Apenas a aplicação consciente e gradativa da Inteligência Artificial permitirá que as empresas criem uma verdadeira cultura de automação de atividades e tenham a tecnologia como aliada.
por Rodrigo Pereira*
Não é nenhuma novidade que o panorama econômico atual está repleto de desafios e incertezas e que o termo ‘eficiência operacional’ voltou com tudo às pautas das reuniões dos boards. E a escolha cuidadosa dos investimentos se torna ainda mais crucial para garantir o sucesso e a sobrevivência das organizações.
Mesmo que o assunto sobre Inteligência Artificial (IA) esteja à tona no mercado de tecnologia, com investimentos astronômicos das Big Techs neste recurso, que já é considerado uma das grandes revoluções da atualidade — vide a Microsoft, que depositou quase US$ 10 bilhões na OpenAI, desenvolvedora do chatbot ChatGPT e do DALL-E — ainda há uma gama de incertezas sobre como estes investimentos podem ser adaptados à realidade do mercado e ter uma rentabilidade positiva.
Um estudo da McKinsey, por exemplo, revela que apenas 10% dos projetos de IA saem dos laboratórios para terem sucesso nos ambientes de negócio reais. Analisando este cenário, a questão se torna ainda mais presente na pasta de investimentos destas empresas.
Essa combinação de fatores pode levar a uma grande quantidade empresas a estar entre o certo e o duvidoso e, assim, considerar cortes de verbas para seus projetos de IA. Mas, os CEOs que conseguem conciliar uma agenda de presente e futuro sabem que agora, mais do que nunca, é hora de apostar na IA, uma vez que a eficiência operacional é um dos grandes benefícios da implantação deste novo recurso.
De acordo com a PwC, empresas que alcançaram maturidade em IA apresentam uma maior eficiência operacional, tornando-se mais competitivas e preparadas para enfrentar o cenário atual. Estima-se que até 2030 a IA gerará uma contribuição de US$ 15,7 trilhões para a economia global, sendo US$ 6,6 trilhões decorrentes de aumento da produtividade. Por isso, a implantação dessa tecnologia não pode ser vista como uma aposta, mas como uma jogada necessária e certeira para CEOs preocupados em trazerem resultados financeiros para a empresa.
A pergunta que fica é como estes representantes podem implantar a IA de forma eficiente e com bons resultados? Aqui estão alguns pontos para ajudá-los a começar:
– Definir claramente o objetivo do projeto de IA: é importante ter em mente qual é o problema que a IA deve resolver e quais são os resultados desejados.
– Envolver as partes certas: é crucial convocar as pessoas certas para o projeto, incluindo especialistas em IA, funcionários das áreas de negócio e membros da alta direção.
– Começar pequeno e escalar com sucesso: projetos menores e bem-sucedidos ajudarão a construir o case interno para a IA e a preparar a empresa para escalar em projetos maiores.
– Garantir a qualidade dos dados: os dados são a base da IA, então é importante investir em uma estrutura de dados sólida e garantir que estas informações sejam de alta qualidade e relevantes para o projeto.
– Desenvolver gradualmente as equipes: é importante que os times falem cada vez mais a língua dos dados (data literacy) e estejam igualmente preparadas para trabalhar com a IA estando cientes dos impactos e desafios da tecnologia.
Em resumo, a IA é uma oportunidade real e imediata para que as empresas aumentem sua eficiência operacional e se tornem mais competitivas. Outro ponto importante a ser considerado é que empresas que investem na estruturação de seus dados e em inteligência artificial conseguem ter insights significativos que as ajudarão a estar à frente dos concorrentes nos próximos anos.
No entanto, embora a lista de benefícios apresente um aumento gradativo, é necessário ter cuidado e seguir alguns passos para garantir o sucesso de sua implementação. Em vez de cortar investimentos em IA, os CEOs devem aproveitar o potencial da tecnologia para aumentar a eficiência operacional e, ao mesmo tempo, prepararem suas empresas para o futuro.
*Rodrigo Pereira é CEO da A3Data.