TI como catalisadora dos processos
No mercado de seguros há 25 anos, Wilson Leal, que há pouco mais de um ano está à frente da TI da Seguros Unimed, atingiu recentemente aquilo que muito se propaga na área mais que nem sempre se vê na prática: unir, efetivamente, tecnologia com o negócio. Wilson entrou na empresa como superintendente de TI e hoje ocupa a diretoria executiva de Mercado e Tecnologia, que engloba nada menos do que as áreas de produto, comercial, marketing, inovação e tecnologia.
“O que pensamos no comercial precisa refletir em tecnologia, assim como o que pensamos em produto e nas demais áreas”, afirma. E diz que a estratégia para tecnologia ser protagonista, à frente de ações como aumento de receita e redução de custos, foi percebida internamente como algo importante, resultando em grande mudança de cultura dentro e fora da área.
A Unimed está entre as maiores cooperativas médicas do Brasil, com 341 Unimeds em todo o país, 118 mil médicos e mais de 130 mil colaboradores no total. O próprio Wilson comenta que se surpreendeu com o tamanho do grupo. E a Seguros Unimed é o braço da seguradora, que trabalha não só com seguros de saúde e odontológico, mas também residencial e vida a responsabilidade civil para médicos e clínicas.
Ele diz que um de seus primeiros desafios foi entender a cultura do cooperativismo, algo bem diferente do modelo de outras empresas. Em nossa conversa ele contou que com a nova estrutura, hoje a equipe de TI vive as questões de produto, de vendas e de tudo mais relacionado diretamente ao business. E destaca que foi uma mudança muito grande.
“Tem que mudar a forma de pensar: não mais esperar pela demanda, mas ser o catalizador dos processos”. Wilson disse que a cultura ágil, com a ideia de pequenas entregas no curto prazo, gerou grandes mudanças. “Foi um choque, as pessoas sentiram a diferença e estão respondendo rapidamente. O modelo pegou e a alta direção comprou a ideia”, relata.
Um dos primeiros projetos sob sua gestão foi a consolidação das ferramentas de vendas, lembrando que a venda de seguros é, na maioria das vezes, realizada por meio de parceiros como os corretores. Para os clientes, a área desenvolveu e entregou o superapp -aplicativo com reconhecimento facial onde o segurado pode obter informações sobre seu plano, orientação médica e odontológica, teleconsulta, além de dicas sobre alimentação, exercícios físicos e bem-estar.
Outro projeto já no ar é o Omnichannel, que acompanha a jornada do cliente permitindo que se comunique com a seguradora pelos mais variados canais. E um lançamento recente destacado por Wilson para a área de seguro odontológico é o Tina, plataforma desenvolvida em parceria com a Fapesp e a empresa Infinitti, que faz uso de inteligência artificial e a partir de algumas perguntas sobre a rotina diária do segurado consegue avaliar sua predisposição à cárie.
A Seguros Unimed possui um hub de inovação, o Stormia, e a empresa trabalha na direção de aumentar a frente de inovação aberta, ampliando o contato com startups com a realização de pitches para a solução de problemas internos.
Outro projeto já em andamento, com previsão de conclusão no final deste ano, é a criação de um grande repositório de dados, desenvolvido em conjunto com a AWS, que combina as tecnologias de data warehouse com data lakehouse juntamente com inteligência artificial e machine learning. Este super repositório será a base para novas estratégias da companhia. Wilson define a Seguros Unimed como uma empresa de tecnologia que vende seguros.
*Stela Lachtermacher é jornalista de TI, com atuação como editora e colunista no Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Editora Abril e diretora editorial na IT Mídia. Hoje tem sua própria empresa, a Candelabro, onde trabalha na produção de conteúdo para todas as plataformas editoriais e participa do Conselho Editorial da Decision Report.