A tragédia das enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul no início deste ano mobilizou uma grande força-tarefa de voluntários com a intenção de contribuir da maneira que podiam. Nesse sentido, a Mapzer também se engajou na causa e enviou automóveis inteligentes aos municípios gaúchos, com o objetivo de auxiliar no mapeamento das condições das vias.
A startup utiliza carros equipados com sistema de visão, Inteligência artificial generativa e conectividade embarcados em veículos próprios que processam os dados em tempo real e os registram em nuvem para acesso e posterior análise de 32 irregularidades nas ruas dos municípios brasileiros. Ao longo de quatro anos de atuação, já foram mais de 5 milhões de ocorrências.
“Essa tecnologia, desenvolvida no Brasil por brasileiros, ‘aprende’ por meio de um processo contínuo de coleta e análise de dados em tempo real. Conforme os veículos percorrem as ruas, o sistema processa as informações e a IA, então, identifica os padrões e anomalias, como buracos, falhas na sinalização ou problemas na iluminação pública”, afirma Paulo Machado, diretor-executivo da Mapzer.
Três municípios receberam veículos da Mapzer: Porto Alegre, São Leopoldo e Lajeado. Em dois meses de trabalho, foram mais de 140 mil ocorrências mapeadas e o lixo irregular liderou os problemas mapeados, com mais de 18 mil ocorrências. “Isso é uma decorrência natural das enchentes, que arrastaram tudo que estava no solo. Esse mapeamento foi fundamental para que as prefeituras pudessem agir com celeridade na coleta e destinação desse lixo, evitando a proliferação de pragas e doenças”, explica Machado.
“Nós sabíamos que depois que a água baixasse, outros problemas surgiriam. Afinal, depois das enchentes, as vias públicas estariam repletas de irregularidades causadas pelos alagamentos. Percebemos que o poder público necessitaria de todo o apoio necessário para mapear e corrigir essas situações e por isso decidimos oferecer nossa tecnologia”, conta Paulo.
Atualmente, a Mapzer já monitorou mais de 290 municípios brasileiros e pretende expandir para todas as regiões do país, Foram acumulamos cases de sucesso com vários municípios que utilizaram a solução para agir com mais eficiência, previsão e celeridade nos problemas que diariamente surgem. São resultados que demonstram que se está expandir cada vez mais o conceito de cidades inteligentes.
Entre os “campeões” de ocorrências, estão mato alto, rachaduras em vias públicas, lixo irregular, materiais de comércio obstruindo a calçada, placas comerciais obstruindo a via, veículos estacionados ou abandonados nas ruas e calçadas, buracos nas ruas e sinalizações danificadas ou inexistentes. Recentemente, a Mapzer passou a atuar noturnamente e já detectou dados importantes para a iniciativa pública.
“Este grande volume de dados levantados nas ruas serve para compor o plano diretor municipal, apoiar a lei de uso do solo, o código de posturas municipais e outros programas que as cidades possuem, promovendo uma gestão mais eficiente e proativa dos espaços urbanos. Isso permite que as prefeituras identifiquem e priorizem as áreas que mais necessitam de reparos, mantenham a infraestrutura pública em boas condições e aprimorem a segurança e a qualidade de vida dos cidadãos,” completa Paulo Machado.
Segundo ele, a Mapzer está constantemente implementando novas funcionalidades, especialmente a partir do aprendizado do algoritmo com a entrada de novos dados. Mas a startup tem a intenção de ampliar em breve sua atuação com foco no meio ambiente e na conservação das rodovias brasileiras. “Ainda temos muito a fazer, mas o lado positivo é que trabalhamos com uma tecnologia que por natureza evolui constantemente. Através desse ‘Machine Learning’, vamos compreendendo as lacunas e oportunidades da nossa atuação junto aos gestores públicos, que são peças fundamentais do nosso trabalho”, destaca.