.000 produtos. Itens como smartphones, videogames, TVs, notebooks e acessórios de marcas como Samsung, LG, Motorola, Sony, entre outras, já estão disponíveis no catálogo de marketplace da gigante internacional do varejo online. O lançamento é uma extensão da trajetória da empresa, que já atuava no Brasil com ofertas no segmento de livros e hoje entra com tudo na concorrência local.
“Sabemos o quanto os brasileiros amam tecnologia, por isso estamos muito felizes com esse lançamento. Desde a nossa chegada ao Brasil, seguimos constantemente obcecados em proporcionar a melhor experiência para nossos clientes, além de contribuir com o crescimento do negócio de nossos vendedores”, afirma Alex Szapiro, Country Manager da Amazon.com.br.
Mas esse anúncio causou grande impacto nas varejistas nacionais. As ações do Magazine Luiza, Via Varejo e B2W – a junção da Submarino e Americanas.com – iniciaram o dia em queda na bolsa. Entretanto, esse item não deve ser considerado como o principal fator de impacto no comércio eletrônico brasileiro, na visão de Walter Lopes Franco, professor de Economia do Ibmec SP.
Para ele, a queda dos papeis na Bolsa de Valores é pontual e não é sensato precificar tais mudanças de expectativas de desempenho dos varejistas locais baseados unicamente no simples anúncio de entrada da Amazon no País.
“Por outro lado, é inegável que esse lançamento traz consigo potencial de modernização e de transformação de um modelo de varejo há anos operante no Brasil. A presença da Amazon não apenas geraria a busca por eficiência e produtividade dos demais players, pois eles já trabalham com bons indicadores e certo grau de competitividade, já são relativamente bem-sucedidos”, destaca.
Mas tal presença poderia forçar um outro tipo de mudança de posicionamento de mercado e de enfrentamento de novos concorrentes hoje não presentes no Brasil. “Ou seja, tentar antever de que forma este movimento de entrada da Amazon no mercado local trará uma onda de novos competidores externos. Como se posicionariam os players locais face a uma onda de modernização e de vendas online? E isto, ao meu ver, seria o mais importante de ser avaliado neste momento”, acrescenta o professor.
Concorrência sadia
O Conselho de Comércio Eletrônico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) entende que a entrada da Amazon na venda de eletrônicos no País vai acirrar a concorrência no e-commerce brasileiro.
Segundo o presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e CEO da Ebit, Pedro Guasti, a empresa tem se mostrado bastante conservadora e cuidadosa na estratégia de venda no Brasil, porém, entra de uma forma bem posicionada no mercado. “Em princípio, venderão produtos de terceiros, novos e usados, e com entrega rápida e dando uma experiência de compra ao consumidor como em outros países com todas as garantias, o que certamente chamará a atenção do consumidor”, pontua.
Outro desafio da Amazon é atuar frente às peculiaridades da extensão territorial brasileira e às enormes deficiências logísticas. Na visão do professor da Ibmec SP, é importante avaliar o quanto a varejista norte-americana vem preparada (ou não) para enfrentar as diversidades do varejo regional, além de atender aos hábitos de compras, financiamento locais e, ao mesmo tempo, atendendo às complexidades das práticas tributárias.
Para Pedro Guasti, na ótica da competição, as empresas brasileiras terão de brigar por espaço. “Teoricamente, a Amazon está competindo nas mesmas condições locais: deve respeitar código de defesa do consumidor, garantia, entrega e etc. Além disso, ela gera receita e emprego para o País. Isso é a competição, é o mundo sem barreiras, sem divisas. Essa é a proposta do e-commerce”, finaliza o executivo.