No olho do furacão
A expressão do título acho que representa bem o momento que Claudio Laudeauzer foi chamado para assumir a TI do Sabin Medicina Diagnóstica no cargo de Gerente Corporativo de Tecnologia e Informação. A rede de laboratórios nasceu em 1984 no Distrito Federal pelas mãos de duas empreendedoras, Janete Vaz e Sandra Soares Costa, bioquímicas que trabalharam em alguns laboratórios.
O projeto começou com dois colaboradores, além das próprias sócias, e hoje está presente em 75 cidades do país contando com um total de 7 mil funcionários, mais de 8 milhões de paciente únicos e faturamento da ordem de R$ 1,2 bilhão.
A entrada de Claudio aconteceu em junho de 2020, poucos meses depois de decretado o início da pandemia. Diante do quadro, com certeza a maioria dos brasileiros e das populações de todo o mundo teve alguma demanda junto a laboratórios. E assim como os demais laboratórios, o Sabin não parou, funcionou 100% online durante todo o período do auge do Covid-19.
Claudio lembra que havia uma demanda desordenada a ponto de terem que organizar filas, coisa nunca vista até então. O desafio maior era atender a necessidade premente para depois então pensar na transformação digital. “Ninguém estava dimensionado para o que aconteceu”, afirma. E destaca que o Sabin tem uma cultura muito forte de cuidar do cliente e a primeira providência foi adequar a central de atendimento, que passou por uma grande expansão.
Claudio tem uma longa jornada na área de Saúde focada justamente em laboratórios. Sua trajetória inclui passagens pelo Grupo DASA, Hermes Pardini e Fleury, entre outros, o que o levou à uma grande identificação com o setor. “A saúde me encantou e me encanta, gosto desta área pelo propósito de cuidar de pessoas”.
Ele destaca que a área de Saúde vem se digitalizando de forma muito rápida e necessária. E acrescenta que a pandemia mexeu de maneira definitiva com o setor. “Em duas semanas a prática da telemedicina foi aprovada e hoje representa mais uma forma de atendimento e foram desenvolvidas várias tecnologias em prol do diagnóstico”, diz.
Na opinião de Claudio, mesmo com todo o desenvolvimento acelerado no período ainda há muito a ser explorado. E entre os exemplos cita a área de dados, onde um mundo pode ser aberto com o analytics e machine learning. Ele explica que a maior parte dos exames têm resultados dentro da normalidade de forma que, com a automação, você pode focar naquilo que não está normal.
Passado o primeiro momento de suprir a explosão da demanda na central de atendimento, o passo seguinte foi a adoção de uma plataforma única para todas as unidades, 100% na nuvem e que permitisse o transbordo da fila, independente da localização do atendente. Um outro viés foi o de apoiar todo processo de exames.
Entre as iniciativas, foi desenvolvido internamente um plug in que utiliza um QR Code para validar os resultados fazendo a checagem com os dados do paciente. Claudio destaca que a TI é fundamental para um laboratório onde o produto final é o laudo. “Eu tenho que garantir, via automação, que o tubo do senho X é o mesmo do começo ao fim do processo.”
As unidades do Grupo utilizam o Laboratory Information System, Sistema de Informação do Laboratório, uma espécie de ERP específico para o setor que capta desde a abertura da ficha do paciente, passa pela identificação do tubo, coloca o resultado diretamente no banco de dados onde são comparados aos índices padrão de normalidade, disponibilizando então o resultado para o cliente, chegando até à cobrança das operadoras de saúde.
Claudio veio com a missão de fortalecer esta plataforma por meio do desenvolvimento de aplicativos que agregassem valor ao sistema principal. Dentro do conceito de “inspirar pessoas a cuidar de pessoas” que move o Sabin, os próximos objetivos da TI passam por prover ao cliente a percepção da transformação digital, facilitando a forma de se relacionarem com o laboratório.
E isso vai acontecer, de acordo com Claudio, por meio da estruturação cada vez melhor do database e o entendimento destes dados para atuar de forma mais diagnóstica e preventiva. Um novo desafio neste processo, na opinião do executivo, é a personalização da maneira que cada cliente seja um paciente único. E reforça que o laboratório precisa ser visto como uma forma de prevenção.
*Stela Lachtermacher é jornalista de TI, com atuação como editora e colunista no Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Editora Abril e diretora editorial na IT Mídia. Hoje tem sua própria empresa, a Candelabro, onde trabalha na produção de conteúdo para todas as plataformas editoriais e participa do Conselho Editorial da Decision Report.