A transformação digital pela qual pessoas e empresas vêm passando tem impactado diversos aspectos da relação entre ambas: a forma como trabalhamos, interagimos e, não menos importante, a forma como compramos. Se a década passada viu o surgimento e ascensão do modelo de compras online e entregas por delivery, os últimos anos e os que temos à frente apontam para outra tendência ainda mais revolucionária: o varejo 4.0.
A integração entre espaços de compras físicos e ambientes online vem ganhando cada vez mais força no varejo mundial, e o Brasil não é exceção. Um dos países que abraçou mais rapidamente o varejo online, é também um dos que caminha a passos largos para trazer soluções 4.0 para seus consumidores. O consumidor não busca mais apenas um local para comprar seus produtos preferidos, mas sim uma experiência que se adeque às suas necessidades, tornando-a mais personalizada, conectada e eficiente.
Alguns setores vêm se destacando nesse processo de integração entre o físico e o digital, criando modelos de sucesso. Os setores de moda e cosméticos são exemplos desse processo. Impulsionadas e inspirados pela forma que os consumidores usam as redes sociais para pesquisar por produtos e tendências, grandes redes têm utilizado soluções tecnológicas que levam para a loja uma experiência semelhante a que o consumidor tem em seu smartphone. Espelhos que usam realidade aumentada para projetar opções de roupas no corpo do cliente, integração constante via equipamentos mobile, serviços que notificam quando um produto favorito está em promoção ou foi reabastecido no estoque e até mesmo soluções mais simples como cupons virtuais estão ganhando popularidade.
Para que tudo isto funcione, contudo, o investimento em tecnologia não pode ser subestimado. É necessária uma infraestrutura que possa suportar e padronizar a experiência do consumidor em qualquer ponto de venda. Também é necessário aumentar o grau de automatização dos processos na jornada de investimento na modernização do varejo. O espaço do lojista é um ambiente que se torna a cada dia mais complexo e ainda é tratado com grande interação manual, ficando assim muito vulnerável a ataques e erros. Hoje, por exemplo, 95% das operações de tecnologia no espaço de uma loja são manuais, sendo elas responsáveis por 75% dos problemas relacionados à segurança de dados. Por fim, tudo isto demanda também uma maior qualificação e mudança do perfil dos profissionais de TI.
É necessário buscar soluções que integrem de forma eficiente a estabilidade e rapidez da conexão, a conversão de dados captados em soluções em prol dos clientes e por fim, a segurança destes próprios dados, a fim de proporcionar a mesma experiência de compra, como menor atrito, em qualquer ambiente. A busca por estas soluções pode sim demandar um maior investimento inicial, mas sem o qual ficaria muito difícil suportar a escalabilidade, velocidade e novos recursos no ponto de venda no longo prazo, tão importantes em um segmento tão dinâmico como o varejo. O Varejo 4.0 precisa ser conectado, personalizado e, acima de tudo, seguro.
* Eduardo Frade é diretor de Vendas Multisector da Cisco do Brasil